domingo, 3 de julho de 2011

“A Mulher sem Alma”, Considerações sobre o capítulo VI de “Idade Média, o que não nos ensinaram”, de Régine Pernoud – Segunda Parte

 Antes de ler esta postagem é interessante acessar http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/07/mulher-sem-alma-consideracoes-sobre-o.html.


Apesar da grande quantidade de críticas que se produziu contra a Igreja Católica e o seu poder nos períodos Medieval e Moderno, ela foi uma força que muito lutou contra as “uniões forçadas”. A livre escolha do esposo nos diversos países do mundo foi também uma das conseqüências da difusão do Cristianismo por toda a parte. A verdade é que a Instituição Católica sempre reconheceu a importância da mulher. Nunca lhe foram negados os Sacramentos do Batismo, da Confissão e da Eucaristia. Os primeiros mártires honrados como santos foram mulheres, e não homens. Além disso, no Período da Idade Média, há vários exercícios do poder por mulheres. Foram abadessas, verdadeiras senhoras feudais (pois controlavam os territórios e recebiam obrigações feudais), administradoras de cidades inteiras. Eram “mulheres extremamente instruídas, que poderiam rivalizar, em sabedoria, com os monges mais letrados do tempo”. Algumas abadessas detinham tal grau de instrução que lhes era possível ensinar a suas noviças o grego e o hebraico.

O texto cita alguns exemplos de mulheres que vivenciaram muito poder na Igreja Católica da Idade Média. É o caso da abadessa Heloísa, superiora do mosteiro de Paraclet; o da abadessa Hrotsvitha, que muito contribuiu para o desenvolvimento literário nos países germânicos com manuscritos de comédias, encenações (tradição escolar) no trabalho de instrução às crianças; a abadessa Herrade de Landsberg se destaca por ser a autora da mais conhecida enciclopédia daqueles tempos, a “Hortus Deliciarum”. Não foram poucos os casos de “promoção” de mulheres no meio religioso, uma vez que seus conhecimentos eram reconhecidamente valiosos.

Desde os primeiros mosteiros (e o santo dos estudiosos – São Jerônimo – tem muito a ver com isso) esses ambientes tornaram-se lugares não só de oração, “mas, também, de ciência religiosa, de exegese, de erudição”... “As religiosas são moças instruídas”.  Para derrubar definitivamente a ideia de que “mulher não tinha vez na Igreja Católica”, Pernoud relata algo surpreendente: Em pleno século XII, em Fontevrault (imagem abaixo), foram organizados por Robert d’ Arbussel dois conventos (um para homens e outro para mulheres). Quem primeiro dirigiu a Ordem de Fontevrault foi ninguém menos que uma jovem de apenas 22 anos (Petronila de Chemillé), viúva, portanto, com experiência na “vida de casados”.


Ao fim do século XIII, porém, o panorama é completamente alterado. Sem dúvidas o papa Bonifácio VIII contribuiu para a mudança. Adotou uma extrema rigidez em relação às monjas cartuxas e cistercienses (1298). A partir de então houve um verdadeiro “desligamento” das religiosas em relação ao mundo. O limite das religiosas passou a ser o da clausura. Na História da Igreja há alguns exemplos de resistência a esse “confinamento” (o texto cita o das irmãs Visitadoras). Já entre os homens novas Ordens “abertas para o mundo” foram fundadas (o caso da Companhia de Jesus). Podemos depreender, então, que após a Idade Média, a mulher (tanto nas Instituições Religiosas, quanto na sociedade civil) perdeu tudo o que lhe conferia poder, independência e liberdade; as universidades passam a admitir apenas homens e os conventos deixam de ser centros de estudo, de saber e, inclusive, centros de oração.


Há uma terceira parte...
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2011/07/mulher-sem-alma-consideracoes-sobre-o_05.html
Leia: Idade Média, o que não nos ensinaram. Editora Agir.

Um abraço,
Prof.Gilberto

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