Não posso deixar de postar aqui algo sobre a
exposição Impressionismo: Paris e a
Modernidade que está montada desde 4 de agosto no Centro Cultural Banco do
Brasil de São Paulo (Rua Álvares Penteado, 112. Centro). Até dia 7 de outubro é
possível conhecê-la, e gratuitamente... Fizemos a visita no domingo, dia 26. Encaramos quatro horas de fila, mas valeu a pena. Entre as muitas pessoas que aguardavam, notavam-se estudantes de arte, artistas plásticos e admiradores...
Alguns já
sabiam bem o que contemplariam, conheciam as telas porque tiveram a oportunidade de visitá-las na
França... Outros ainda eram os que lidam com exposições e vieram de longe para a
visitação, mas é claro que esses não eram o caso da maioria do pessoal...
São 85 ricos e
significativos quadros do acervo do Museu d’Orsay, de Paris... No histórico
prédio do Centro Cultural, estão organizados de acordo com as temáticas Paris é uma Festa; A Vida Urbana e Seus Atores; Paris:
A Cidade Moderna; Fugir da Cidade;
Convite à Viagem; Na Bretanha; A Vida Silenciosa...
No piso térreo assistimos
ao audiovisual com informações sobre a instalação do d’Orsay, antiga estação
ferroviária que foi transformada em "Museu dos Impressionistas"... Pegamos o
elevador e seguimos para o quarto pavimento, onde estão expostos os quadros das
temáticas Paris é uma Festa e A Vida Urbana e Seus Atores. Ali estão
quadros importantíssimos que conhecemos das enciclopédias e outros manuais...
Não há como não relacionar a efervescência cultural impressionista aos
tempos de industrialização na Europa... Máquinas a vapor e estações
ferroviárias passaram a compor cenário onde já predominavam a torre Eiffel e a
catedral de Notre Dame. Os espetáculos teatrais e o cotidiano burguês são
retratados... Em Paris é uma Festa; A Vida Urbana e Seus Atores; Paris: A Cidade Moderna esses motivos
são contemplados...
Mas a vida retirada,
o silêncio e a simplicidade do campo também atraem os artistas... Os
impressionistas queriam representar a vida e o seu movimento sem perder a luz e
os vários matizes... Em Fugir da Cidade;
Convite à Viagem; Na Bretanha; A Vida Silenciosa esses motivos são contemplados. Conforme descemos
os pavimentos do CCBB realizamos a viagem...
Os
impressionistas constituíram um grupo diferenciado (foram nabis - profetas), convergiram e divergiram... Produziram maravilhas.
Dê
uma chance à sensibilidade e visite a exposição, lá estão Van Gogh, Cézanne,
Monet, Renoir, Manet, Gauguin, Pissaro, Degas Toulouse-Lautrec, e muitos
outros.
Um abraço,
Prof.Gilberto
Talvez
seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/08/a-moreninha-de-joaquim-manuel-macedo_30.html antes de ler esta postagem:
Augusto contou que a amiguinha perguntou-lhe se
a achava bonita ou feia... Nem pensava sobre essas coisas, mas respondeu que
era muito bonita... A garotinha disparou que quando crescessem se casariam...
Ele concordou... A menina manifestou sua admiração pela pele rosada e cabelos
louros de Augusto...
Conversavam sobre essas
inocências quando foram “despertados” pelo choro de um garoto que caminhava aos
prantos na direção deles... Quiseram saber o que se passava e o menino disse
que vivia numa casinha a pequena distância dali, e que o pai estava acamado e
muito doente... Os três seguiram à casa do garoto... Neste ponto, Augusto
descreve um cenário que jamais conhecera, de extrema pobreza e sofrimento... O
homem doente estava acamado e cercado por sua velha mãe e pelos seus três filhos
magros e malvestidos... O pai do menino estava mesmo muito mal. Tão triste cena
levou-os ao choro.
O adoentado quis saber quem
eram os que acabaram de chegar... Augusto e a amiga quiseram saber o que ele
tinha. A mãe do homem disse que a dificuldade dele era saber que a família
morreria de pobreza e fome... É claro que as duas crianças de famílias
abastadas se espantaram, pois não imaginavam que alguém pudesse morrer de
fome... Augusto
lembrou que no mesmo instante a amiga tirou uma moeda de ouro do seu avental e
entregou à pobre velha... A garota disse que o padrinho havia dado a ela, mas a
oferecia para aquela família porque passavam necessidade... Instintivamente,
Augusto também entregou uma nota que trazia consigo... A mulher e seus netos abraçaram as duas crianças... O adoentado insistiu querendo saber quem
eram aqueles dois...
