A História da Colonização no Brasil também foi
marcada pela atuação do Santo Ofício que, por aqui, tratou de perseguir e
condenar os chamados “cristãos novos”. Esse assunto está ganhando novos
esclarecimentos a partir da pesquisa do historiador Angelo Assis, da
Universidade de Viçosa (MG).
Ele concedeu entrevista a
Marlúcio Luna, da Revista História Viva
(nº 112), em que explana sobre a temática do seu Macabeias da colônia - Criptojudaísmo
feminino na Bahia, Alameda Editorial.
Do que foi conversado
registrado, podemos destacar:
Durante a Idade Média a Inquisição combatia as heresias que surgiam no
seio da própria Igreja Católica. No Período seguinte, por algum tempo (séculos XVI e XVII), sua ação
foi maior devido ao movimento protestante.
A “Inquisição Moderna” teve início
na Espanha em 1478. Em Portugal, os tribunais foram instalados em 1536.
Enquanto na Espanha a perseguição focava principalmente as mulheres suspeitas
de “pacto com o demônio” e outras bruxarias, em Portugal, o Santo Ofício
investigava os “cristãos novos”, que eram judeus que se convertiam ao
catolicismo devido à perseguição religiosa que sofriam.
Até fins do século XV, os
judeus vivenciavam uma condição de liberdade de culto na Península Ibérica... Em
1492 eles foram expulsos da Espanha. Este país que havia se unificado a partir
do casamento dos reis católicos, Fernando de Aragão e de Isabel de Castela,
iniciou a perseguição àqueles que representavam ameaça à hegemonia católica
romana... O Decreto de Alhambra determinou a expulsão de todos os judeus
daquele país... Eles deveriam deixar a Espanha no curto prazo de quatro meses.
Então aconteceu que a maioria deles decidiu se transferir para o país
vizinho... Os judeus chegaram a contar 15% da população que contava um milhão
de habitantes em Portugal.
Mas a situação em Portugal também se complicou para os judeus a
partir do momento em que Dom Manuel (o Venturoso) acertou seu casamento com a
filha (também chamada Isabel) dos reis espanhóis... Uma das imposições foi a
expulsão dos judeus de Portugal. Então, ao final de 1496, o rei
português decretou o prazo de dez meses para que os judeus se retirassem do
país... Mas, evidentemente levando em consideração a importância hebraica para
o dinamismo econômico e social da nação, os judeus receberam alguns estímulos
para se converterem ao catolicismo e permanecerem no país... Temos de considerar
aí a mão de obra e os recursos financeiros da burguesia judaica (homens
letrados, médicos, poliglotas, navegadores...).
Entre os benefícios destacam-se cargos públicos, isenção de impostos, garantia ao direito de
herança aos convertidos... O entrevistado destaca que, ao mesmo tempo em que se
criavam incentivos, também reforçavam-se os instrumentos de intimidação psicológica àqueles
que manifestassem vacilo na decisão de se converter... Entre as ações de
pressão aos judeus estava o "confisco" de suas crianças para a adoção por famílias
católicas... Não foram poucos os casos das mães judias que preferiram o “abraço
mortal” nos próprios filhos (sem duvida, uma forma desesperada e extrema de
resistência à perda de suas crianças).
Praticamente
um ano depois (outubro de 1497), Dom Manuel fez com que vários sacerdotes se
reunissem no porto de Lisboa, onde se encontravam famílias judias prontas para
deixarem o país... Os padres receberam a tarefa de batizar compulsoriamente a
todos os que ali se encontravam... Aquele contingente ficou conhecido como “os
batizados em pé”... Tudo muito rápido e sem possibilidades de contra-argumentações... O rei
proibiu o judaísmo em Portugal e, com aquele ato, decretou que os habitantes do
reino eram todos católicos.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/02/tribunais-do-santo-oficio-em-portugal.html
Um abraço,
Prof.Gilberto