sexta-feira, 28 de agosto de 2015

“Industrialização; Movimento Operário e Tenentismo” – um antigo texto didático

Abaixo segue um antigo texto didático que tem como temáticas as situações que resultaram em oposição às estruturas de poder existentes durante a República Velha em nosso país.
Cabe ressaltar que o material se completa com fragmentos de documentos diversos... Eles dizem respeito à industrialização no Brasil, ao movimento operário e ao tenentismo.

Industrialização; Movimento Operário e Tenentismo

O país, como de resto várias outras partes do continente americano, passou por uma fase de industrialização muito importante durante a Primeira guerra Mundial. Isso aconteceu porque os países industrializados da Europa estavam sendo destruídos. O velho continente exportava para o Brasil a maioria dos produtos industrializados aqui utilizados.
Podemos dizer que a industrialização também ocorreu para sanar as dificuldades com essas importações. A maioria das fábricas organizadas nesse período (1914-1918) foi instalada na região sudeste, onde a produção/exportação de café permitiu um considerável acúmulo de capital.
Como não havia ainda uma legislação que regulamentasse o trabalho das fábricas e as condições dos operários, mulheres e crianças eram muito exploradas. Trabalhavam até doze horas por dia, sem condições de segurança e de higiene, recebiam salários muito baixos.
Não demorou e as primeiras greves ocorram. A primeira grande greve aconteceu em 1917 e sofreu dura repressão. Inclusive passou a vigorar uma lei que determinava a expulsão de imigrantes acusados de atentar contra a segurança do país ou que participassem da direção de sindicatos. De fato, a questão operária era vista como uma questão de polícia. Inicialmente o movimento operário brasileiro foi liderado por anarquistas (geralmente italianos e espanhóis que traziam da Europa os seus ideais). Em 1922 um grupo de intelectuais e operários fundou o Partido Comunista Brasileiro, que passou a organizar as lutas operárias e a fazer forte oposição à “República dos Fazendeiros”.
(...)
Ocorreu também um movimento militar que se colocou contra o poder estabelecido. Esse movimento ficou conhecido como Tenentismo e aconteceu na década de 1920. Vários jovens oficiais do Exército começaram a reclamar da estrutura da República brasileira. Diziam que o Exército estava num segundo plano apesar de ter sido a instituição responsável pela proclamação da República (foi o Exército que acabou com a monarquia de Pedro II em 1889 – o marechal Deodoro da Fonseca foi um dos principais atores daquele episódio).
Os jovens oficiais, principalmente tenentes, passaram a criticar a “política do café com leite” e o sistema de votação. No governo do mineiro Artur Bernardes (1922-1926) aconteceram levantes. Logo que o presidente foi eleito tentaram derrubá-lo. O jornal “Correio da manhã” publicou uma carta atribuída a ele. A carta continha severas críticas ao Exército, mas não era de autoria do presidente... Tratava-se de um golpe que serviu para iniciar uma profunda crise.
Como havia muitas suspeitas de que a tentativa de comprometer o presidente partiu dos militares o governo mandou fechar o Clube Militar e prender Hermes da Fonseca (ex-presidente do país e que, naquele tempo, presidia o clube). Os tenentes protestaram e no dia 5 de julho de 1922 aconteceu o levante dos “18 do forte” em Copacabana... Dois anos depois, no mesmo 5 de julho, ocorreram novos levantes tenentistas. Em São Paulo, Joaquim Távora, Juarez Távora e Eduardo Gomes, liderados pelo general Miguel Costa, sublevaram diversas unidades militares. Os revoltosos queriam a convocação de uma Assembleia Constituinte (queriam substituir a Constituição de 1891 – que dava sustentação à política dos fazendeiros), queriam também o fim do voto “em aberto” e a formação de um governo provisório.
Em Manaus os tenentes tomaram o poder e formaram um governo provisório, um Conselho Governativo liderado pelo tenente Ribeiro Júnior. Os revoltosos pretendiam “varrer o capitalismo do Brasil” – isso já era uma influência das ideias comunistas que entraram no Brasil após a Revolução Russa de 1917. Criaram o “Tributo da Redenção”, que era um imposto pago pelos ricos para socorrer os pobres. Os tenentes formaram a Comuna de Manaus que passou a controlar os matadouros tomados de empresários ingleses. Depois de 30 dias foram derrotados pelas tropas legalistas.
Os tenentes de São Paulo, depois de 22 dias de lutas, seguiram para o Paraná, onde se juntaram em abril de 1925 a uma coluna vinda do sul. Dispostos a estender a campanha antigovernista por todo o país iniciaram a “Coluna Prestes”, comandada por Luís Carlos Prestes e por Miguel Costa. Até fevereiro de 1927 percorreram cerca de 24 mil quilômetros. Entre 800 e 1500 homens participaram da coluna (nem todos eram militares), denunciavam às populações mais desinformadas os problemas que a nação vinha enfrentando com os fazendeiros no poder.
Um abraço,
Prof.Gilberto