A amiguinha de Augusto
respondeu apenas que eram duas crianças... O velho disse que se eram dois anjos
que ali chegaram... Quis saber se eram irmãos e a menina disse que Augusto era
seu marido... O doente disse que desejava que Deus realizasse o desejo daquelas
crianças... Depois de beber um pouco de água, um tanto delirante, prosseguiu
dizendo que os “via” casados no futuro. Com esforço, alcançou dois escapulários
numa gaveta e os entregou à mãe.
Ele pediu que a velha
senhora descosturasse os escapulários... Perguntou ao pequeno Augusto o que ele
teria a oferecer naquele momento à pequena amiga... Augusto seguiu contando à
dona Ana que, naquela ocasião, carregava um camafeu que ganhara do pai... O
homem entregou o camafeu à mãe e pediu para ela costurar o escapulário branco
com o camafeu dentro... Depois ele perguntou à menina o que ela trazia que
pudesse ser ofertado a Augusto... Ela
entregou um botão de esmeralda de sua blusa. O homem procedeu do mesmo modo,
pedindo que sua mãe costurasse o escapulário verde com o botão de esmeralda...
Os escapulários foram trocados e cada um colocou o que ganhou no pescoço. O
homem adoentado, então, disse a Augusto e à sua amiga (que sequer sabia o nome):
“Ide meus meninos, crescei e sede felizes”.
Os dois deixaram o
casebre e combinaram o que diriam aos pais sobre os objetos que acabaram
trocando... O tempo que permaneceram longe da família alongou-se, então deviam
seguir rápido para casa... Antes, porém, prometeram manter seus escapulários
escondidos. Trocaram juras a esse respeito... Aguardariam a idade adequada para
se casarem.
Tudo
isso Augusto contou à senhora dona Ana na gruta... De fato, uma história de “prender
a atenção”. De repente ele ouviu um ruído que vinha de fora... Mas ao
verificar, notou apenas a pequena Carolina encostada e pensativa... Depois
disso, Augusto retornou à sua narrativa.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/09/a-moreninha-de-joaquim-manuel-macedo.html
Leia: A Moreninha. Série Reencontro – Literatura. Editora Scipione.
Um abraço,
Prof.Gilberto
Talvez
seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/08/a-moreninha-de-joaquim-manuel-macedo_24.html antes de ler esta postagem:
Mais tarde todos seguiram para o agradável
passeio pelo jardim... Formaram-se casais e os cavalheiros seguiram de braços
dados às senhoras... Trocaram palavras delicadas como era do costume...
Conversas animadas, respeitosas e carinhosas... Uma elegância só na qual se
percebia o afetuoso jogo da conquista... Afinidades afloravam... Augusto,
porém, permanecia só... Além dele, Carolina estava desacompanhada porque não
fazia mesmo questão de companhia. Rejeitava os acompanhantes porque preferia correr,
saltar e permanecer livre para poder caçoar das amigas.
Foi dona Ana quem se
aproximou de Augusto... Ela principiou dizendo que estranhava o modo como ele
havia defendido durante o jantar a sua condição de tipo inconstante quando o
assunto era o amor... Ela rebateu a sua ideia (de que se tratava apenas de uma
opinião sem maiores consequências)... Disse que, se assim fosse, as famílias
corriam riscos, pois a base da paz familiar está na constância das relações... Depois, a avó de Filipe falou que não
acreditava que Augusto pensasse sinceramente daquela maneira, e argumentou que
provavelmente o rapaz se manifestava assim para atrair o interesse das moças.
Augusto disse que não, e manifestou que aquilo era consequência de seu desejo
de buscar sossego... Explicou que, permanecendo inconstante, mantinha-se fiel a
um antigo amor.
Dona Ana se interessou... Quis saber se era bonita a moça pela qual seu
coração devotava tanta fidelidade... Augusto disse não ter condições de
responder, pois sequer lembrava-se do semblante da amada... Nem mesmo sabia onde
ela vivia. Ao perceber que aguçava a curiosidade da anfitriã, propôs que
conversassem mais calmamente numa gruta localizada num rochedo.
O interior da gruta era
agradável. Além de uma relva onde podiam se sentar, havia uma bacia natural de
pedra onde se acumulava água límpida e fresca que caía gota a gota do alto...
