terça-feira, 11 de outubro de 2011

"Os Mandarins", de Simone de Beauvoir. A viagem a Portugal

Talvez seja interessante acessar http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/10/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir_03.html antes de ler esta postagem:


Paule procurava garantir a Henri que ele era um tipo livre. Dessa forma, viver ao lado dela não devia causar-lhe nenhum drama, já que podia fazer o que bem quisesse... Ela fazia questão de dizer que não via nenhum problema no fato de o seu homem partir sozinho para Portugal, onde permaneceria por um mês... Henri imagina que talvez este fosse um bom momento para despachar Paule de uma vez de sua vida... Ele se lembra de como se encantava com a jovem cantora intelectual... Lembra-se também de que os tempos de guerra levaram-no a viver com ela no estúdio.
Paule tenta mostrar-se “desencanada” e até diz saber que Henri anda de encontros com a filha de Anne... O moço ironiza e diz que a liberdade que tem é a que a vida de convívio “a dois” permite. Paule se irrita quando fica sabendo que ele levará Nadine para Portugal... Para ela só havia uma pessoa que pudesse quebrar a solidão de sua viagem: ela mesma. Paule parece irredutível, mostra que se sente traída, que levar a jovenzinha é como destruir o amor entre eles. A situação deixou-a muito magoada... Para Henri, sua conversa resultou em desagradável demais... Tanto é que ele procurava dizer que estava tudo acabado entre ambos, porém saiu dizendo que não levaria Nadine... De sua parte, a instável Paule via que o desagradara e passou a dizer que preferia que ele viajasse com Nadine... Melhor isso do que se tornar ainda mais insatisfeito com ela.
O fato é que no dia seguinte Henri embarcava de trem com Nadine para Portugal...
(...)
O começo da viagem não foi dos mais agradáveis, já que Nadine e Henri mantinham-se dialogando “ofensivamente”... A moça expressava certo orgulho por ter sido a escolhida para a viagem... De certa forma “contava vantagem” sobre a situação de desprezo que Paule deveria estar sofrendo. De sua parte, Henri esperava uma companhia mais afetuosa...
Chama-nos a atenção o fato de os dois ficarem tremendamente admirados ao notarem que nas cidades da Península Ibérica havia a possibilidade de se adquirir artigos (sapatos e bolsas de couro “de verdade”, luvas de pecari, lã autêntica, ternos...) há muito desaparecidos na França recentemente sofrida com a ocupação... Isso sem contar a admiração pela agitação do centro de Lisboa apinhado de pessoas interessadas pelos cinemas e cafés.
Instalaram-se num luxuoso e confortável hotel... De certa forma Henri era uma celebridade... Em visita ao consulado francês recebeu homenagens. Conheceu o velho Mendoz das Viernas, um ex-ministro... Ele revelou a Henri a situação do país governado pelo ditador Salazar... O velho pedia ao visitante que levasse aos franceses as notícias sobre a ditadura em Portugal... E que os ajudassem a tirar Salazar do poder. Para impactar ainda mais o francês, ele e sua acompanhante são levados a visitar os bairros pobres e as habitações mais humildes... Acabam conhecendo uma realidade miserável... Nadine torna-se entediada com a viagem. Para Henri o passeio não foi exatamente o que planejara (descanso e paz para produzir um “romance alegre”)...
O retorno à França foi carregado de pequenas lembranças aos amigos... E de material para redigir críticas à Ditadura em Portugal.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2011/10/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir-o.html...
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.

Um abraço,
Prof.Gilberto

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