Há que se levar em conta, no mínimo, que a biografia de Pedro I elaborada por Otávio Tarquínio de Sousa (José Olympio, 1952) é produção completa... Seus três volumes são referência quando o assunto é Primeiro Reinado (1822-1831) e a vida do imperador... Lustosa leva em consideração o fato de biografias posteriores terem o mérito de apresentar “novos olhares” em relação aos personagens e sobre os posicionamentos que tomaram nos contextos em que foram atores... O trabalho de pesquisa de Carlos Oberacker, que resultou em biografia de dona Leopoldina (Conselho Federal de Cultura, 1973), constitui-se no que podemos chamar de “maior volume já elaborado a respeito da primeira esposa de Pedro I”... Sobre dona Amélia não há muito material disponível, sobretudo porque, a respeito de sua vida, pouco se escreveu... É claro que o fato de ter permanecido no Brasil por breve período (1829-1831) explica os poucos testemunhos ao seu respeito. Há uma importante biografia dela, escrita por Maria Junqueira Schmidt, publicada em 1927.
Sobre dona Leopoldina:

Para muitos a agressão de Pedro I teria provocado o aborto de a esposa sofreu, pois esta teria recebido um chute no ventre... Mas a relação entre os dois episódios (agressão de 20/11/1826; aborto em 1-2/12/1826) aparece descartada no texto porque ocorreram em ocasiões bem separadas pelo tempo...
O fim do Primeiro Reinado foi marcado por muitas crises e críticas ao monarca. Muitos comentavam sobre o seu comportamento em relação à esposa real, que era prestigiada por grande parte da população... Falava-se que ele a maltratava com agressões de violência extremada... Após a abdicação (7 de abril de 1831) os rumores cresceram ainda mais.
Muitos boatos davam conta da infidelidade e agressividade de Pedro I em relação à dona Leopoldina... Por esses e outros motivos (destacados em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2011/04/consideracoes-sobre-princesa-leopoldina.html) a esposa real entrou em terrível depressão... O monarca sabia que essa situação era de peso político muito negativo para a sua imagem. E é por isso que ele insistiu em exibir a esposa em ambientes onde também estivesse presente Domitila de Castro, sua amante. Dos golpes que Leopoldina sofreu do imperador, o mais comentado teria ocorrido em 20 de novembro de 1826 (vésperas da partida de Pedro I para a Cisplatina, onde tropas brasileiras combatiam a iniciativa emancipacionista; essa guerra resultou na independência do Uruguai em 1828).
Então, nessa ocasião do dia 20 de novembro, cerimônia em que os súditos compareciam para o “beija-mão” (do imperador), Pedro I queria que todos vissem as duas em sua companhia para mostrar que não havia “desentendimentos reais”... Mas testemunhas contam que o casal discutiu em alto volume, despertando a atenção dos que aguardavam na antecâmara... Conta-se que Leopoldina, que não queria permanecer na mesma sala com Domitila de Castro, teria sido jogada (ou se atirado) ao chão e sofrido o pontapé no ventre.
O comerciante inglês, John Armitage (que viveu na capital nos anos 1820-1830) registrou em seu História do Brasil que uma “entrevista” do monarca com a imperatriz resultou em desentendimento e até “pancadas reais”. E também o soldado Carl Seidl (alemão que lutou na Guerra da Cisplatina) afirmava que, depois da morte dela, muito se falou do nervosismo de Pedro I que, “em momento de cólera maltratara gravemente sua esposa em adiantada gravidez”, que “lhe dera pontapés”, e que essas agressões extremadas teriam sido a causa da morte de Leopoldina (11 de dezembro de 1826).
É fato que a fama de agressivo do imperador chegou à Europa... O diplomata francês, Gabriac, noticiou em sua correspondência as contusões que Leopoldina apresentava após a partida de Pedro I para a guerra no sul... Sem dúvida isso foi motivo para que pelo menos 16 princesas se recusassem a aceitá-lo como esposo logo que se tornou viúvo.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/02/consideracoes-partir-do-texto-de-isabel_27.html
Um abraço,
Prof.Gilberto