Um copo de prata preso a uma corrente estava à disposição de quem quisesse
matar a sede. Depois de perceber que estavam distantes e afastados dos olhares
dos demais, Augusto deu início à sua história, que ganhava contornos misteriosos e já instigava dona
Ana.
Ele contou que quando
tinha treze anos, passou alguns meses na corte... Viviam numa fazenda do
interior, mas negócios importantes levaram seu pai a deslocar a família ao Rio
de Janeiro... Numa ocasião, quando brincava numa praia, conheceu uma menina que
contava uns oito anos de idade... Ele a descreveu como agradável e alegre... A
criança mais bonita que já vira... Um anjo de cabelos negros e anelados...
Contou que se aproximou dela e notou que ela estava encontrando dificuldades
para apanhar uma concha na areia por causa das fortes ondas... Resoluta, a menina suspendeu o
vestido até os joelhos e tentou alcançá-la, mas caiu e, ofegante, disparou na
direção dele... Disse que “ia morrer afogada”. Mas isso foi por um instante,
pois a seguir pôs-se a rir muito da situação... Augusto conta que decidiu pegar
a concha para a bela menininha... Depois disso tornaram-se amigos e por horas a
fio brincaram e riram na areia.
Veremos
que esse encontro casual não terminou por aí...
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/08/a-moreninha-de-joaquim-manuel-macedo_31.html
Leia: A Moreninha. Série Reencontro – Literatura. Editora Scipione.
Um abraço,
Prof.Gilberto
Há este livro de Mustafa Yasbek, Os bandeirantes, da série O Cotidiano da História (Editora Ática).
Todos devem saber que a
História da Colonização do Brasil é marcada por episódios de confronto... Durante
os séculos XVII e XVIII aconteceram expedições de bandeirantes paulistas para o
interior. Buscaram recursos que garantissem sua sobrevivência porque as
dificuldades na cidade de São Paulo eram imensas.
Sobre os bandeirantes
paulistas afirma-se que desbravaram o interior, enfrentaram os perigos
naturais, atravessaram a linha estabelecida pelo Tratado de Tordesilhas (1494),
entraram em confronto com indígenas e jesuítas das chamadas reduções,
descobriram regiões auríferas e fundaram cidades... Atuaram no combate aos
quilombos...
Yasbek narra uma história que
atrai a atenção dos alunos... É uma história fictícia, mas tem base em
documentos e a partir dela aprendemos a temática em questão... Quais as
condições de vida na antiga São Paulo? Quem eram os bandeirantes? Como uma
expedição era planejada? Quem fazia parte? Que perigos enfrentavam? Quem eram
seus inimigos? Quais as expectativas dos que partiam? E a dos que permaneciam
na cidade?
Questões sobre heroísmo e
crueldade dos bandeirantes certamente vêm à tona após leitura de Os bandeirantes...
O
recorte definido por Yasbek nos leva ao início de uma expedição à província
espanhola de Guairá (para a captura de indígenas que viviam em reduções
organizadas por jesuítas). É claro que não dá conta de todas as questões relacionadas
ao bandeirantismo... O livro apresenta uma segunda parte que contempla a
contextualização do conteúdo na História e fornece as informações necessárias
para a organização do conhecimento do estudante.
Leia: Os bandeirantes. Série O Cotidiano da História. Editora Ática
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/09/os-bandeirantes-de-mustafa-yasbek-serie.html
Um abraço,
Prof.Gilberto
Não é preciso encontrar motivos para ler... Se
os procurarmos, elencaremos muitos. Normalmente escolhemos os livros, pois já
temos gosto e interesse específico por determinados temas. Não poucas vezes,
textos chegam às nossas mãos sem que fôssemos atrás deles... É muito comum
descartar esses porque já estamos comprometidos com outros conteúdos. Em nosso
convívio sempre há leitores que dão dicas sobre algo que leram... Insistem para
que reservemos um tempinho para a sugestão... Isso propicia troca de ideias, é
saudável... Acontece diversas vezes... O saldo é positivo.
As leituras de “A menina
que roubava livros”, “Caçadores de pipas” e muitas outras foram proporcionadas
por essa troca... Não vamos atrás dos best
sellers, mas essas generosidades acabam colocando-os em nossas mãos. Foi
isso que aconteceu com o Tempo de Esperas,
do padre Fábio de Melo... Mais um livro que me foi emprestado pela Lourdes
(minha irmã parapsicóloga que aparece ali entre os seguidores).
