segunda-feira, 30 de julho de 2012

Vamos exibir mais este "sonho" de Kurosawa?

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/07/filme-sonhos-de-akira-kurosawa-outro_23.html e http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/07/filme-sonhos-de-akira-kurosawa-cortejo.html antes de ler esta postagem:


Vamos exibir mais este “último sonho” de Kurosawa?
A paisagem encontrada por aquele que sonha é idílica. O rio segue limpo, o ar é puro, vemos muitas árvores e flores. A harmonia reina. O seu interlocutor é o velho e centenário senhor de fala mansa... Mas a cada palavra dele, as certezas (ciência) do rapaz tornam-se interrogações.
Nós que assistimos a tudo, refletimos sobre outras certezas. Sabemos que a relação homem-natureza já foi muito mais de integração e preservação. Então, aquele cenário se apresenta como um refúgio... Sabemos que está cada vez mais difícil encontrar ambientes com tal equilíbrio. Vivenciamos as cidades superpovoadas, carregadas de problemas, violência, consumo, poluição. Desumanização...
Isso aí é um paradoxo porque aprendemos que ser humanizado é estar o mais afastado possível da rusticidade... A História registra o que aconteceu: afastamos-nos da natureza, buscamos o conforto que o ambiente urbano proporciona... Nossos dias são barulhentos, as noites são agitadas e cheias de luzes artificiais.
Noites e dias passam rapidamente, sentimos que precisamos de mais tempo para tudo o que pretendemos realizar. Envelhecemos com o sentimento de que não fizemos tudo o que queríamos, e que o que fizemos não ficou bom... Não nos entendemos com os que convivem conosco, então reclamamos, brigamos, nos apartamos.
Ainda há a paranoia dos que possuem os meios de produzir. Extraem da natureza como se os recursos fossem infinitos. E não há partilha... Nações lutam umas contra as outras. Canalizam recursos para se protegerem e/ou atacarem aqueles que, em sua avaliação, representam ameaça ao seu modo de existir.
Este sonho da Vila dos moinhos d’água pode ser apresentado depois dos dois últimos (acidente na usina nuclear e ataque com armas atômicas)... Ele é muito leve e não por acaso está na sequência daqueles que apresentam cenários caóticos e repugnantes. Não há como não destacarmos que, nos dois filmes anteriores, a morte traz ameaças de horror aos jovens... Já na Vila, a vida é longeva e o ritual de passagem (a morte) é celebrado com alegria.
Realmente um sonho... É só um sonho.
Indicação (livre)

Um abraço,
Prof.Gilberto

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Tempo de Esperas, de Fábio de Melo (PE.) – por que não “sepultar” as lembranças negativas? não é inteligente “transformar a vida numa paixão inútil”

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/07/tempo-de-esperas-de-fabio-de-melo-pe_2871.html antes de ler esta postagem:

