quinta-feira, 24 de maio de 2012

Tempo de Esperas, de Fábio de Melo (PE.) - filosofia x jardinagem

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/05/tempo-de-esperas-de-fabio-de-melo-pe_20.html antes de ler esta postagem:

Alfredo concordou que o envio do texto ainda por ser lançado devia mesmo ficar para o futuro... Confessou-se envergonhado ao recordar que sequer havia feito uma revisão da carta que mandara, e de não ter levado em consideração o fato de nem pertencer aos círculos de mais próximos da vivência do renomado professor... Depois entrou em detalhes sobre o modo como conheceu Clara, que foi descrita como se “saída da literatura universal” fosse: olhos veres, pele clara... Contou que se conheceram em uma livraria, quando procuravam por um mesmo livro, logo alcançado ao mesmo tempo pelas mãos de ambos no mesmo instante. Para Alfredo, tratou-se de “amor à primeira vista”.
Então o livro e o seu conteúdo deram início às conversas. Logo estavam se encontrando com regularidade. A Alfredo, Clara nada revelava sobre sua família ou passado... Este, por sua vez, queria conquistá-la por sua avidez em ocupar um lugar de destaque no mundo acadêmico, assim, revelava tudo de si... Propôs à moça uma rotina de estudos e iniciaram a leitura dos clássicos da Filosofia grega a partir de O Banquete, de Platão... Mal iniciaram a lógica de Aristóteles e Clara partiu. O cotidiano marcado pela troca de ideias parou por aí. Foi o professor Lamartine (de quem Clara era amiga) que comunicou Alfredo sobre o bilhete deixado por ela (em síntese: “não nos encontraremos mais”). Foi Lamartine quem revelou que Clara o havia trocado por um vendedor de flores de nome desconhecido... Já sabemos o quanto isso deixou Alfredo frustrado... Ele ressalta que tudo tornou-se mais doloroso porque, no momento em que estava para concordar com a mãe (que desde a infância dizia-lhe que “só o amor é capaz de mudar as pessoas”), tudo se desmoronava. Alfredo perguntava ao professor se “há uma verdade superior, filosófica que poderia socorrê-lo”. O sentimento era demais destruidor.
Abner respondeu a Alfredo que ele estava em uma situação complicada porque enveredava os caminhos da Filosofia, enquanto o outro lidava com a Jardinagem, uma arte mais antiga, de ciência e sabedoria diferenciada (do semear, cuidar e colher flores). Enquanto a Filosofia lida com situações complexas, a Jardinagem prima pela simplicidade... Na Filosofia, questionamentos e buscas de respostas; na Jardinagem o mistério da vida se mantém ao mesmo tempo em que ela se revela constantemente. O jardim é “lugar de contemplação” e do “descanso do pensamento”.
Abner afirma que a alma “grita” reivindicando silêncio, pelo cessar das perguntas e busca de respostas. Há aí uma diferença entre inteligência e sabedoria... A contemplação é “território” da sabedoria... Ela minimiza  as ansiedades que afetam a nossa disposição e humor. Abner sugere que, em vez de “combater o inimigo”, Alfredo conheça as táticas dele, conheça “para onde a jardinagem pode nos levar”.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/06/tempo-de-esperas-de-fabio-de-melo-pe.html
Leia: Tempo de Esperas. Editora Planeta.

Um abraço,
Prof.Gilberto

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