terça-feira, 5 de julho de 2011

“A Mulher sem Alma”, Considerações sobre o capítulo VI de “Idade Média, o que não nos ensinaram”, de Régine Pernoud – Terceira Parte

Antes de ler esta postagem é interessante acessar http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/07/mulher-sem-alma-consideracoes-sobre-o_03.html.


No caso, especificamente, da França, no começo do século XVI, a exclusão da mulher tanto na vida eclesiástica como na vida intelectual, se intensifica. Há uma verdadeira descaracterização dos mosteiros femininos, uma decadência... O texto de Pernoud, por si só, nos dá a medida exata dessa decadência: “O melhor exemplo continua sendo a Ordem de Fontvrault, que se torna um asilo para as velhas amantes. Asilo onde se leva daí em diante uma vida cada vez menos edificante”... “a maior parte dos mosteiros de mulheres, no fim do Antigo Regime, é de casas de recolhimento onde as filhas caçulas de grandes famílias recebem muitas visitas, onde se jogam cartas e outros ‘jogos proibidos’... Até tarde da noite”.
No final do texto a autora trata das “camponesas, citadinas, mães de família ou trabalhadoras”. E mais uma vez reclama da falta de material e de pesquisas investigativas acerca dessas mulheres. Apesar disso o fragmento final é rico em revelações que apenas complementam o quadro apresentado inicialmente. Pernoud apresenta-nos a participação de mulheres em decisões políticas no interior da França: As mulheres votavam “em pé de igualdade, como os homens nas Assembléias Urbanas ou nas Comunas Rurais”. Farto material a ser pesquisado existe nos “Inquéritos ordenados por São Luís” - grande coleta de depoimentos (os mais variados) acerca da má gestão dos agentes reais. Os relatos são muitos e nos permitem reconstruir a “História Real”. Há várias citações do “voto feminino” nas convenções realizadas no interior francês, inclusive a idade dos votantes (a partir dos 20; e até dos 14 anos) é citada. Percebe-se, em vários casos, a autonomia de mulheres, que votavam e exerciam profissões diversas, “sem serem obrigadas a apresentar uma autorização do marido”.


Por influência do Direito Romano, nos fins do século XVI (decreto do Parlamento de 1593), as mulheres são afastadas de todas as funções no Estado. O Direito Romano relega à mulher os cuidados domésticos e a educação dos filhos e, mais tarde, o Código Napoleônico tira-lhe também o direito de administrar os próprios bens. Ela passa a desempenhar, como já sabemos, em sua casa, um papel subalterno. A autora cita ainda o pioneirismo de Dhuoda (Tratados de Educação) que, no século IX, publicou um para o uso de seus filhos.
Para finalizar, uma conclusão: Os moralistas “querem ver a mulher em casa”, mas não é bem isso o que ocorreu no Período Medieval. E não é isso o que depreendemos do texto estudado. Infelizmente, hoje, reclama-se conquistas feministas. Muitas se contentam a “imitar o homem, ser julgada capaz de exercer as mesmas funções, adotar os comportamentos e até hábitos de vestir de seu parceiro, sem mesmo se questionar sobre o que é realmente contestável e o que deveria ser contestado”. Ficam, pelo menos, duas perguntas: E o lugar que a mulher já ocupou (muito mais digno) tempos atrás? Não seria interessante resgatá-lo?
Leia: Idade Média, o que não nos ensinaram. Editora Agir.
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/07/regine-pernoud-e-uma-anedota-sobre-mal.html

Um abraço,
Prof.Gilberto

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