Antes mesmo que a última carta de Abner chegasse, Alfredo já havia iniciado o trabalho no jardim... Arou a terra, cuidou de detalhes estéticos... Estava mudado. Em sua nova resposta ao professor, escreveu que lamentava muito a sentida perda que ele tivera com a morte da esposa.
Mostrou que estava empolgado, já que mal conseguia dormir por causa do novo projeto... As tarefas podiam trazer Clara de volta, ou fazer com que ele se esquecesse definitivamente dela... Seus breves registros foram concluídos com a lembrança do manuscrito inédito do professor... Uma vez que se tornaram amigos, será que não era momento de Alfredo ter a honra de recebê-los?
Em sua resposta, Abner lamentou que o outro estivesse com insônias. Aquilo bem poderia ser um sintoma dos sentimentos de rancor que ele ainda alimentava. Relacionou a condição daquele que mal consegue aproveitar as noites de sono à do inferno, local onde supostamente as horas não passam e o sofrimento é eterno... Mas no paraíso isso também deve ocorrer, só que nele a felicidade é eterna. Ainda usando metáforas, Abner aconselhou o moço a envolver-se mais com o jardim, aprender a arrancar as ervas daninhas que prejudicam o desenvolvimento do que é belo e bom. Na vida é assim também... O professor sugere que devemos aprender a subtrair as realidades nocivas que ocorrem... Normalmente as deixamos crescer e, “quando queremos arrancá-las”, já não podemos.
Abner relatou a história de um antigo conhecido seu (provavelmente algum acadêmico) para mostrar que quando permitimos que o ódio se instale em nosso coração, sofremos demais. Em síntese, o conhecido de Abner descobriu que o seu irmão mais novo se envolvia afetivamente com sua esposa. Ele não aceitou a traição e expulsou a mulher de casa. Nunca mais quis falar com o irmão... Trancou-se amargurado em casa deixando de se comunicar com as pessoas que faziam parte de seu círculo de amizades. Só o ódio foi cultivado em seu coração. A mulher quis a reconciliação, mas ele não aceitou. Tempos depois, Abner reviu esse antigo conhecido, que se apresentava definhado, envelhecido, muito abatido... A conclusão dele é a de que o rapaz deveria ter “sepultado” o ocorrido... A cada vez que rememorou os episódios, fez com que eles ressurgissem... A traição, assim, tornou-se “eternizada”.
Depois o professor citou o próprio exemplo. A morte de Flora havia sido muito doída... Mas ele percebeu que, além do sepultamento, devia enterrar tudo o que significasse uma “não aceitação da realidade”. Tudo o que fosse material e fizesse referência à presença da esposa, não mais existente, foi descartado ou doado. Isso não significa que ele a extraiu do coração... É que conservar a materialidade que pertence ao morto nos leva a “perder tempo com o que é acidental”.
Citou também um episódio de sua juventude em que, por muito tempo, guardou rancor de um colega da faculdade... Felizmente percebeu que o melhor que tinha a fazer era “sepultar” a lembrança negativa para que novas feridas não se abrissem... O coração das pessoas que alimentam o ódio e as perdas se torna endurecido... Não é inteligente “transformar a vida numa paixão inútil”. Devemos escolher: ou nosso coração trabalha a serviço do amor ou a serviço do ódio.
Finalizou desejando noites melhores ao outro... Para que, assim, possa viver mais feliz. E ainda: como jardim é local de afeto, sugeriu que Alfredo mantenha as formas circulares com flores de porte menor e pequenos arbustos cercando-as. Quanto ao manuscrito, Abner sentenciou que ainda não era o momento de enviá-lo. Concordou que a correspondência entre ambos fazia com que se tornassem amigos... Mais que isso, Abner considerava Alfredo um filho... Desejava sinceramente que o jardim o liberasse para a anulação das mágoas... E que apenas a bondade permanecesse nele.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/08/tempo-de-esperas-de-fabio-de-melo-pe.html
Leia: Tempo de Esperas. Editora Planeta.

Um abraço,
Prof.Gilberto

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Avanço do mar e destruição; Bag Wall; repercutindo a postagem sobre a problemática em Ponta Negra

A propósito do postado em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/07/praia-de-ponta-negra-avanco-do-mar-e.html, no dia 23 de julho recebi e-mail de Jaime Guimarães Júnior, da equipe do Engenheiro Marco Lyra.
Abaixo está colada a referida mensagem. Sugiro que acessem os links que remetem a propostas desenvolvidas na região Nordeste para a recuperação de sua faixa litorânea. E que pesquisem sobre a tecnologia do dissipador de energia “bag wall”, sua viabilidade e limites...


Prof Gilberto,
Faço parte da equipe do Blog do Engenheiro Marco Lyra, especialista em obras de defesa costeira. Inicialmente gostaríamos de sua autorização para publicarmos seu texto publicado em seu blog |  http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/07/praia-de-ponta-negra-avanco-do-mar-e.html sobre a problemática na praia de Ponta Negra - Natal - RN. Segundo, gostaríamos também de sugerir a leitura dessa matéria do nosso blog falando sobre os avanços na contenção do avanço do mar e recuperação natural da praia do Icaraí - Caucaia - CE | http://marcolyra.blogspot.com.br/2012/06/monitoramento-do-bagwall-no-icarai.html e um outro artigo sobre a recuperação da praia na Ilha da Croa - Alagoas | http://marcolyra.blogspot.com.br/2012/05/ilha-da-croa-bagwall-recupera-faixa-de.html.
www.marcolyra.com.br
Agradecemos seu contato com críticas e sugestões, inclusive de novos artigos sobre o assunto.
Jaime Guimarães Júnior | ASSESSORIA


Respondi (no dia 24 de julho) conforme segue:
Prezado Jaime,
Só agora acessei sua mensagem.
Se o meu texto contribuir positivamente, fique à vontade para utilizá-lo. Mas apenas neste caso.
É claro que não sou especialista. Sendo assim, não consigo vislumbrar como o texto possa contribuir.
Fiquei curioso e acessei o site e o blog que você sugeriu. Li as matérias e vi as fotos. Achei tudo muito animador. Parabéns pelo trabalho.
Por se tratar de “desdobramento” da postagem que fiz, gostaria de repercutir esse seu e-mail, incluindo os endereços de blog e site do engenheiro Marco Lyra. Farei isso se for autorizado por vocês.

Um abraço,
prof.Gilberto


Retorno que obtive no mesmo dia 24:
Caro prof Gilberto,
Agradecemos sua disposição. Pode ficar a vontade para divulgar nossa conversa. Nossa principal proposta é abrir amplo diálogo sobre o assunto. 
Esperamos contribuir ativamente na descoberta de alternativas para solucionar ou pelo menos amenizar os processos erosivos na nossa costa marítima.
Um grande abraço
Jaime Guimarães Júnior


E ainda:
Caro Prof Gilberto,
Postamos um novo artigo sobre a praia de Ponta Negra - Natal - RN
http://www.marcolyra.blogspot.com.br/2012/07/sos-ponta-negra-caminhos-para-solucao.html
Sugerimos que publique no seu blog. O artigo é de autoria do Marco Lyra, escrito especialmente sobre a problemática.
Um grande abraço



Um abraço,
Prof.Gilberto

terça-feira, 24 de julho de 2012

Filme: Sonhos, de Akira Kurosawa – cortejo fúnebre

Segue este pequeno fragmento que apresenta o cortejo fúnebre descrito em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/07/filme-sonhos-de-akira-kurosawa-outro_23.html:



Indicação (livre)

Um abraço,
Prof.Gilberto

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Filme: Sonhos, de Akira Kurosawa – Outro sonho – a vila dos moinhos d'água

Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2012/07/filme-sonhos-de-akira-kurosawa-outro_05.html antes de ler esta postagem:

Há mais este sonho...
O rapaz chega a uma aldeia. Tudo se apresenta muito bonito, ordenado, natural... Há uma profunda harmonia... O rio passa e provoca um doce ruído. Vemos várias rodas que giram conforme o rio evolui... Elas movimentam moinhos. Crianças atravessam por uma pinguela e depositam flores sobre uma pedra. Seguem seu caminho alegremente.
O moço está encantado... E também cheio de dúvidas. Começa a resolvê-las quando encontra um centenário ancião... Ele está fazendo manutenção numa das rodas d’água. O rapaz pergunta sobre o nome do lugar e fica sabendo que a aldeia pode ser chamada simplesmente de “vila dos moinhos d’água”... Ele quer saber dos aldeões e o velho responde que moram em outro lugar.
As pessoas ali vivem em sintonia com a natureza... Certamente o rapaz imagina que elas careçam de muito conhecimento... Ele, por exemplo, teria muitas possibilidades de prestar seus serviços... Parece que se deparou com um povo muito simples. Pergunta sobre como obtêm energia... Não têm energia elétrica? O velho responde que ninguém ali precisa de eletricidade, já que possuem vela e óleo de linhaça... Ora, a noite deve mesmo ser escura.
O rapaz vai se surpreendendo a cada palavra que ouve... A ciência que ele valoriza é desprezada pelo ancião que, naquele instante, era o porta-voz da comunidade... Ao longe são ouvidos cantoria, tambores, chocalhos, pratos metálicos, tubas, flautins e outros instrumentos de sopro... É um funeral... E de uma anciã também centenária. Toda comunidade segue alegremente. À frente vão as crianças lançando pétalas pelo caminho... E é para lá que o velho também vai. Antes, porém, pega o seu chocalho e ramo de flores.
Bom... O moço assiste ao cortejo até o seu final. Respeitosamente, tirou o chapéu no instante em que o féretro passou por ele.
Fim do sonho.
Indicação (livre)
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2012/07/filme-sonhos-de-akira-kurosawa-cortejo.html
Um abraço,
Prof.Gilberto

