quinta-feira, 14 de abril de 2011

Considerações sobre “Nominadores e genitores: um aspecto do dualismo krahó” – um texto de Júlio C. Melatti

Por hoje estou deixando algumas considerações sobre um texto extraído de Leituras de Etnologia Brasileira, de Egon Schaden.

O texto é interessante porque pode nos levar a tratar das questões indígenas com os nossos alunos a partir de uma realidade mais concreta. É um daqueles textos que nos levam a refletir sobre o “modo de ser” do outro, conhecê-lo e respeitá-lo... A leitura nos convida a enxergarmos os povos indígenas como sujeitos de sua própria existência. Além de ajudar-nos a pensar sobre o nosso próprio “modo de ser”.

As considerações a seguir são sobre Nascimento e primeiros anos de vida de uma criança Krahó.

Os krahó são um dos vários povos indígenas que vivem em território brasileiro, eles estão situados no estado de Tocantins. Os krahó acreditam que toda criança, ao nascer, é o resultado de várias substâncias que os seus genitores ingeriram. Todo homem que tiver relação sexual com uma mulher krahó grávida acaba participando da formação do filho que ela tem no ventre. Depois que a criança krahó nasce, a mulher e os homens que participaram de sua concepção não podem comer carne, fumar, ter relações sexuais ou falar em voz alta. Só podem comer batata doce, inhame, milho branco e coco. Aos poucos as proibições vão sendo suspensas.

Entre os krahó os genitores não podem, durante os sete primeiros anos de vida da criança, matar cobras. Eles acreditam que se não respeitarem a esses tabus, tanto os genitores quanto a criança podem sofrer conseqüências. A isso podemos chamar de “unidade biológica”.

Existem algumas regras para que a criança krahó receba o seu nome. De acordo com o nome pessoal dela, ela vai passar a desempenhar, no futuro, papéis específicos nos rituais de sua aldeia. Os krahó, como os demais povos indígenas, não possuem escrita, porém as crianças acabam se integrando à sociedade porque aprendem a história e os valores morais de seu povo transmitidos pelos mais velhos. A isso podemos chamar “sociedade oral”.
Leia: Leituras de Etnologia Brasileira. Companhia Editora Nacional.

Um abraço,
Prof.Gilberto

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