Seis meses depois daqueles episódios em que Georges Méliès e sua afilhada Isabella retiraram o menino Cabret da trama que o colocava sob a guarda do inspetor da estação e da polícia, a situação de nossos personagens mudou muito... As páginas do livro nos fazem "notar" o garoto bem vestido e instalado num aposento do apartamento de Méliès... Todos sabiam de sua importante participação na revelação de tão importante fato para a história do cinema... Vemos Hugo pronto para uma noite de gala.
Tabard conseguiu que a Academia de Cinema entregasse uma recompensa em dinheiro para o velho cineasta como forma de reconhecimento por sua vasta obra... Georges Méliès foi generoso com o garoto, que passou a ser membro de sua família. Graças a isso, teve oportunidade de voltar à escola e ao convívio dos amigos Antoine e Louis. Desde as mudanças, Hugo vinha conseguindo fazer o que mais gostava (construir brinquedos com peças de relógio), além disso, começou a frequentar o cinema na companhia de Isabelle com regularidade...
Seu quarto era bem organizado e nesse ambiente podia ler vários livros que conservava... Nas prateleiras também podiam ser muitos brindes que ele colecionou por ocasião da Exposição Mundial na cidade. As peças que Bruno mais valorizava eram o autônomo (consertado por ele e Méliès) e o caderninho de desenho de seu pai.
(...)
Todos se arrumaram para a noite de gala... Hugo não se esqueceu de levar
cartas de baralho e objetos para truques de mágica... Isabelle não largava uma
câmera fotográfica que havia ganhado do tio, e com ela garantia fotografias de
todos... O velho Georges estava dignamente trajado e, sobre o seu terno,
ostentava a antiga capa, que havia sido reparada por Jeanne... A noite era de
celebração da vida e obra de Georges Méliès, um evento promovido pela Academia
de Cinema... Não foi por acaso que Isabelle reservou quantidade maior de rolos
de filmes antes de serem conduzidos por automóveis encomendados especialmente
para eles.
Méliès estava
visivelmente emocionado ao chegar ao local e comentou a respeito do quadro que
havia pintado há muitos anos para a Academia... Logo que Hugo deu a entender
que sabia da obra, Georges explicou que era alusivo ao mito de Prometeu...
Notando que as crianças conheciam a história, emendou que ao final suas
correntes foram partidas e ele se tornou livre novamente.
No auditório, Tabard fez as
apresentações destacando a homenagem a Georges Méliès. Falou da sua importância
como pioneiro do Cinema, e que seus filmes (e ele próprio) eram dados como "definitivamente desaparecidos"... Neste ponto do discurso, destacou o trabalho
de Etienne e da ajuda das duas crianças no trabalho de pesquisa em depósitos,
arquivos e coleções particulares... Enfatizou que recuperaram mais de oitenta
filmes, além de descobrirem material inédito ainda por revelar...
Tabard foi muito aplaudido
ao anunciar o “Universo de Georges Méliès”. Na sequência as luzes se apagaram e
os filmes recuperados foram exibidos um após o outro... Várias ilustrações são
apresentadas e elas dão conta do que a platéia assistiu... Criaturas marinhas
contracenando com humanos no fundo do oceano; figuras angelicais sobre os
telhados de uma cidade numa fria noite de muita neve; uma mulher com uma estrela de grande cauda ornando sua cabeça; uma carruagem puxada por um estranho cavalo...
Uma viagem à Lua foi
o último filme da sessão... Isabelle se emocionou e ouviu com atenção o tio
Georges ser chamado ao palco e proferir um pequeno discurso em que disse que
aqueles convidados elegantemente vestidos eram vistos por ele como “bruxos,
sereias, viajantes, aventureiros e magos”. Os via como sonhadores... A
cerimônia chegou ao fim e alguns convidados seguiram para um restaurante... Ali
Isabelle fez várias fotografias e Hugo exibiu-se com seus truques de mágica que
atraíam várias pessoas.
É neste momento que
Georges Méliès apresenta o menino como Professor Alcofrisbas... Hugo quis saber
de onde vinha aquele nome e Méliès explicou que se tratava de um personagem de
vários de seus filmes, nos quais aparecia como explorador, alquimista, mágico,
assim como o menino Cabret...
(...)
Ao final Hugo mostra que havia, então, “encarnado”
o Professor Alcofrisbas. Concordou que o autômato havia salvado sua vida... E
que a transformação permitiu-lhe construir um novo "autômato" (o livro)... Um
objeto que podia contar essa história narrada (cento e cinquenta e
oito ilustrações, vinte e seis mil cento e cinquenta e nove palavras)... A
última sequência de ilustrações nos apresenta a grande Lua cheia sendo tomada,
aos poucos, por uma escuridão total.
É o
fim.
Leia:
A invenção de Hugo Cabret. Edições SM.
Um abraço,
Prof.Gilberto