segunda-feira, 24 de agosto de 2015

“África Africans" – arte contemporânea africana” – no Museu Afro Brasil – as instalações de Aston e Gérard Quenum (do Benin) e de Yinka Shonibare Bem (Inglaterra/Nigéria)

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2015/08/africa-africans-arte-contemporanea.html antes de ler esta postagem:

África Africans, a maior mostra de arte contemporânea organizada em nosso país, está montada desde 25 de maio no Museu Afrobrasil, que fica no Parque do Ibirapuera (Avenida Pedro Álvares Cabral, Portão 10 - Parque Ibirapuera, São Paulo).
Até 30 de agosto.
De terça a domingo: 10:00 - 17:00. Entrada franca.
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A intenção aqui é a de deixar algumas considerações sobre as obras de Aston e Gérard Quenum (do Benin) e de Yinka Shonibare Bem (Inglaterra/Nigéria).
Há muito que ser relatado a respeito das demais obras... Mas tal empreitada exigiria esforço ainda maior... Sem dúvida, a falta de capacidade intelectual do autor também é inibidora de tal intento.
As instalações de Aston e de Quenum estão no piso inferior... Ao entrarmos no museu temos de descer os degraus que dão acesso ao salão onde também se realizou o desfile de moda.
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A obra de Aston ocupa grande parte do pavimento... Várias peças (a maioria delas é de resíduos plásticos, arames e borrachas) recolhidas pelo artista durante mais de vinte anos compõem um enorme painel que bem pode ser comparado a uma maquete.
De um lado vemos o mapa da África... Do outro lado notamos várias embarcações que parecem seguir para o continente... Entre os dois vemos numerosos elementos representando africanos capturados e encaminhados para o tráfico. Muitos “seguem” juntos no rumo das embarcações. Eles parecem unidos por um instrumento que os acorrenta.
Por todo lado vemos “corpos” caídos... Esses tombaram durante a resistência que travaram contra os opressores... Há aqueles que se tornaram vítimas da violência praticada pelos imperialistas.
As embarcações estão abarrotadas... Vários “corpos” estão fora, como que descartados ao mar... Pura evidência da grande quantidade de prisioneiros mortos durante as trágicas viagens.
Também há uma embarcação que parece repleta de detritos... Talvez represente o lixo que os países europeus devolveram àqueles povos.
Cavaleiros (ou guerreiros africanos montados em camelos) foram posicionados como que a formar uma moldura que lembra o contorno de uma embarcação gigante (um navio negreiro?). Entre eles há muitos caídos.
Tudo isso nos faz pensar...
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A obra de Gérard Quenum que está posicionada na parede é assustadora... Evidentemente ela denuncia os horrores provocados pelas guerras que acontecem em todo o mundo.
Os capacetes usados por soldados nos dão a impressão de terem sido utilizados há bem pouco tempo... Cada um “carrega” uma cabeça de boneca.
Normalmente o artista consegue essas bonecas abandonadas por aí... Sabe-se que em várias de suas obras elas são “motivações” recorrentes. Em África Africans  elas conseguem retratar um pouco dos dramas que as inocentes crianças sofrem a cada conflito travado entre os beligerantes.
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Uma das montagens mais surpreendentes é Egg Fight, de Yinka Shonibare Bem.
Vemos um painel repleto de ovos separando dois manequins que trajam belas vestes guerreiras. Na parte superior do painel os ovos estão destruídos... Nenhum dos oponentes tem cabeça.
Podemos pensar que os dois soldados são europeus (os manequins são brancos)... O motivo pelo qual lutam, ou talvez o próprio conflito, pode explicar o fato de terem “perdido a cabeça”...
Eles bem poderiam estar atirando ovos um contra o outro... Mas são armas de fogo o que têm às mãos! Por que lutam? O que disputam?
Se pensarmos que a referência nos remete aos conflitos “neocolonialistas”, poderemos considerar que a divertida obra também está denunciando (de modo debochado) a ganância e intolerância dos imperialistas, além do seu descaso em relação aos nativos...
Um abraço,
Prof.Gilberto

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