quinta-feira, 24 de março de 2011

Considerações sobre Pedro I e o "1822", de Laurentino Gomes

 Há várias polêmicas em torno da personagem D. Pedro I. Discute-se se deve ou não ser homenageado... Herói de comportamento exemplar? Vilão, aproveitador das súditas e escravas? Deve ou não ser considerado o libertador do Brasil em relação a Portugal? Autoritário ou liberal?


De certa forma, sem cair na defesa apaixonada, Laurentino Gomes (ver http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/03/1822-de-laurentino-gomes.html) resgata um pouco a imagem de Pedro de Alcântara. Apresenta-nos mais uma versão... Bem diferente do que já lemos no passado em que já foi “endeusado”, ou num outro em que foi “demonizado”.


Bom, a polêmica do “grito do Ipiranga” está bem trabalhada no 1822. Aquela situação, que inclusive serve de piada a muita gente, sobre o episódio congelado no quadro de Pedro Américo e no filme de 1972 (Independência ou Morte!), parece bem resolvida... De fato, o então regente montava uma mula, que era o animal mais indicado para o tipo de viagem que vinha fazendo: a subida da Serra do Mar. Mas para dar um “ar de mais imponência” Pedro Américo, inspirado em estudos de outras telas, retratou o episódio da maneira que todos conhecem. Diversos documentos confirmam que Pedro de Alcântara estava mesmo passando por dificuldades intestinais. Não é improvável que tenha recebido as mensagens de José Bonifácio e de Dona Leopoldina (sobre o agravamento da situação com as Cortes) num momento de “alívio”.

D. Pedro sofria ataques epilépticos, fato que causava pânico em alguns e sentimentos de piedade em outros. Apesar disso, ele se demonstrava “insaciável” sexualmente. Relacionou-se com muitas mulheres... Não se importava de ser visto em casas de prostituição. Engravidou a Marquesa de Santos (Domitila de Castro), sua esposa D. Leopoldina e a irmã da marquesa num mesmo ano. Também teve casos com uma madre religiosa e uma bailarina francesa... E com muitas, muitas anônimas. Há quem diga que esse apetite todo ele herdou da mãe, Carlota Joaquina.
A Maçonaria teve grande importância nos acontecimentos que se referem à Independência Política do Brasil (isso não é um “privilégio” de nossa História, já que essa instituição foi decisiva em várias outras partes do mundo). D. Pedro freqüentava a Maçonaria e via com bons olhos a ideia de mantê-lo como monarca constitucional no país que estava surgindo... Havia os maçons mais radicais, que pretendiam a República. Após a Independência, D. Pedro recebeu apoio dos maçons, mas ele sofreu a oposição da Maçonaria ao demonstrar-se arbitrário. A Abdicação de 1831 deve-se em muito às pressões (que o imperador sofreu) articuladas pelos maçons.


O nosso personagem mostrou-se muito firme na defesa da independência, que foi seriamente ameaçada por militares portugueses e por comerciantes que, por interesses particulares, não aceitavam o fim do Reino Unido. As dificuldades eram imensas naquele princípio de país. Ao retornar para Portugal, Dom João VI havia zerado os cofres públicos... Por aqui faltava tudo: embarcações, armas, munições, homens treinados... O povo brasileiro mais simples derramou seu sangue em defesa da liberdade... D. Pedro minou os cofres do Tesouro Brasileiro contratando mercenários... O novo país nascia com uma dívida externa estrondosa. Laurentino Gomes destaca que D. Pedro cortou o próprio salário e conteve despesas domésticas.


Apesar de ter imposto à nação a primeira Constituição de nossa história, D. Pedro é reconhecido como “liberal” e a sua Carta Outorgada como uma Lei avançada para a época. Essa característica se evidencia mais quando ele é comparado ao absolutista irmão. D. Miguel. O confronto que os dois travaram em Portugal (após a morte de D. João VI e a abdicação de 1831) também atestou o desprendimento e determinação de Pedro I em relação aos seus ideais. D. Pedro venceu o irmão e seus aliados absolutistas em condições muito precárias.





Um abraço,
Prof.Gilberto

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