Fix falou de sua certeza sobre a presença do homem que havia roubado o Bank of England entre os passageiros do Mongólia... Comentou sobre as informações que ele mesmo conferira no passaporte.
O cônsul respondeu que não se incomodaria de ficar de frente com o tal patife... Todavia desconfiava que, se o homem fosse mesmo o tal ladrão, ele nem apareceria porque esses tipos evitam “deixar rastros”. E acrescentou que, como os passaportes nem eram mais obrigatórios, dificilmente ele se daria ao trabalho.
O policial sustentou que se o ladrão fosse mesmo inteligente como dava a entender, certamente solicitaria o visto... Argumentou ainda que os passaportes “atrapalhavam as pessoas de bem e facilitavam a fuga dos sem-vergonha”.
Sua ideia era a de que o cônsul não desse o visto... Isso evitaria a continuação da fuga e possibilitaria que o mandado de prisão chegasse da metrópole alcançando-o em Suez.
O cônsul sentenciou que não teria como se recusar a dar o visto se tudo estivesse em ordem com a documentação. Em relação ao mandado, deixou claro que o problema era todo do policial.
Este diálogo não teve prosseguimento porque logo Phileas Fogg e Passepartout foram trazidos pelo funcionário do representante consular.
(...)
O cônsul leu as informações contidas no passaporte...
Fix permaneceu em silêncio e não podia acreditar na chance que parecia
esvair-se.
O cônsul fez perguntas a respeito de onde haviam partido e para onde
pretendiam viajar... Fogg explicou que Passepartout era seu empregado e que iam
para Bombaim. Disse que sabia que os vistos não eram mais exigidos, mas fazia
questão de comprovar a sua passagem por Suez.
Então o cônsul assinou, datou e carimbou o documento... Fogg pagou a
taxa devida, despediu-se e se retirou da sala acompanhado por Passepartout.
(...)
Fix quis saber a opinião do cônsul a respeito do homem que acabara de
deixar o recinto.
Para o diplomata, não havia nada que o desabonasse... Aparentemente
tratava-se de um homem honesto.
O policial argumentou que
aquilo não vinha ao caso... Para ele, o mais importante era que as
características de Fogg batiam com as informações enviadas desde Londres.
Definitivamente os dois não
pensavam do mesmo modo. Fix mantinha-se convicto e deixou a sala dizendo que
aquele que se apresentava como empregado parecia “menos indecifrável” do que o
suspeito... Além disso, por ser francês, não conseguiria guardar segredo por
muito tempo.
(...)
Depois de terem saído
do consulado, Fogg encarregou Passepartout de algumas tarefas e retornou para o
Mongólia.
Já em sua cabine, conferiu sua caderneta na qual organizara o itinerário
de viagem... Colunas estavam dispostas de modo a receberem registros a respeito
das chegadas e partidas das várias localidades, com as datas e horários. Os registros
minuciosos permitiam avaliar se estava adiantado ou atrasado.
Graças à caderneta, sabemos
que sua chegada a Paris ocorreu no dia 3 de outubro pela manhã... Na manhã do
dia seguinte alcançou Turim... Na tarde de 5 de outubro chegou a Brindisi e, como
foi mencionado anteriormente, em pouco tempo embarcou no Mongólia.
O registro mais recente, portanto, era o da chegada em
Suez: 9 de outubro às 11:00.
A planilha apresentava as cidades pelas quais devia passar em datas
previstas: Paris, Brindisi, Suez, Bombaim, Calcutá, Cingapura, Hong Kong,
Yokohama, San Francisco, Nova York, Liverpool e Londres (chegada em 21 de
dezembro).
Pelo menos até o momento
não ganhara ou perdera tempo durante a viagem.
Satisfeito, pediu que lhe servissem o almoço.
*
Postagens
dessa sequência são parceria de Mariana & Gilberto
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Leia: A Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção
“Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto