terça-feira, 26 de maio de 2015

“A Legião Negra – A luta dos afro-brasileiros na Revolução Constitucionalista de 1932”, de Oswaldo Faustino – prisão do pequeno grupo de voluntários; o fim da guerra; cargos aos vencedores; lideranças exiladas; “vitória moral e política” dos paulistas

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2015/05/a-legiao-negra-luta-dos-afro_25.html antes de ler esta postagem:

O velho Tião se emociona ao recordar os tempos da Legião Negra e da Guerra... É com orgulho que conclui que os paulistas “não fugiram à luta” e nem temeram a própria morte, como diz o Hino Nacional.
São Paulo lutou contra o Brasil inteiro! Menos de 35 mil contra centenas de milhares de federais!
Houve quem imaginasse que, assim como o Davi bíblico derrubou o gigante Golias, os constitucionalistas pudessem vencer as tropas getulistas...
Mas desde o começo a guerra de 1932 deixou claro que a superioridade bélica seria determinante para a vitória do mais bem equipado.
(...)
Estávamos naquele ponto em que Bento morreu após sua atitude solitária ao enfrentar uma grande quantidade de soldados getulistas...
A iniciativa heroica, e ao mesmo tempo suicida, poderia ser explicada a partir de seus questionamentos sobre a ingratidão em relação à sua gente? Enquanto os negros da Legião morriam pela causa nas frentes de combate, seus parentes estavam sendo despejados dos cortiços onde viviam sem o menor reconhecimento...
Foi graças ao sacrifício de Bento que Tião e os outros cinco companheiros chegaram à ferrovia... Esconderam-se numa pequena estação, mas acabaram presos... Porém logo foram libertados, pois o conflito se encerrou na sequência.
(...)
Só mesmo o velho Tião em seu banco de praça poderia recapitular os acontecimentos...
Nove de julho de 1932 marcou o início da guerra. São Paulo resistiu sem os auxílios prometidos por outros estados... Foi uma luta isolada...
Pouco mais de um mês depois, o general Bertoldo Klinger quis recuar demonstrando-se disposto a um armistício... Mas, além de não encontrar apoio, sofreu críticas da população empolgada e mobilizada a partir dos discursos mais inflamados.
Tião sabe que para aqueles que estavam distantes do campo de batalha era bem fácil exigir que a guerra prosseguisse... Os moradores da capital nem tinham ideia de que o “cessar fogo” já era uma realidade para os soldados constitucionalistas, pois não havia munição suficiente para todos.
Também as exigências feitas pelo comandante das forças getulistas, o general Góes Monteiro, para a deposição das armas em setembro foram consideradas humilhantes...
Oficialmente, a rendição foi assinada na manhã do dia 2 de outubro na cidade de Cruzeiro... Pode-se dizer que já na véspera havia uma ordem para que os voluntários e soldados das tropas regulares de São Paulo depusessem as armas... Isso apenas torna a morte de Bento ainda mais dramática, já que o armistício foi assinado algumas horas depois de seu martírio.
(...)
Góes Monteiro anunciou pelo rádio o fim do conflito... Ele garantiu que os paulistas não sofreriam retaliações...
Ocorreram alguns protestos contra o discurso do representante de Getúlio, mas logo eles se arrefeceram... Monteiro recebeu do presidente o Ministério da Guerra... O general Valdomiro de Lima, gaúcho que também comandava as tropas governistas na região, foi nomeado interventor do estado de São Paulo.
À tarde, Pedro de Toledo foi deposto do governo do estado... Ele e os comandantes da revolução foram exilados...
Os radialistas não se dobraram e passaram a afirmar que os paulistas não foram derrotados...
Em vez disso, garantiam que haviam vencido política e moralmente, pois a revolução forçou Vargas a definir data para as eleições que ocorreriam no ano seguinte, quando uma Assembleia Constituinte elaboraria a tão sonhada Constituição.
                                   p.s: a Constituição foi promulgada em 1934, então os exilados puderam retornar ao país.
Leia: A Legião Negra. Selo Negro Edições.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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