Alfredo concordou que o envio do texto ainda por ser lançado devia mesmo ficar para o futuro... Confessou-se envergonhado ao recordar que sequer havia feito uma revisão da carta que mandara, e de não ter levado em consideração o fato de nem pertencer aos círculos de mais próximos da vivência do renomado professor... Depois entrou em detalhes sobre o modo como conheceu Clara, que foi descrita como se “saída da literatura universal” fosse: olhos veres, pele clara... Contou que se conheceram em uma livraria, quando procuravam por um mesmo livro, logo alcançado ao mesmo tempo pelas mãos de ambos no mesmo instante. Para Alfredo, tratou-se de “amor à primeira vista”.

Abner respondeu a Alfredo que ele estava em uma situação complicada porque enveredava os caminhos da Filosofia, enquanto o outro lidava com a Jardinagem, uma arte mais antiga, de ciência e sabedoria diferenciada (do semear, cuidar e colher flores). Enquanto a Filosofia lida com situações complexas, a Jardinagem prima pela simplicidade... Na Filosofia, questionamentos e buscas de respostas; na Jardinagem o mistério da vida se mantém ao mesmo tempo em que ela se revela constantemente. O jardim é “lugar de contemplação” e do “descanso do pensamento”.
Abner afirma que a alma “grita” reivindicando silêncio, pelo cessar das perguntas e busca de respostas. Há aí uma diferença entre inteligência e sabedoria... A contemplação é “território” da sabedoria... Ela minimiza as ansiedades que afetam a nossa disposição e humor. Abner sugere que, em vez de “combater o inimigo”, Alfredo conheça as táticas dele, conheça “para onde a jardinagem pode nos levar”.
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Leia: Tempo de Esperas. Editora Planeta.
Um abraço,
Prof.Gilberto