Quero registrar aqui o porquê
de ter decidido partilhar a história e as mensagens que seguiram... Foram muitas postagens... Livro de
narração é simples... Leitura fácil mesmo... Viram-me com ele e ouvi que se
tratava de “livro de padre”, “autoajuda”, essas coisas... Pelo menos de minha
parte, não foi com essa perspectiva que decidi escrever sobre ele... Nem o blog
tem essa característica, já que ele permanece mais como continuador daquelas
“antigas anotações”, produto de leituras (como nos velhos tempos).
O conteúdo deste Tempo de Esperas
instiga e nos leva a refletir sobre nossas vivências. O percurso de Alfredo é o
de muitos estudantes (especialmente os de Filosofia)... Os estudos que iniciam
parecem “divisores de águas” de suas existências... Eles os levam a questionar
o modo de viver que até então experimentavam. Sua “visão de mundo” muda
sensivelmente. Sentem-se conduzidos ao desprezo a tudo o que seja senso comum
e simples demais... Lá se vão os laços de família, os aprendizados que forjaram sua infância, vínculos religiosos...
É muito difícil segurar o
ímpeto dos mais jovens que se rebelam com as estruturas tradicionais (família,
escola, igreja...), principalmente aqueles que acreditam ter encontrado a “verdade
numa Filosofia”... Amargurados e cheios de razão, distanciam-se de seu “eu
verdadeiro”, desorientados, não conseguem se resgatar.
Fábio de Melo apresenta-nos
a situação do jovem intelectual que acreditou ter encontrado o “grande amor de
sua vida”, Clara, a pessoa que o completaria... Ele tem suas ambições e entende
que a veneração dos que o cercam deva ser consequência natural. Para ele,
quanto mais se tornar o “porto seguro” e centro das atenções de Clara, tanto
mais se tornará realizado... Então, fundamentado em seus estudos, pretende ser
para ela aquele que esclarece suas dúvidas e explica-lhe todos os mistérios da
vida.
Mas nem os seus esforços para apresentar-se um
tipo seguro em seu racionalismo conseguiram evitar a separação... Isso o deixou
amargurado, derrotado... A trama marcada pela “fuga” de Clara com o florista
serviu para Alfredo experimentar seu “ressurgimento”. É Abner (Alfredo não
sabia que ele era o pai de Clara), o intelectual admirado pelo jovem, quem se
intromete na situação... E se torna o seu "orientador"... Fez isso porque via que a relação do casal poderia ser
salva... Há a inevitável correspondência entre os dois e, conforme ela flui,
verifica-se o aprendizado de Alfredo.
Abner vive seus
últimos dias... O rapaz não sabe, mas aquele que admira como modelo intelectual
ideal tem muito a dizer sobre os equívocos de seu racionalismo egocêntrico
exacerbado... A partir da experiência que ele mesmo acumulou, sugere o cultivo
do jardim... Algo bem simples... E é no cotidiano lidar com a terra, sementes,
plantas e flores que Alfredo trilhou a transição para a sabedoria... Ali experimentou
o “tempo das esperas”... Aprendeu que “há vitória nas derrotas”, que nossas
vidas são de perdas que devem ser superadas para que o novo ocorra... No
jardim valorizou a “personalidade das flores”, e passou a respeitar a
sabedoria dos que são simples, e a dar importância aos vínculos familiares.
Particularmente,
cultivo um pequeno jardim (um canteirinho) que possibilita o contato com um gramado, plantas, flores e visitas de pássaros... Concordo com os
ensinamentos do velho professor... Inclusive sobre como somos tentados a
mergulhar em certos “projetos intelectuais” que, analisados profundamente, são
esvaziados de sentido e camuflam “frustrações indizíveis”...
Leia:
Tempo de Esperas. Editora
Planeta.
Um abraço,
Prof.Gilberto
Talvez
seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/08/a-moreninha-de-joaquim-manuel-macedo_23.html antes de ler esta postagem:
Vinte e seis pessoas se ajeitaram para jantar...
Augusto ficou entre dona Quinquina e outra jovem chamada Clementina. Ao lado
dessa moça estava um alemão interessadíssimo apenas em seu copo. À frente deles
estava Carolina, a Moreninha que contava 15 anos e era irmã de Filipe.
Percebendo que Clementina
falava gracejos sobre as demais garotas, Augusto provocou-a pedindo que fizesse
comentários também sobre a Moreninha... Clementina disse apenas que se tratava
apenas de uma garota “travessa como um beija-flor, inocente como uma boneca...
