sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

A incrível história de Giovanni de Agostini, que peregrinou pelo continente americano e teve seguidores até o fim de seus dias – Segunda Parte

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/02/a-incrivel-historia-de-giovanni-de.html antes de ler esta postagem:

João Maria de Agostini foi admirado também por figuras ilustres. Todos notaram a sua diferenciada formação cultural, conhecimento teológico e do Evangelho... Comunicava-se em português e dominava latim e o francês. O monge de beatos aspectos foi muito elogiado por Joaquim Gomes de Oliveira e Paiva, padre e deputado em Santa Catarina. Após encontro com o monge na ilha do Arvoredo em fevereiro de 1849, Paiva declarou que o monge era “digno de admiração e respeito por sua conduta religiosa e vida solitária como a dos primeiros cristãos da História.
Em 1852 o monge seguiu para o Paraguai e de lá para outras paragens. Mas o período em que esteve em terras brasileiras foi tão significativo que, durante muito tempo, falou-se sobre João Maria e seus feitos... Houve quem se inspirasse nele e adotasse a peregrinação religiosa como modo de vida. Registram-se pelo menos três “monges peregrinos” que, ao longo da segunda metade do século XIX, percorreram o sul do Brasil e também ficaram conhecidos como João Maria... Não faltaram aqueles que aguardaram com ansiedade o retorno do homem das “águas santas”.
Agostini permaneceu por algum tempo em Monte Palma (que por aquele tempo pertencia ao território paraguaio, na região das missões jesuíticas, e que, após a Guerra do Paraguai, tornou-se parte da província argentina de Misiones, localidade que mais tarde ficou conhecida como “Cerro Del Monje”)... Passou-se mais ou menos um ano e ele foi visto em Buenos Aires... Algum tempo depois atravessou os Andes e até 1856 permaneceu no Chile. De 1857 a 1861 percorreu e se instalou por determinados períodos na Bolívia, Peru, México, Cuba e Canadá... A presença do monge nessas localidades despertou a fé de grande número de fiéis. As autoridades, em tempos de consolidação da autonomia nacional, viam com muita desconfiança o perambular do religioso estrangeiro, desconfiavam de suas intenções e não viam com “bons olhos” o fato de ele atrair grandes contingentes...
Em 1861, depois de passar pelo Canadá, percorreu quase 1000 quilômetros a pé em direção às terras do Novo México... Vivia isolado em montanhas e continuava a atrair muitos seguidores... Em 1867 decidiu se instalar numa gruta próxima à Vila de Las Cruces. Os moradores da localidade o alertaram sobre os perigos que sua vida corria ali devido ao grande número de índios hostis das cercanias. João Maria já contava mais de sessenta anos, mas permanecia resoluto em sua opção asceta e disse, conforme citado à página 25 (da edição 85 - outubro de 2012 - da Revista de História da Biblioteca Nacional), que acenderia uma fogueira todas as sextas-feiras... Assim, ao longe, saberiam que ele continuava vivo e a orar por todos... Durante dois anos foi isso o que ocorreu... Eventualmente descia à vila para catequizar, tratar dos doentes e evangelizar.
Numa sexta-feira de abril de 1869 o povoado notou que nenhuma fogueira se acendeu. E foi assim que todos souberam que o monge João Maria havia sido misteriosamente assassinado.
O crime jamais foi desvendado... Entre passaportes, cartas de recomendações e folhas contendo suas memórias, encontraram uma fotografia de 1867 tirada em Santa Fé (reproduzida na postagem anterior), nela o beato aparece com o manto, o hábito religioso e a Bíblia... As características do retratado confirmam as descrições do “Frei João Maria d’Agostinho” contidas no Livro de Registros de Estrangeiros da cidade de Sorocaba (com data de 24 de dezembro de 1844) que faziam referência ao fato de o registrado não possuir três dedos da mão esquerda.
O monge foi sepultado no cemitério de Mesilla, sul do Novo México... Uma nota ao final do texto revela que o sobrenome Justiniani está gravado na pedra, indicando que seus últimos interlocutores deram crédito à história contata por Agostini acerca de sua descendência do imperador romano Justiniano... Karsburg encerra afirmando que o local, longe da veneração e tumulto, é como que “um prêmio tardio para quem sempre perseguiu a perfeita solidão”.
A ilustração dessa página é creditada a João Teófilo e foi extraída de http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/assim-caminhou-joao-maria (22/02/2013; 18:00)
Um abraço,
Prof.Gilberto

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