A temática central é a da luta das mulheres inglesas pelo direito de voto... Esse movimento social se relaciona à industrialização e urbanização que ocorreram na Europa, principalmente a partir da primeira metade do século XIX.
A verdade é que as mulheres estavam excluídas da cidadania... Sequer podemos dizer que eram “cidadãos de segunda classe”, pois a sociedade machista de então considerava que elas não tinham capacidade de tomar decisões com autonomia ou mesmo decidir sobre o próprio destino.
Por um bom tempo as reivindicações tiveram caráter pacífico, mas elas tornaram-se mais radicais no começo da década de 1910, época em que se passam os episódios que fazem parte do enredo assinado por Abi Morgan...
(...)
Como não podia deixar de ser, a abordagem é bem diferente da exposta em
“Mary Poppins” (ver http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2016/02/filme-mary-poppins-primeira-parte.html), em que a
referência ao movimento sufragista é percebida na participação da senhora
Winifred, que nos dá a impressão de que as ações eram pouco mais do que um “divertido
passatempo” sem maiores consequências.
Em “As Sufragistas”, o recorte apresentado nos permite
conhecer a difícil condição das mulheres, notadamente a realidade das operárias,
e também o modo como as militantes feministas se organizavam e atuavam.
(...)
A partir da experiência de uma trabalhadora comum (já envolvida com os
dramas vivenciados pelas mulheres de seu tempo) temos acesso ao exposto anteriormente. Maud Watts (personagem fictícia vivida por Carey Mulligan) é uma lavadeira que acabou se envolvendo com as sufragistas de modo radical...
Ela e o marido Sonny (Ben Whishaw) trabalhavam na lavanderia onde o aproveitador
Taylor (Geoff Bell) era o encarregado de manter a disciplina e produtividade...
As mulheres constituíam a maior parte da força de trabalho... Entre elas
havia muitas mocinhas que mal haviam saído da infância... Como se não bastassem
a extenuante jornada de trabalho e a manipulação de produtos nocivos à sua
saúde, várias delas sofriam assédio moral e sexual de Taylor... A própria Maud
sofreu abusos do tipo que fazia questão de deixar claro que seu posto de
“passadeira líder” devia-se ao fato de ela ter se submetido aos seus caprichos.
(...)
Pode-se dizer que Maud levava a vida conhecida pela maioria das mulheres
de seu tempo.
Ela a tudo suportava... Em
casa cumpria o seu papel de esposa e mãe... Sem pestanejar, além de servir e
estar à disposição do marido em todas as suas necessidades, entregava-lhe pequeno
salário que recebia... Esforçava-se ao máximo, e com alegria devotava amor e
atenção ao filho (o pequeno George, interpretado por Adam Michael Dodd) em
idade dos primeiros anos escolares.
(...)
Corria o ano de 1912...
Certo dia, Maud (que contava 24 anos) foi encarregada de entregar um
serviço da lavanderia em determinado endereço... Foi nessa ocasião que ela teve
o primeiro contato com uma mobilização das sufragistas...
Maud havia sido liberada do trabalho e misturou-se às pessoas que
seguiam sua rotina de centro de cidade... Havia os que retornavam para suas
casas e estavam apressados para conseguir um lugar nos ônibus... As lojas
atraíam consumidores e o movimento nas ruas era dos mais intensos.
As ativistas estavam no
meio dos transeuntes e não despertavam a menor suspeita... De repente atiraram
pedras contra as vitrines e gritaram sua mensagem que reivindicava o voto para
as mulheres...
A polícia apareceu para restabelecer a ordem e prender
os delinquentes... Evidentemente houve muita agitação... Assustadas, as pessoas
correram em busca de proteção... A confusão aumentou, mas aos poucos as
calçadas voltaram à normalidade.
Muito bem organizadas, as
sufragistas conseguiram dar o seu recado e passaram a caminhar como se nada
tivessem com o episódio...
Mas é bom que se saiba que a polícia já vinha
acompanhando de muito perto aquele movimento... Muitas ativistas sequer sabiam
que possuíam fichas de identificação com fotografias e outros dados a respeito
de sua atuação.
(...)
Maud nunca tinha presenciado nada parecido e não entendia a lógica de
atuação (e nem mesmo a fundamentação) do movimento feminista. Definitivamente
ela não se afinada com a causa.
A ação sufragista foi surpreendente... Para Maud
foi algo chocante... Mas o mais surpreendente foi ter reconhecido Violet Miller
(interpretada por Anne-Marie Duff), uma de suas companheiras de lavanderia,
entre as ativistas.
Indicação (14 anos)
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2016/02/filme-as-sufragistas-segunda-parte.html
Um abraço,
Prof.Gilberto