Curiosa como todas as mulheres”... Carolina disse que a outra gostava de falar
coisas engraçadas e inocentes, e que era desse modo que procurava ofuscar as
demais... Não houve como notar que a personalidade de Carolina era mesmo muito
marcante.
Quinquina disse a Augusto que ele chegou muito tarde à ilha... Ele fez
uns comentários sobre não se importar em andar só e sobre como também a vida
social pode se tornar insuportável... Fez uma referência a isso e deixou escapar um elogio
sutil à Quinquina... Mas ela não entendeu o gracejo, então foi a Moreninha quem
explicou as palavras do rapaz. Ela aproveitou para concluir que, próximos como
estavam, Augusto poderia tocar os pés da prima
por baixo da mesa... Eram só risos e todos demonstravam admiração pela desinibição da Moreninha, mas neste ponto dona Ana chamou a sua atenção... Augusto defendeu a menina, disse que estava gostando do gracejo e sutileza da Moreninha, aprovava suas intervenções
e não via nenhum incômodo nelas. Foi a própria Carolina, ao ouvir os elogios do
hóspede, quem decidiu parar de falar.
Então foi a vez de Fabrício
colocar Augusto em evidência... Era a “guerra” que se iniciava... Pretendia
desmoralizar o amigo perante todos, mas principalmente entre as moças. Porém, suas declarações injuriosas a respeito de Augusto eram todas replicadas
inteligentemente por este. Fabrício disse que Augusto era um conquistador inconsequente... Ele se defendeu dizendo que
sua inconstância se devia muito mais devido ao amigo ser o “maior conquistador
de moças”... Dona Ana interveio e deu sua opinião, dizendo que não considerava
Augusto volúvel como Fabrício queria fazer crer... Este insistiu afirmando que
Augusto tinha “coração de pedra”... Augusto respondeu que via beleza em todas
as mulheres, assim discordava sobre ter de se dedicar a uma só...
Alguém abriu um
champanhe, os moços tiveram de brindar à amada citando a primeira letra de seu
nome... Leopoldo pronunciou “M”; Filipe disse “C”; Fabrício balbuciou “J”...
Todos aguardavam Augusto que, erguendo a taça, disse “ao alfabeto inteiro!”
Depois
disso, Leopoldo aproximou-se de Augusto e perguntou sobre a aposta... Ele
respondeu que certamente a venceria... Perguntou também sobre sua opinião a respeito da irmã de Filipe,
a Moreninha... Augusto disse que sua opinião vinha mudando desde que chegara...
Seu conceito sobre ela estava melhorando.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/08/a-moreninha-de-joaquim-manuel-macedo_30.html
Leia: A Moreninha. Série Reencontro – Literatura. Editora Scipione.
Um abraço,
Prof.Gilberto
Talvez
seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/08/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir_18.html antes de ler esta postagem:
Ao final do encontro com Nadine, Henri ficou bem
chateado... A conversa que tiveram não foi amigável e nada de interessante
ocorreu. A moça foi embora e ele esvaziou o seu copo. Mais uma vez via-se refletindo
sobre suas opções desde a libertação... Tudo o que imaginou (militância no SRL; dirigir L’Espoir; permanecer
escrevendo com prazer...) não se concretizava de modo harmônico... Por quê? Era
o que queria saber.
Agora que estava só poderia
pedir papéis ao garçom e escrever, mas não se sentia em condições. Pensou no
que Nadine havia dito, “esquisita ocupação”... Talvez tivesse razão. Tanta
coisa ocorrendo, e como escrever sobre histórias irreais? Quando a guerra
estava para estourar no final da década anterior era assim que procediam... Por
que não proceder da mesma forma? Os russos saqueavam Berlim...
Saiu do café e já não
sentia a cidade como antes... Seu estado de espírito tornava tudo inexpressivo...
Paris não era mais a “cidade luz”. Estava com o texto de Peulevey... Tão moço e
tanto a escrever... Ele mesmo não conseguia “desenroscar” o seu livro... Que
gosto tinha a sua vida? Nenhum, sua vida era insossa... Sua ideia de escrever
sobre as “doçuras da paz”, que lhe ocorreu na noite de Natal estava mais longe
do que imaginava... Agora sentia que a primavera nada lhe oferecia... Nem mesmo
o corpo de Nadine.