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

“África Africans – arte contemporânea africana” – no Museu Afro Brasil – recomendações aos alunos da E. E. Casais Monteiro; questões/roteiro

Segue o encaminhamento com recomendações aos alunos (E. Médio) da E.E. Adolfo Casais com algumas recomendações/questões de roteiro para a visita que realizamos em 18 de agosto.
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África Africans, a maior mostra de arte contemporânea organizada em nosso país, está montada desde 26 de maio no Museu Afrobrasil.
Este espaço é muito importante, pois destaca a participação africana e afrodescendente na construção de nossa identidade cultural.
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Precisamos respeitar as regras do ambiente que nos acolherá.
Podemos fotografar (sem o uso de flash), mas não nos é permitido tocar as obras ou ultrapassar a linha de demarcação que as protege. Profs: Gilberto, Fernando, Suelen e Paiva
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Abaixo seguem algumas questões que preparamos para elaboração de síntese de duplas:
1- Quais são os principais aspectos e/ou pontos positivos da exposição?
2- Avalie os modelos apresentados pelos estilistas (telão/desfile de moda). A inserção do desfile na exposição é positiva? Por quê?
3- A quais reflexões nos remetem a obra de Aston (Benin)?
4- Cite ao menos uma obra que tenha chamado a atenção para comentar.

Um abraço,
Prof.Gilberto

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

“África Africans" – arte contemporânea africana” – no Museu Afro Brasil – as instalações de Aston e Gérard Quenum (do Benin) e de Yinka Shonibare Bem (Inglaterra/Nigéria)

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2015/08/africa-africans-arte-contemporanea.html antes de ler esta postagem:

África Africans, a maior mostra de arte contemporânea organizada em nosso país, está montada desde 25 de maio no Museu Afrobrasil, que fica no Parque do Ibirapuera (Avenida Pedro Álvares Cabral, Portão 10 - Parque Ibirapuera, São Paulo).
Até 30 de agosto.
De terça a domingo: 10:00 - 17:00. Entrada franca.
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A intenção aqui é a de deixar algumas considerações sobre as obras de Aston e Gérard Quenum (do Benin) e de Yinka Shonibare Bem (Inglaterra/Nigéria).
Há muito que ser relatado a respeito das demais obras... Mas tal empreitada exigiria esforço ainda maior... Sem dúvida, a falta de capacidade intelectual do autor também é inibidora de tal intento.
As instalações de Aston e de Quenum estão no piso inferior... Ao entrarmos no museu temos de descer os degraus que dão acesso ao salão onde também se realizou o desfile de moda.
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A obra de Aston ocupa grande parte do pavimento... Várias peças (a maioria delas é de resíduos plásticos, arames e borrachas) recolhidas pelo artista durante mais de vinte anos compõem um enorme painel que bem pode ser comparado a uma maquete.
De um lado vemos o mapa da África... Do outro lado notamos várias embarcações que parecem seguir para o continente... Entre os dois vemos numerosos elementos representando africanos capturados e encaminhados para o tráfico. Muitos “seguem” juntos no rumo das embarcações. Eles parecem unidos por um instrumento que os acorrenta.
Por todo lado vemos “corpos” caídos... Esses tombaram durante a resistência que travaram contra os opressores... Há aqueles que se tornaram vítimas da violência praticada pelos imperialistas.
As embarcações estão abarrotadas... Vários “corpos” estão fora, como que descartados ao mar... Pura evidência da grande quantidade de prisioneiros mortos durante as trágicas viagens.
Também há uma embarcação que parece repleta de detritos... Talvez represente o lixo que os países europeus devolveram àqueles povos.
Cavaleiros (ou guerreiros africanos montados em camelos) foram posicionados como que a formar uma moldura que lembra o contorno de uma embarcação gigante (um navio negreiro?). Entre eles há muitos caídos.
Tudo isso nos faz pensar...
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A obra de Gérard Quenum que está posicionada na parede é assustadora... Evidentemente ela denuncia os horrores provocados pelas guerras que acontecem em todo o mundo.
Os capacetes usados por soldados nos dão a impressão de terem sido utilizados há bem pouco tempo... Cada um “carrega” uma cabeça de boneca.
Normalmente o artista consegue essas bonecas abandonadas por aí... Sabe-se que em várias de suas obras elas são “motivações” recorrentes. Em África Africans  elas conseguem retratar um pouco dos dramas que as inocentes crianças sofrem a cada conflito travado entre os beligerantes.
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Uma das montagens mais surpreendentes é Egg Fight, de Yinka Shonibare Bem.
Vemos um painel repleto de ovos separando dois manequins que trajam belas vestes guerreiras. Na parte superior do painel os ovos estão destruídos... Nenhum dos oponentes tem cabeça.
Podemos pensar que os dois soldados são europeus (os manequins são brancos)... O motivo pelo qual lutam, ou talvez o próprio conflito, pode explicar o fato de terem “perdido a cabeça”...
Eles bem poderiam estar atirando ovos um contra o outro... Mas são armas de fogo o que têm às mãos! Por que lutam? O que disputam?
Se pensarmos que a referência nos remete aos conflitos “neocolonialistas”, poderemos considerar que a divertida obra também está denunciando (de modo debochado) a ganância e intolerância dos imperialistas, além do seu descaso em relação aos nativos...
Um abraço,
Prof.Gilberto

