terça-feira, 30 de setembro de 2014

“Androides sonham com ovelhas elétricas?”, de Philip K. Dick – exausto e ferido, J.R. Isidore termina a sua sessão de empatia; o decadente prédio parece ter um novo morador e J.R. quer contatá-lo; Deckard passa por um grande pet shop e constata que está muito difícil comprar um animal verdadeiro

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/09/androides-sonham-com-ovelhas-eletricas_29.html antes de ler esta postagem:

De fato, tudo muito confuso...
Estamos nos referindo à experiência de fusão de Isidore com Mercer...
Aqueles animais todos (no submundo para onde Mercer foi levado) podem ser entendidos como as criaturas extintas durante a guerra terminus? Pelo menos por essa experiência os fiéis haviam passado...
Em seu retorno à superfície, Mercer deixou-os (os “animais ressuscitados”) para trás...
De fato, tudo muito confuso...
Aquele devaneio só pode ser entendido como resultado da fusão... Enquanto segurava firmemente os manetes, aquelas sensações perduraram... Elas tinham a ver também com a consciência dos outros que participavam da “jornada merceriana”...
Apesar da dor física (seu braço sangrava), relutava em largar os manetes. Mas o fim da sessão sempre ocorria... E não foi diferente dessa vez.
(...)
É claro... Realmente o braço de Isidore sangrava...
Aquele não era o primeiro e também não seria o último ferimento contraído numa fusão com Mercer... Mas ele sabia que a situação se tornava cada vez mais perigosa. Não eram poucos os casos de pessoas, principalmente as mais idosas, que acabavam morrendo após ataques cardíacos durante as sessões...
J.R. pensou que talvez fosse melhor iniciar a empatia e fusão com Mercer em locais mais habitados, pois era certo que neles havia pelo menos um médico apto a operar “aparelho de eletrofagulhas”. 
(...)
Enquanto limpava o sangue que escorria de seu braço, Isidore ouviu um “abafado e distante” som de televisão... Como não se tratava do aparelho em seu apartamento, entendeu que aquilo só podia ser resultado da presença de alguém que havia resolvido se instalar no prédio... Algum dos andares mais abaixo devia estar sendo ocupado... E isso significava que Isidore não mais estava sozinho na imensidão do prédio decadente.
O “cabeça de galinha” se tornou eufórico e pensou que deveria entrar em contato imediatamente... O que fazer para se aproximar do desconhecido? Como será que as pessoas procediam em ocasiões como aquela em tempos anteriores à catástrofe?
Isidore resolveu que escolheria alguma coisa em sua geladeira (capenga e sem refrigeração) para dá-la ao novo morador... Isso seria um gesto de muita camaradagem... Mas o que poderia levar? Pensou nas “imitações” de farinha, leite, ovos...
Decidiu-se por um tablete de margarina... Desceu a escadaria imaginando que devia se mostrar calmo para que o outro não percebesse que ele era um “cabeça de galinha”... Qualquer desconfiança nesse sentido certamente significaria bloqueio à amizade.

(...)

Depois de sua conversa com o vizinho Barbour a respeito da égua e do potrinho que nasceria em breve, Rick Deckard se dirigiu ao trabalho... No caminho para o Palácio de Justiça pôde contemplar exemplares expostos na fachada de uma das maiores lojas especializadas em “animais reais”... Ele notou que muitos outros que também trafegavam estavam curiosos... Viu que a grande atração do momento parecia ser uma avestruz posicionada numa grande vitrine... A ave trazida de Cleveland apresentava uma etiqueta com valor que arrefecia qualquer empolgação...
Ao perceber que não seria daquela vez que compraria um belo “animal natural”, seguiu para o seu ofício.
Leia: Androides sonham com ovelhas elétricas? Editora Aleph.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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