Talvez pudesse “seguir a linha de seu partido”, assim se engajaria em
tarefas com algum sentido de ser. Passando pelo Bar Rouge, viu Julien bebendo solitariamente... Entrou para
conversar. O amigo disse-lhe que houve pancadaria no ambiente depois que um
tipo chamou Pétain de “o marechal”... Sem entrar em maiores detalhes, ofereceu scoth do legítimo... Henri aceitou sem
pestanejar... Bebeu grande quantidade e seguiu desabafando que, depois de um
dia cheio, um “restaurador” caía bem... Julien quis saber do caderno que Henri
carregava. Ao saber que era um romance de um jovem rapaz, opinou que o melhor
que o moço poderia fazer era deixar as folhas para que alguma criança se
divertisse... Talvez tornar-se bibliotecário, como ele próprio... Desabafou que
os colaboracionistas (que venderam manteiga ou canhões aos alemães) eram
perdoados, mas os que escreveram podiam ser fuzilados...
Julien ergueu o copo... Fez
um brinde ao massacre que os soviéticos realizavam em Berlim... Henri descartou
a conversa, pois àquela altura estava farto de temas políticos... Julien disse
que também os bêbados só falam em reerguer a França, e que por ali as moças
também só se envolviam em agitações, nada de prazer... Então convidou-o a
seguir para Montparnasse, onde havia moças encantadoras... Henri não topou,
estava cansado, e ouviu um “você também não é engraçado”... Julien retirou-se
do bar para seguir o seu caminho.
Mais uma vez Henri
ficou só e pensou que além de não ser engraçado também se tornara azedo... O
pós-guerra deveria ser engraçado? “Paris destruída”... “Todos morreram”...
Henri também “não estaria morto”? Desanimava-se ainda mais... Isso “não
atrapalha quando se renuncia a fingir de vivo”... Sem escrever não se vive...
Então
a saída era agir, e isso em equipe... Servir, “obedecer Dubreuilh, sorrir a
Samazelle... Telefonaria: “O jornal é de vocês”... Decidiu tomar mais um conhaque.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/09/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir-anne.html...
Leia:
Os Mandarins. Editora
Nova Fronteira.
Um abraço,
Prof.Gilberto
Talvez
seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/08/a-moreninha-de-joaquim-manuel-macedo.html antes de ler esta postagem:
Augusto não quis perder a primeira aula do
sábado pela manhã, assim partiu depois dos amigos para Paquetá. Ele aportou por
volta das onze horas... Foi recebido por Leopoldo que, animado, falou que o
ambiente estava muito bom.
A casa da avó de Felipe
ficava bem no centro da ilha, tinha uma varanda à frente e florido jardim. A casa era bem espaçosa,
contava com elegante e ampla sala de jantar; dos dois lados havia gabinetes, um
para os rapazes e outro para as moças.
Augusto foi apresentado ao
pessoal e logo conheceu dona Ana, a avó de Felipe. Essa senhora dedicava
especial atenção à neta Carolina, de 15 anos... Os dois irmãos perderam os pais
quando ainda eram crianças e, por isso tinham tanta afinidade com ela. Junto à
dona Ana, estavam as primas Joaquina (também chamada de Quinquina, loira, olhos
azuis e regulares, despertou a atenção de Augusto); Joana (também chamada de
Joaninha, morena e pálida, namorada de Fabrício); e Carolina (irmã de Filipe, também chamada de Moreninha, cabelo em
tranças, miúda em relação às outras, agitada, Augusto considerou-a feia). Além
desse núcleo havia muitas outras senhoras, moços e moças.
Todos aguardavam a
refeição... Augusto teve lugar ao lado de uma senhora chamada Violante. Ele se
dispôs a conversar com ela, que quis saber de seus estudos, se já podia exercer
a profissão... Percebeu que ela estava a fim de falar de sua longa vida e de
inúmeros problemas de saúde... Durante cerca de uma hora, o moço ouviu lamúrias
de dona Violante, que demonstrava confiar mais nele do que nos demais
estudantes de medicina ali presentes... Ela quis saber de que mal padecia... Na
sequência, que se imagina de risos para o leitor, Augusto disparou que a doença
de dona Violante era hemorróidas.
O rapaz retira-se aliviado, enquanto a senhora concluía que medicina não
devia ser o seu ramo... Então dona Ana convida o moço para perto dela e de
Carolina... Ele não teve um começo dos melhores... Dona Violante esgotou a sua
paciência, estava com fome... Sentiu-se melhor ao se aproximar da anfitriã e da
irmã de Filipe... Mas não demorou e Fabrício o arrastou até o gabinete dos
rapazes. Ali quis saber se o outro havia recebido a carta e se seu pedido seria
atendido... Augusto respondeu que o amor de uma senhora (Joaninha contava 17
anos, mas “senhora” era o tratamento dispensado às moças casadoiras da
sociedade) não devia servir de peteca que podia ser trocada de mãos entre dois
estudantes... Fabrício respondeu que pretendia livrar-se definitivamente de
Joaninha.