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

“África Africans" – arte contemporânea africana” – no Museu Afro Brasil - "Os Reis Africanos"; um desfile; a instalação de Dominique Zinkpè (Benin)

África Africans, a maior mostra de arte contemporânea organizada em nosso país, está montada desde 25 de maio no Museu Afrobrasil, que fica no Parque do Ibirapuera (Avenida Pedro Álvares Cabral, Portão 10 - Parque Ibirapuera, São Paulo).
Até 30 de agosto.
De terça a domingo: 10:00 - 17:00. Entrada franca.
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O espaço é muito importante, pois destaca a participação africana e afrodescendente na construção de nossa identidade cultural.
E a mostra também é muito importante por revelar uma arte de vanguarda... E há muito a ser celebrado... Nas várias telas e instalações, a história e costumes dos povos africanos se escancaram aos nossos olhos. Notamos um “quê” de denúncia, mas não é só isso.
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Tudo impressiona... Porém não é possível tratar do todo.
Seguem algumas considerações:
A série de fotografias “Os Reis Africanos” (Alfred Weidinger) revela-nos orgulho... A altivez dos soberanos fotografados está estampada em seus olhares, e não apenas em suas belas vestes, tronos e cetros.
O telão exibe o desfile de modelos trajando produções de cinco estilistas africanos. Entre eles, os celebrados Xuly Bët (Mali) e Imane Ayissi (Camarões)... África do Sul, Nigéria e Quênia também estão representados respectivamente por Palesa Mokubung, Amaka Maki Osakwe e Jamil Walji.
Do lado do espaço onde está o telão (o evento foi realizado no próprio museu) estão expostos alguns vestidos apresentados durante o desfile.
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Mais nomes: Ablade Glover (Gana), Aston (Benin), Bright Ugochukwu Eke (Nigéria), Bruce Clarke (Inglaterra/África do Sul), Dominique Zinkpè (Benin), El Anatsui (Gana), Gérard Quenum (Benin), Hector Sonon (Benin), Joël Andrianomearisoa (Madagascar), Julien Sinzogan (Benin), Kifouli Dossou (Benin), Naomi Wanjiku Gakunga (Quênia), Nnenna Okore (Nigéria), Owusu-Ankomah (Gana), Rémi Samuz (Benin), Soly Cissé (Senegal), Rchif (Benin) Yinka Shonibare Bem (Inglaterra/Nigéria), Yonamine (Angola). Salas especias: Les Arts Premiers, Christian Cravo – Luz & Sombra (Fotografias) e Alfred Weidinger, Os Reis Africanos (Fotografias).
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A imagem selecionada para ilustrar este trecho foi extraída de http://arspublica.com.br/arte-contemporanea-da-africa.
A instalação de Dominique Zinkpè (Benin) faz pensar... Um ambiente escuro... O som das ondas quebrando na praia enche os nossos ouvidos... À direita e à esquerda, a areia... Temos de prosseguir à frente pelo centro da sala...
Sobre a areia estão várias sandálias com nomes de pessoas grafados... Acima das sandálias (arranjados como móbiles) pendem ícones... Eles “flutuam” em direção à beira mar?
O que vemos na parede do fundo é um filme. Há a praia com uma grande cruz fincada... Um a um, vários tipos aparecem crucificados nela (homens, mulheres, negros, brancos...). Entre as imagens de crucificados notamos que alguém (as próprias pessoas?) escreve nomes próprios em sandálias...
É para pensar...
Cada um carrega a sua "cruz existencial"? É isso?
Mas por que o nosso fim estaria naquelas areias? Por que vamos em direção àquelas águas? Será que é porque foi a partir delas que a vida se originou?
O som das ondas quebrando na praia prossegue enchendo os nossos ouvidos.
Deixamos o ambiente sabendo que as águas continuam chegando à praia.
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Para a próxima postagem vamos reservar umas linhas para algumas impressões sobre as obras de Aston e Gérard Quenum (também do Benin) e de Yinka Shonibare Bem (Inglaterra/Nigéria).
Um abraço,
Prof.Gilberto

