domingo, 15 de maio de 2016

Filme – Nise - O Coração da Loucura – Terceira Parte – correspondência com Jung; o grupo e suas expedições a parques; o “modo de ser” de cada um deve ser respeitado; exposição e o incentivo de Mário Pedrosa; um pouco sobre o talentoso Emygdio de Barros

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2016/05/filme-nise-o-coracao-da-loucura-segunda.html antes de ler esta postagem:

“Nise – O Coração da Loucura” tem o mérito de fazer a merecida homenagem à doutora Nise da Silveira e aos artistas que criaram obras que fazem parte do acervo do Museu de Imagens do Inconsciente (o Museu de Engenho de Dentro que Nise fundou em 1952).
De fato, a ousadia da doutora representou um “divisor de águas” no tratamento das pessoas “mentalmente alienadas”... O filme destaca isso sem deixar de mencionar os seus vários colaboradores.
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As dificuldades do início foram superadas... Os resultados positivos surgiram...
Não havia como negar que, graças ao processo iniciado, os diversos doentes estavam reproduzindo (em telas, argila e gesso) imagens que revelavam desejos, aflições e diversos dramas...
A terapia contribuiu significativamente para uma melhor compreensão a respeito da identidade de cada um e, a partir disso, tratamentos específicos podiam ser encaminhados...
Todavia alguns doutores insistiam em criticar o trabalho conduzido por Nise. Em tom provocativo perguntaram-lhe quantos pacientes (veremos que não era assim que ela os tratava) envolvidos no programa estavam realmente reabilitados.
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Nise trocou importante correspondência com o psicoterapeuta suíço, discípulo de Freud, Carl Gustav Jung... Ela mandava notícias a respeito do “ateliê onde doentes desenham e pintam com a mais completa liberdade”...
Jung a incentivou a continuar o trabalho e a participar de exposições com as obras que revelavam as “visões do inconsciente”.
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A doutora colocou o seu pessoal em contato com ambientes exteriores. O episódio em que orientou a todos para que se vestissem o que bem entendessem para o passeio ao parque é emblemático... Em ocasiões dessa natureza a descontração devia mesmo ser geral...
A cena que destaca a experiência sugere algumas conclusões a respeito do comportamento dos pacientes artistas. O affair entre Adelina e Fernando Diniz pode não ter ocorrido na realidade, mas nos leva a refletir sobre os erros alimentados a respeito das experiências afetivas e aspirações sexuais dos taxados como “mentalmente alienados”.
O episódio registrado no filme também evidencia os conflitos interiores de Otávio Inácio (interpretado por Flavio Bauraqui)... O rapaz insistiu em vestir-se de mulher mesmo sendo molestado por Lima... Sabe-se que a arte que ele produziu nos revela um pouco da dubiedade masculino/feminino.
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O mesmo Almir (que incentivou Nise a organizar o ateliê) propôs a “exposição interna”... Tudo muito bem organizado por artista e com os trabalhos posicionados de acordo com o cronologicamente desenvolvido por cada um... Mandalas, paisagens e os diversos temas... Telas, madeiras, papéis, esculturas...
O principal crítico de arte da época, Mário Pedrosa (interpretado por Charles Fricks) visitou a exposição e não escondeu todo o seu encantamento pelo que viu.
O evento possibilitou o reencontro de familiares... E assim conhecemos um pouco da história de Emygdio de Barros (vivido por Claudio Jaborandy). De fato, esse artista teve passagem pela Marinha, onde prestara serviços também como torneiro mecânico. Sem dúvida o seu talento foi determinante e os superiores o indicaram para curso de aperfeiçoamento na França. Porém, depois de retornar ao Brasil após dois anos, tornou-se solitário e taciturno...
Chegou ao “Engenho de Dentro” no começo de 1944... Só depois de três anos é que integrou o grupo dirigido pela doutora... Ao que tudo indica seu primeiro contato com as ferramentas de pintura ocorreu no setor de terapia ocupacional... Sua obra era tão significativa que o próprio Mário Pedrosa não deixou de visitá-lo e fornecer-lhe material de pintura por muito tempo.
O filme não apresenta esses detalhes... Mas o notamos sempre silencioso, inclusive quando o irmão e a cunhada o visitam... O enredo (Flavia Castro e Mauricio Lissovsky) colocou Nise descobrindo que o talentoso pintor era amargurado também pelo triângulo do qual fazia parte com aqueles parentes.
Indicação (12 anos)
Um abraço,
Prof.Gilberto

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