Este quarto capítulo é
intitulado “Falta de Condescendência”... Augusto disse que definitivamente não
entraria naquele jogo... Não era do tipo de Fabrício que, ao se relacionar com
uma moça, jurava amores eternos... De sua parte, era franco, todos sabiam que
suas paixões duravam “algumas horas”... Augusto também não entendia a insistência
do outro, já que em sua opinião “dona Joaninha é um peixão”... A esse elogio,
Fabrício arrematou um “Ora... Uma desenxabida”.
Fabrício
percebeu que o amigo não entraria naquele jogo, então passou a fazer ameaças
dizendo que o colocaria em situações complicadas junto às moças... Mas a cada
palavra sua, Augusto saia-se com tranquilidade e mostrava-se destemido em
relação a elas... Aqueles dois dias seriam de guerra entre eles... E o embate
se iniciaria durante o jantar.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/08/a-moreninha-de-joaquim-manuel-macedo_24.html
Leia: A Moreninha. Série Reencontro – Literatura. Editora Scipione.
Um abraço,
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O cenário muda completamente... Agora estamos
sobre a laje de uma casa modesta localizada num bairro de periferia da cidade de
São Paulo. A iluminação é a do dia. Há uma comemoração e vemos pessoas alegres
em torno de uma mesa simples. Homens estão bebendo, tocando instrumentos e
cantando com muita competência As Rosas
não Falam, do compositor Cartola...
O ambiente é familiar, crianças, jovens e idosos conversam animadamente
enquanto se alimentam do churrasco servido. Contrastando com a animação, está
Arminda (Ana Carbatti) que dorme um sono agitado... Sua fisionomia é a da mulher que anteriormente
vimos presa no tronco... Temos a impressão
de que a visão dos instrumentos de tortura e dos torturados era a de seu sonho.
Ela é despertada por Lurdes porque já é momento de cantarem “parabéns”. Arminda
se levanta e, solícita, oferece-se para lavar a louça que está aos cuidados de
“dona Judite”.
Depois disso temos um
recorte da campanha publicitária de uma instituição chamada Sorriso de Criança. As imagens em preto
e branco revelam crianças abandonadas, sujas e tristes... A campanha orienta as
pessoas a não darem esmolas, mas a fazer doações a “entidades idôneas”...
Lurdes está à mesa, e além dela vemos dois tipos da agência e dom Elísio que,
ao que tudo indica, é quem está ali para contratar uma campanha diferenciada...
O tipo que parece ser o dono ou chefe da
agência critica o material que foi exibido. Ele diz que a estratégia da Sorriso de Criança está ultrapassada...
Só aparece criança sofrendo... Além disso, diz a dom Elísio que as pessoas que
financiam solidariedade “querem algum retorno”... Sendo assim, afirma que a
imagem deve sempre ser vinculada depoimentos emocionantes e ao êxito. O dom
Elísio responde apenas que imagina que aqueles profissionais estejam bem atualizados
nessas campanhas, então assina papéis do contrato entre a entidade e a empresa.
(...)
A cena passa a ser novamente
a de uma “laje da periferia”... Agora vemos uma senhora posicionando crianças
para serem fotografadas... Enquanto faz isso, entrega brinquedos... Ela
coloca-se entre as crianças e abre um largo sorriso... Não vemos a mesma reação
nos rostos das meninas e meninos... Mas isso pouco importa... Ouvimos a
narração sobre o ato de doar enquanto “instrumento de poder” que desencadeia
uma série de sentimentos ao mesmo tempo em que alivia a consciência das pessoas...
Dona Marta Figueiredo chega ao escritório da agência de publicidade... Ela
traz artigos variados para uma campanha... E diz que se empenha recolhendo
donativos com o seu motorista particular... Sintetiza suas ações com um ”se
todos os que têm fizessem um pouco pelos que não têm...” Inferimos que a
campanha da agência para a Sorriso de
Criança,ou para outra instituição qualquer, surtiam os efeitos desejados pelos que contratavam a agência.
