Sem poder aproveitar o vento, recorria-se ao vapor.
Aconteceu que o maquinista dirigiu-se a Fogg para tratar de um assunto muito sério.
Passepartout conseguiu ouvir um trecho da conversa e notou que o patrão demonstrou certa preocupação ao perguntar ao marujo se ele tinha certeza do que dizia...
O maquinista havia lhe dito que desde que saíram de Nova York as fornalhas foram mantidas de modo a proporcionar vapor máximo à embarcação... Ocorre que o carvão que levavam era suficiente para a viagem até Bordeaux, e não até Liverpool.
Fogg respondeu que ainda pensaria a respeito e dispensou o rapaz... Passepartout foi tomado por novas preocupações, pois começou a imaginar que provavelmente faltaria carvão. Haveria modo de sair desse novo enrosco?
O francês não perguntou nada a Fogg... Pelo menos não daria a entender que era daqueles que ficava bisbilhotando conversas alheias.
(...)
Todavia a preocupação
tomou conta de Passepartout novamente... Faltaria carvão e seria impossível o
Henrietta chegar a Liverpool! Ao mesmo tempo entendia que não podia deixar de
confiar na capacidade de seu patrão... Ele certamente daria jeito a mais este
imprevisto.
Quando topou Fix pelo
caminho falou-lhe a respeito do que tinha ouvido. O policial não pôde acreditar
que o criado de Fogg imaginava que o Henrietta navegava mesmo para Liverpool.
Fix quis saber do
próprio Passepartout, e este lhe respondeu que “claro que sim”. O policial vociferou
que o criado só podia ser um imbecil e na sequência deu-lhe as costas.
(...)
À noite, Fogg chamou
o maquinista para comunicar que a ordem era manter “fogo nas fornalhas”...
Manteriam a pressão até que o combustível se esgotasse.
A ordem foi cumprida e o Henrietta seguiu desempenhando a maior
velocidade que podia.
Porém, conforme o maquinista previra, no dia 18
esperava-se que o carvão acabasse. Fogg insistiu que a pressão deveria ser
mantida.
Por volta do meio-dia, o inglês calculou a posição do navio... Pediu a
Passepartout que chamasse o capitão Speedy. O rapaz sabia que o tipo estaria
furioso.
De fato, conforme se encaminhava ao tombadilho, Speedy
vociferava insultos. Ele se aproximou de Fogg querendo saber onde estavam...
Este explicou que o Henrietta estava a 700 milhas de Liverpool.
Evidentemente o
capitão mostrava-se irritado. Ele soltava vários impropérios contra o inglês,
que procurava acalmá-lo enquanto dizia que precisava comprar a embarcação.
Speedy foi incisivo ao garantir que o Henrietta não estava à venda. Fogg
apressou-se a dizer que precisava queimar a parte de cima. O proprietário se
espantava a cada palavra que ouvia. O que lhe faltava acontecer? Até que ponto estava
disposto a ouvir ousadias do inglês?
Fogg
explicou que estavam sem combustível... O natural de Cardiff argumentou que o
Henrietta valia cinquenta mil dólares e de modo algum podia conceber que
quisessem queimá-lo. No mesmo instante Fogg estendeu-lhe um maço de notas que
somavam sessenta mil dólares.
(...)
Andrew Speedy se
estabelecera nos Estados Unidos... Pensava como norte-americano...
Sua
fúria diminuiu consideravelmente ao reconhecer que estava diante de uma negociação
vantajosa. O Henrietta contava vinte anos e tudo o que o outro desejava era o
madeiramento.
Ele deu a entender que entrariam em acordo ao ressaltar que não abria
mão do casco de ferro.
Fogg
não objetou e acrescentou que o capitão continuaria a ser dono também dos motores.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/08/a-volta-ao-mundo-em-oitenta-dias-de_60.html
Leia: A
Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção “Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto