Talvez
seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/01/filme-o-artista-consideracoes-iniciais.html antes de ler esta postagem:
Na sequência assistimos a escalada de sucesso de
Peppy Miller ao mesmo tempo em que notamos a decadência de Valentin. A moça
assinou um promissor contrato com o estúdio... Ele foi chamado a reconhecer que
precisava se adaptar às mudanças e que a novidade do cinema falado não podia
ser desprezada... Enquanto Miller galgava posições de maior destaque nas
produções faladas, Valentin teimava em não aceitar a sonoplastia como
realidade, desvinculou-se do estúdio e criou uma produtora para dirigir os
próprios filmes e continuar atuando...
Sua experiência garante uma
produção à altura de seu talento, mas as cenas seguem impressionando ao
revelarem a situação de nosso protagonista... Nelas o vemos enfrentando os
perigos de uma floresta e ser perseguido por canibais... O final dramático é
marcado pelo seu desaparecimento na areia movediça, e nem mesmo o seu fiel
cãozinho conseguiu salvá-lo... Para o desespero da mocinha do filme, ele revela
antes de sucumbir que nunca a amara...
A sala em que o filme de
Valentin estreou permaneceu esvaziada, enquanto que o filme estrelado por Peppy
Miller era concorrido por verdadeira multidão... Mas entre os que assistiram ao "fracasso de bilheteria" estava a atriz que, àquela altura, tornara-se uma
celebridade... Vemos que a moça nutria grande amor por Valentin... Vemos que
todos notavam que os tempos eram outros, Valentin representava o passado, Peppy
e os mais jovens representavam o futuro...
O ousado empreendimento de Valentin levou-o à bancarrota. Para completar
sua amargura, Doris decidiu abandoná-lo... Mas foi a crise econômica que
atingiu o mundo a partir de 1929 que significou sua “real areia movediça”. Em
plena decadência, o ator entregou-se ao vício da embriaguez... Aos poucos se
via perdendo tudo, menos a fidelidade de seu cão Jack e a de seu motorista
Clifton... O que ele não sabia era que Peppy Miller acompanhava à curta
distância todo o seu padecimento... Em situação de total desespero decidiu
leiloar os bens que lhe restavam... Poucos participaram dos lances, mas tudo
foi arrematado... Ele não sabia que Peppy Miller era a única compradora. Graças a isso, Valentin
pôde se manter por mais algum tempo numa casa modesta. Porém consumia volumosas
quantidades de bebidas alcoólicas, o que completava a sua lamentável areia
movediça real... Vendo-se subtraído de todas as possibilidades do passado, e
completamente anestesiado pelo vício do álcool, demitiu o fiel Clifton.
Bêbado e solitário
decidiu assistir aos seus filmes. Desesperado e de modo insano derrubou as
latas de filmes, que foram espalhados pela sala... Ateou fogo ao material
altamente inflamável e o resultado foi o incêndio... Ao notar a catástrofe que
provocara, em vão tentou salvar os filmes e a casa... Ele mesmo não tinha
condições de salvar-se a si mesmo... Inconsciente e sem forças, desmaiou em
meio ao fogo. Foi o cãozinho Jack que saiu em busca de socorro.
Socorrido ao hospital,
Valentin permaneceu inconsciente por vários dias... Recebeu a visita de Miller,
que conseguiu autorização para levá-lo para a sua casa, onde deveria convalescer.
O doente recebeu um tratamento que há muito desconhecia e acabou se recuperando.
Surpreendeu-se ao saber quem o acolhia... E também ao saber que Clifton fora
contratado por Miller desde que havia sido demitido por Valentin... Ele mesmo
disse ao antigo patrão que a moça vinha tentando ajudá-lo há algum tempo...
Aos poucos Valentin se
restabeleceu... Mas voltou a decair ao saber que Miller havia arrematado todos
os “lotes” de seu leilão... Seu orgulho não admitia a decadência e, menos
ainda, o fato de ter sido “resgatado” pela jovem atriz...
Novamente o desespero se
abateu sobre Valentin... Ele decidiu fugir da mansão de Peppy Miller. Retornou
à casa incendiada. Amargurado, contemplou a decadência e concluiu que ali era o
seu lugar... Decidiu beber... De posse de um revólver decidiu, também, colocar
fim à sua existência... Foi impedido pela chegada de Peppy Miller, que mais uma
vez o salvou. Não tendo encontrado Clifton para conduzi-la até o seu amado, ela
mesma dirigiu pelas avenidas... Valentin despertou para a realidade ao ouvir o
“bang” do carro de Miller se acidentando...
O
final feliz ficou por conta do projeto de Peppy Miller para envolver Valentin
num musical... Os dois desenvolvem passos de dança bem conhecidos por eles...
Muitas imagens de filmes clássicos nos vêm à mente com essa homenagem. O
sincero devotamento de Miller (“cinema do futuro”) a George Valentin (“cinema
do passado”) é uma reverência, uma lição.
Indicação (12 anos)
Um abraço,
Prof.Gilberto