Na sequência vemos a equipe de dona Noêmia realizando um trabalho de solidariedade à noite
em meio a pessoas desabrigadas... Os voluntários entregam cobertores e agasalhos, além
de servir um café aos desamparados. De repente chega outro carro com pessoal que também faz atividade similar... A surpresa fica por conta de dona Noêmia, que expulsa os recém-chegados dali. Argumenta que ela, seus filhos e
voluntários ocuparam e iniciaram o trabalho naquele local antes.
(...)
Dona Mônica, uma das
voluntárias da equipe de Noêmia, chama a atenção para o caminhão de coleta de
lixo que está passando... Com ele segue o seu futuro genro, Candinho... Uma
amiga de Mônica quer saber como é que Candinho, trabalhando em “algo sem futuro”
pagaria as despesas com a festa de casamento... Mônica diz que a outra também
nada pode falar, pois "é apenas uma empregada doméstica"...
Mônica
defende o genro dizendo que ele é uma pessoa boa, e que vai ter festa, sim, e
que todos seriam convidados. Em breve conheceremos mais um pouco sobre esta
dona Mônica, seu trabalho solidário e a festa de casamento.
Indicação (14 anos)Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2012/09/filme-quanto-vale-ou-e-por-quilo-dona.html
Um abraço,
Prof.Gilberto
Talvez
seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/08/consideracoes-sobre-moreninha-da-serie.html antes de ler esta postagem:
O texto começa narrando a chegada de Filipe à
casa onde estão seus três companheiros de curso de medicina. O ambiente não é
dos mais organizados, tampouco Fabrício, Leopoldo e Augusto estão decentemente
vestidos. Filipe chega dando sermões, mas é rechaçado pelos três que falam que
o amigo está bêbado (no original gritam carraspana).
Passada a algazarra, Filipe
convida os amigos para passarem a véspera e o dia de Santa Ana na ilha de
Paquetá. Leopoldo e Fabrício respondem afirmativamente no mesmo instante,
Augusto não se mostra empolgado. Os moços fazem brincadeiras sobre passarem os
dias hospedados na casa de Dona Ana, a avó de Filipe... Para impressioná-los,
e especialmente a Augusto, ele diz que poderiam se encantar e se divertir com suas primas Joana
e Joaquina, e sua irmã Carolina. Vê-se que os quatro são bem jovens, mas Augusto já se
apresenta como um tipo marcado por alguma decepção amorosa, por isso é inconstante
quando o assunto são as moças. Demonstrando não se importar, disse que seria
capaz de namorar as moças sem se envolver seriamente com elas.
Ele então aceitou a aposta
de Filipe, que disse ter certeza de que ele voltaria de Paquetá apaixonado por
uma de suas primas. Os quatro elaboram um documento para que a aposta ficasse
sacramentada. Então, Augusto seria perdedor se permanecesse apaixonado por 15
dias ou mais, no período de um mês, por uma das moças... (de acordo com a adaptação,
20 de julho de 1840 foi a data em que firmaram a aposta)... Caso isso não
fosse detectado pelos amigos, Filipe sairia derrotado... O perdedor deveria
escrever um romance em que confessasse o ocorrido. Não é por acaso que o título deste capítulo é “Aposta Imprudente”.
Na noite de sexta-feira,
véspera da partida para Paquetá, Augusto recebeu das mãos de seu escravo (“seu
moleque”, o menino Rafael) uma carta de Fabrício. Este capítulo é intitulado “Fabrício
em Apuros”...
A carta revela como ele conheceu sua namorada Joana, prima de
Filipe... Em síntese, podemos dizer que ele se encantou por ela no teatro São
Pedro, numa ocasião em que lá estivera com sua irmã e com a mãe, Luísa... Por
intermédio de Tobias, o escravo da moça, Fabrício acabou conquistando o coração
da moça.
Mas a carta revela também
que o namoro era-lhe um tormento, sobretudo porque Joaninha era ciumenta e
exigente demais com ele (devia escrever-lhe 4 cartas por semana; passar pela
casa dela 2 vezes por dia; ir ao teatro e a bailes...), sem contar que o moço
estava sempre sem dinheiro por causa dela... Mas o que Fabrício esperava com a
carta enviada ao amigo?
Esperava
que Augusto, ao chegar a Paquetá, cortejasse e conquistasse Joana... De sua
parte, demonstraria um comportamento de indignação por sentir-se traído...
Assim esperava livrar-se daquela relação.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/08/a-moreninha-de-joaquim-manuel-macedo_23.html
Leia: A Moreninha. Série Reencontro – Literatura. Editora Scipione.
Um abraço,
Prof.Gilberto