domingo, 16 de agosto de 2015

“Aprendendo com Anne Frank – histórias que ensinam valores” – nas unidades Senac

Onde estive em 18 de julho?
No Senac de Santo Amaro (Rua Doutor Antônio Bento, 393) em visita a Aprendendo com Anne Frank – histórias que ensinam valores.
Essa exposição estava programada para permanecer na unidade até dia 30 de julho... Sabemos ela foi encerrada antes do anteriormente anunciado. Uma pena.
Mas também é certo que ela é “itinerante” e pode ser alcançada em outro endereço... Ao que tudo indica poderá ser visitada até o final do ano que vem. São mais de cinquenta unidades Senac!
(...)
É como diz Nanette Blitz Konig, ex-colega de Anne Frank: é preciso entender que além do “não querer nunca mais” (que aquelas atrocidades ocorram), devemos saber o “nunca mais de quê”.
Aprendendo com Anne Frank cumpre um pouco dessa tarefa... A exposição é resultado do esforço e parceria do Senac com a Embaixada dos Países Baixos, Casa Anne Frank e Instituto Plataforma Brasil por ocasião de Brasil e Holanda – paz e justiça (um projeto maior, organizado em 2014 no Centro Universitário Senac - Avenida Engenheiro Eusébio Stevaux, 823. Santo Amaro).
Os diversos documentos nos levam a refletir sobre a intolerância dos regimes totalitaristas e sobre os dramas que eles ocasionam...
Alguns painéis, reproduções fotográficas, objetos relacionados ao nazismo/holocausto e maquetes elucidam a trajetória da breve existência da menina que continua encantando a todos os que conhecem a sua história.
A reprodução fotográfica da vista panorâmica do endereço do escritório onde Otto Frank trabalhava (com um recorte que revela o “anexo”) nos leva à Amsterdã dos dias de esconderijo... É como se estivéssemos contemplando as “vistas aéreas” cada vez mais comuns em programas de televisão e na internet.
Vemos um grande painel fotográfico em que Anne aparece por inteira... Tão jovem e tão parecida com as demais garotas de sua idade... Imaginamos como seria se vivesse entre nós... Inteligente como era provavelmente interagisse pelas redes sociais, compartilhando as suas reflexões e temores... Não é por acaso que a um canto podemos notar um laptop que exibe “sua página” com seguidores e tudo o mais.
(...)
Somos levados a pensar também em nossa sociedade... Todos são respeitados?
É Joëlke Offringa (presidente do IPB – Instituto Plataforma Brasil) quem nos lembra de que, mais do que contribuir para a tolerância, devemos “celebrar as diferenças”.
Certamente uma garota como Anne nos leva a refletir sobre as injustiças e discriminações que tantos vivenciam cotidianamente.
Uma sociedade que respeita o direito do outro.
É isso o que ela defenderia!
E mostraria que é preciso levar justiça a todos...
Aprendendo com Anne Frank – histórias que ensinam valores nos adverte para isso.
(...)
Um abraço,
Prof.Gilberto

domingo, 2 de agosto de 2015

“Falsa Escuadra” – com a Cia. Movimento Armario (Arg)

Onde estive em 5 de junho?

A Cia Movimiento Armario, da Argentina, montou Falsa Escuadra, espetáculo circense que fez parte do projeto “Circos – Festival Internacional Sesc de Circo” (até 7/6/2015 nas unidades Sesc).
Um armário, dois irmãos e muita arte...
O incrível está na simplicidade...
Muita mímica e alguns divertidos malabares foram suficientes para entreter a criançada que se acomodou na escadaria da Praça Pau-brasil.
Durante a hora em que estiveram em ação, os rapazes disputaram o apreço do público... Conseguiram transmitir a mensagem de que nos realizamos melhor quando nos abrimos à amizade... Quando nos realizamos com o nosso próximo...
É simples e direto:
“O companheirismo nos leva a superar as diferenças e vaidades.”
Um abraço,
Prof.Gilberto

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