Então é isso... O andy Polokov, o primeiro da lista de Deckard em sua caçada, estava atuando como se fosse membro da WPO soviética... Ao encaminhar Kadalyi para junto do caçador de androides, Harry Bryant não sabia que estava colocando o policial sob a mira do tubo de laser de Polokov.
O humanoide iniciou o ataque no interior do hovercar... Mas ocorreu que, mesmo tendo acionado o “miniaparelho de disparo” seguidas vezes, a arma não projetava nada que pudesse ferir Deckard.
(...)
Acontece que Deckard ativou
“o botão de emergência no piso do hevercar”... Polokov não entendia o que
ocorria com o seu equipamento... Então Deckard explicou que a onda senoidal
interrompia qualquer emanação de laser... O raio se transformava em luz...
Polokov vociferou e partiu para o ataque físico... Agarrou
o pescoço do tira com as duas mãos. Nesse momento a garganta de Deckard foi sufocada,
mesmo assim ele conseguiu disparar o antigo Magnun 38 que levava acomodado em
seu coldre de ombro...
O andy foi atingido na cabeça e sua caixa craniana foi destroçada...
Isso significa que a unidade Nexus-6 ali alojada despedaçou-se... O hovercar
foi preenchido por forte rajada de vento...
Restos do androide bateram contra a porta do carro e
caíram sobre Deckard... Depois de se livrar deles, ligou para o Palácio de
Justiça informando sobre a “aposentadoria do andy Polokov”... A telefonista
perguntou se Harry Bryant entenderia o significado daquela mensagem... Deckard
respondeu que sim.
(...)
Depois do episódio com Polokov, Deckard pensou no “aviso” que Rachael
lhe tinha dado... Ela não havia mentido, pois suas informações em relação à
sagacidade dos Nexus-6 se confirmaram logo no primeiro confronto... Estava
trêmulo e só aos poucos voltou a se acalmar...
Depois se sentiu aliviado porque, apesar do sério risco que havia
corrido, acabara de conquistar mil dólares... Deckard lembrou-se de Dave Holden
e por um instante se considerou “mais rápido” do que ele... Mas não lhe faltava
consciência de que o outro não tivera um “aviso” como o que tinha recebido...
Além disso, a fracassada experiência de Dave no confronto com Polokov serviu
como que objeto de análise para Deckard...
(...)
Ele pegou novamente o vidfone... Dessa vez pretendia falar com Iran...
Esperava vê-la animada... Mas o que apareceu na tela foi um rosto choroso e
lamuriento... Ela o cumprimentou e ele quis saber o que havia acontecido com a programação
que definira para ela no Penfield... Ele deixara tudo certo para um “594”!
Iran respondeu que reprogramou tudo de acordo com sua intenção de
vivenciar desalento... E foi dizendo que nada esperava de sua existência além
de infelicidades... Falou do casamento tentando adivinhar o motivo de seu
contato... Havia sido atacado por algum andy? Não via sentido em viver com alguém
que arriscava a vida na caçada àquelas máquinas.
Deckard via a mulher, mas
mal ouvia a sua falação lamurienta... É que ao fundo o som da televisão com a
algazarra de Buster Gente Fina abafava sua voz... Ele a interrompeu e falou
brevemente sobre a dificuldade que estavam tendo para eliminar “um novo modelo
de androide”, mas, ao que tudo indicava, ele conseguiria dar conta do
trabalho... E emendou que já havia “aposentado” o primeiro de uma lista.
Deckard estava animado e queria que Iran
soubesse que seu trabalho melhoraria a vida dos dois e possibilitaria a
aquisição de um verdadeiro animal de porte... Mas ele percebeu que por mais que
pretendesse transmitir otimismo parecia que estava “conversando com o nada”.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/10/androides-sonham-com-ovelhas-eletricas_90.html
Leia: Androides sonham com ovelhas elétricas? Editora Aleph.
Um abraço,
Prof.Gilberto