domingo, 5 de março de 2017

“A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, de Júlio Verne – da “Coleção eu Leio” – atravessando a região dos adoradores de Kali; Passepartout entende que a aposta do patrão é real e que deve contribuir para o seu sucesso; Cromarty tenta explicar ao criado que seu relógio deve ser acertado de acordo com os fusos horários; com o fim da estrada em Kholby, os passageiros devem encontrar outros meios para alcançar Allahabad

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/03/a-volta-ao-mundo-em-oitenta-dias-de.html antes de ler esta postagem:

Ainda pela manhã, o trem atravessou o território conhecido pela atuação dos fiéis à deusa Kali, conhecida por muitos como a “deusa da morte”...
Passaram por Malligaum. Mais à frente sabia-se que estava a localidade de Ellora, onde se encontravam muitos templos... Também Aurangabad localizava-se nas proximidades. Essa cidade era capital de uma das províncias de maior destaque do reino de Nizam, onde o temível Feringhea (líder dos Thugs) dominava. Ele era conhecido como “ rei dos estranguladores”. Seus seguidores ofereciam vítimas à sua deusa... Inocentes de todas as idades eram capturados e estrangulados sem que nenhuma gota de sangue fosse derramada.
O governo inglês não podia admitir a atuação da seita... Foram tomadas providências para eliminá-la e, de fato, já não se encontravam tantos cadáveres espalhados por aquele território como nos primeiros tempos... Todavia os fanáticos prosseguiam com seus rituais onde podiam.
(...)
A composição parou na estação de Burhampur pouco depois do meio-dia. Passepartout aproveitou para adquirir umas sandálias. Pagou caro pelo produto enfeitado por falsas pérolas... Achando que fizera grande negócio, o criado as exibia sem esconder a vaidade.
Depois do almoço, o trem seguiu margeando por algum tempo o Tapty, que desagua no golfo de Cambay (nas proximidades de Surat).
O criado de Phileas Fogg estava encantado com a viagem... Atravessavam a Índia! A ideia de que o patrão pudesse finalizar a aventura em Bombaim não tinha mesmo a menor fundamentação. Restava-lhe assumir uma postura de parceria em relação à aposta... Passou a acreditar nela! Então tinha de fazer de tudo para não atrapalhar... Preocupou-se com os possíveis atrasos que viessem a prejudicar o cumprimento da meta e lamentou o ocorrido no dia anterior, quando intrometeu-se no templo onde não era chamado e quase perdeu o trem.
Tornou-se mais preocupado do que o próprio patrão... Manifestava-se nervosamente sempre que o trem parava. Não conseguia entender por que Fogg não gratificara o maquinista como fizera com o capitão do Mongólia. É claro que ele não tinha a menor ideia da regulamentação sobre a velocidade máxima permitida nas estradas de ferro.
O trem alcançou a fronteira do Kandesh com Bundelkund Naquela mesma tarde... A paisagem era de altitudes e depressões, montanhas e desfiladeiros.
(...)
Na manhã do dia seguinte, o general Cromarty perguntou as horas a Passepartout.
Como sabemos, ele mantinha seu valioso relógio no horário de Londres... No momento estavam posicionados a aproximadamente setenta e sete graus a oeste. Isso significa que o aparelho do francês marcava as três horas da madrugada.
Evidentemente o militar fez a mesma observação que Fix já lhe fizera... Era preciso acertar os ponteiros a cada meridiano, pois prosseguiam sempre em direção ao leste e, por isso, “os dias eram mais curtos”...
Nem podemos dizer que Passepartout não tinha condições de entender o que lhe fora explicado... O fato é que mantinha o seu relógio conforme bem entendia. E já que aquilo não prejudicava a ninguém, não insistiam para que o corrigisse.
Uma hora depois dessa conversa, o trem parou de repente.
Faltavam vinte e cinco quilômetros para a estação de Rothal. O terreno onde o trem parou lembrava um pátio de obras em meio à floresta. Bangalôs e cabanas que instalavam operários da ferrovia podiam ser notados pelos passageiros.
O maquinista percorreu todos os vagões para comunicar a todos que deviam descer.
Cromarty e Fogg se entreolharam enquanto Passepartout saiu para conferir o que ocorria. Não demorou e ele voltou afirmando que não havia mais ferrovia para ser percorrida pela composição.
Ao ouvir as palavras do francês, o general saiu em direção ao maquinista querendo saber onde estavam. Phileas Fogg o seguiu. O funcionário explicou que estavam na aldeia de Kholby e, como a estrada não estava acabada, tinham de parar.
Faltavam oitenta quilômetros para Allahabad, onde a estrada recomeçava. Cromarty não conseguia admitir a realidade... Vociferou que os jornais haviam anunciado que a obra estava completa. Como podiam vender os bilhetes “de Bombaim a Calcutá”?
O maquinista esclareceu que todos compravam as passagens sabendo que daquele ponto até Allahabad tinham de arranjar outros meios. Via-se que o general estava bem irritado... O próprio Passepartout estava com vontade de esmurrar o tipo.
(...)
Fogg permaneceu impassível... Depois de algum tempo disse ao companheiro militar que arrumariam um meio de também chegarem à Allahabad.
Cromarty não podia entender como Fogg podia se portar com tanta tranquilidade... Disparou que aquele atraso o prejudicaria. Mas Fogg respondeu que aquilo estava previsto. Evidentemente não sabia que a estrada não estava concluída, mas prevenira-se quanto aos eventuais obstáculos.
Leia: A Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção “Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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