quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

“Decamerão”, de Giovanni Boccaccio – Pampineia e seu grupo; opiniões acerca da condição feminina por aquele tempo; os três protetores; início da jornada, primeira instalação e definições sobre a direção do grupo

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/02/decamerao-de-giovanni-boccaccio-o.html antes de ler esta postagem:

As colegas de Pampineia ouviram com muita atenção as palavras que ela proferiu... Apoiaram e aprovaram os seus conselhos... Até demonstraram imediato interesse em iniciar a expedição... Filomena, a mais discreta entre elas, disse que não seria sensato apressar as ações... Ela fez as demais atentarem ao fato de constituírem um grupo feminino e que, sem o auxílio masculino, não prosseguiriam sem grandes dificuldades. Argumentou que todos sabiam que o resultado daquela reunião podia ser traumático, visto que as mulheres são “briguentas, volúveis, desconfiadas, covardes e cheias de medo”... Suas palavras repercutiam as ideias que se disseminavam a respeito da condição social das mulheres. Elisa concordou e disse que sem participação masculina as mulheres não têm possibilidades de se destacar... Argumentou que os homens são “a cabeça das mulheres”, mas lembrou que seria muito difícil conseguir homens que acompanhassem a expedição porque a maior parte dos que o grupo conhecia havia morrido e, além disso, os poucos sobreviventes fugiam do caos provocado pela pestilência... Admitiu que não seria prudente recorrer a estranhos, assim deveriam encontrar o melhor modo de se prepararem para a empreitada.
Enquanto falavam sobre esses assuntos, três moços entraram na igreja. Eram eles Pânfilo, Filóstrato e Dioneio... Eram tipos agradáveis e bem educados que chegavam para buscar suas amadas, que estavam em meio ao grupo. Por isso mesmo não eram desconhecidos ali... Três delas eram os principais motivos de suas chegadas... Ao avistá-los, Pampineia sugeriu às demais que aqueles moços “discretos e cheios de valor” bem poderiam ser os guias do grupo... Neífile, por ser a amada de um dos três, disse que não sabia de nada que os desabonasse e, assim sendo, considerava-os aptos à missão. Todavia advertia sobre o fato de serem enamorados de três das mulheres do grupo e, no caso de seguirem com elas, isso poderia gerar censuras... Filomena foi uma das que não concordou com a amiga e garantiu que a honestidade impediria qualquer peso em suas consciências... Deus e a Verdade fariam a sua defesa contra qualquer infâmia que sofressem... Filomena concluiu dizendo que gostaria mesmo que eles já estivessem prontos a conduzi-las a partir daquele momento. As demais ouviram e aprovaram essas palavras.
Pampineia tinha vínculos parentescos com um dos moços... Ela chegou até eles e contou-lhes as intenções do grupo... Em nome das demais, pediu-lhes que as acompanhassem com espírito de fraternidade. A princípio imaginaram que a proposta fosse uma zombaria, mas logo notaram a seriedade da proposta e se dispuseram e partir com elas... Esclareceram sobre o que precisavam para iniciar a expedição e marcaram reencontro para a manhã do dia seguinte.
Então, na quarta-feira bem cedo, as mulheres acompanhadas de algumas criadas seguiram os três rapazes, que contavam com três serviçais... Deixaram a cidade ao raiar do sol e, após duas milhas de caminhada, reuniram-se em um sítio previamente acertado na véspera (uma montanha de modesta altitude). Ali encontraram um palácio com belo e amplo pátio. A redondeza arborizada combinava com o palácio composto por balcões, salas e quartos... Todos os seus ambientes eram bonitos e decorados com valiosas pinturas; em seu entorno havia jardins e poços com água fresca... Apreciadores de bons vinhos não teriam do que reclamar ali, pois as adegas estavam bem abastecidas. Os cômodos estavam limpos, arrumados e enfeitados com vasos de flores.
O jovem Dioneio manifestou o seu encantamento e disse que havia abandonado as suas preocupações no mesmo instante em que deixara a cidade... Disse que esperava que as mulheres também tivessem feito o mesmo... Esperava que as amigas se dispusessem a cantar com ele. Pampineia gostou do que ouviu e falou que os reunidos deviam doravante viver festivamente.
Reconhecendo a sua responsabilidade sobre o grupo, Pampineia proferiu algumas palavras sobre como ele deveria se organizar... Sugeriu que todos deveriam obedecer e respeitar um chefe, sobre o qual recairiam as responsabilidades para que os demais pudessem viver com prazer... Todos experimentariam a condição de liderar o grupo. Explicou que o primeiro a exercer a chefia seria alguém escolhido pelos demais integrantes, mas os demais “reinados” seriam definidos de outra forma.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/03/decamerao-de-giovanni-boccaccio.html
Leia: Decamerão. Editora Abril.
Um abraço,
Prof.Gilberto

Páginas