Fortaleza dos Reis Magos - Natal

As imagens que seguem são da Fortaleza dos Reis Magos, que foi construída em Natal. Tem esse nome porque data de 6 de janeiro (que marca nas festividades católicas o dia dos reis magos – que seguiram a estrela para adorar o menino Jesus) de 1598. Faz parte do contexto colonial. Devemos destacar aí que entre 1580 e 1640 ocorreu a União Ibérica, período marcado pela união das coroas portuguesa e espanhola sob o domínio dos reis filipinos de Espanha.
A fortificação protegia o cobiçado litoral dos ataques estrangeiros, sobretudo de franceses. Mas foi lugar de combates memoráveis contra os holandeses nos inícios da década de 1630. Poderíamos tratar desses episódios, mas isso fica para outra ocasião.
A visita a este patrimônio de nossa história permite vislumbrar aqueles acontecimentos... Os guias apresentam a fortificação, falam das propriedades da construção, das espessas paredes, dos remanescentes canhões, do vestuário dos soldados, das normas disciplinares, do convívio dos soldados com seus superiores, da capela, do calabouço e as punições... A fortaleza chegou a abrigar cerca de 200 homens... Não é difícil imaginarmos as dificuldades próprias da convivência.
As explicações dos guias levam-nos a notar as estratégias de defesa do lugar.
Seu desenho (que lembra uma estrela, ou até uma figura humana) não é por acaso. O ataque inimigo à entrada principal não tinha como ser encorpado ou ligeiro porque a passagem é estreita e dá num acesso complicado.
No caso de invasão por ali, os inimigos eram atacados com óleo fervente que era despejado do alto. Imaginamos o confronto no interior da construção... A retirada dos inimigos era muito dificultada já que a passagem era baixa, complicando sua mobilidade.
Havia as armas de fogo complicadas de serem carregadas de pólvora. A besta (no local há uma réplica) constituía importante artefato bélico. Na parte superior da capela ficava o depósito de pólvora... Tratava-se de aposta de que os inimigos não atacariam o ambiente sagrado do lugar. Se isso ocorresse haveria uma destruição de grandes proporções.
O alto da fortaleza é local privilegiado de onde se avista o litoral. Lá estavam os diversos canhões... No caso de embate corpo a corpo naquele local, os soldados da fortaleza podiam despachar os inimigos abatidos (ou a serem abatidos) pela passagem que ficou conhecida como a do “menos um” (gritavam aos companheiros do piso inferior ao jogá-los escada abaixo).
O Marco de Touros, de pedra, deixado pelos portugueses em 1501 para registrar sua conquista em terras potiguares, está instalado na fortaleza desde 1976. Este é o mais antigo monumento dessa natureza em nosso país.

Um abraço,
Prof.Gilberto

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Tempo de Esperas, de Fábio de Melo (PE.) – cultivar o jardim; aliviar a existência e tornar a vida mais feliz

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/07/tempo-de-esperas-de-fabio-de-melo-pe_20.html antes de ler esta postagem:

Depois o professor tratou de dar dicas sobre como Alfredo deveria iniciar o jardim... Demarcar território, desenhar espaços no chão, imaginar cores e espécies, estudar os casos específicos para compreendê-las. Ele queria que o moço entendesse que essa nova experiência propiciaria a compreensão do verdadeiro sentido da Filosofia: “aliviar a existência e tornar a vida mais feliz”.
Na sequência registrou mais uma vez suas experiências particulares semelhantes à condição do outro... Levava a vida de quem busca resposta para tudo até ser surpreendido pela notícia de que Flora, sua esposa, havia contraído um câncer fulminante... A morte da amada o tornou fragilizado no mundo, suas convicções e seguranças foram abaladas. Ele explicou que passou por um processo que talvez inspirasse o outro. Revelou que a mudança para a casa dos pais e a construção do jardim eram sonhos de Flora... Então foi isso o que fez...
Precisou aprender um pouco da “ciência das flores”... Fez um arado e percebeu que, conforme sulcava a terra, “cicatrizava suas feridas”... E que, ao semear a terra, notava que dentro dele algo também era semeado...
O jardim tornou-se seu projeto de vida... Algo muito simples comparado ao seu anterior cotidiano filosófico. Abner insiste que, tanto quanto o jardim que se formava, necessitava viver o tempo de esperas... O jardim crescia e sua dor diminuía... Aos poucos suas inquietações foram esmorecendo porque já não realizava perguntas... Adotou o silêncio...
Mas não sem sacrifícios... Durante a mudança chorou muitas vezes... Sintetiza afirmando que aceitou a partida da esposa... Reconheceu-se perdedor e, assim, pôde reflorescer.
Então Abner sugeria ao jovem amigo que ele passasse pelo mesmo processo. Cultivando o jardim poderia tornar-se mais leve e simples. Complexidades e prepotências seriam superadas pela humilde aceitação da morte (como as sementes) para o ressurgimento e florescimento.
A perda da amada levou Abner a concluir que “nada pode ser mais rico e precioso do que as pessoas que amamos”... Finalizou com belas palavras sobre como a vida simples nos conduz a uma realidade mais plena... “Mais do que tornar-nos mais ricos as posses nos tornam mais pesados”.
Agradeceu que o outro desse ouvido às suas palavras. Incentivou-o com um “mãos à obra”. Solicitou que permanecesse um “jardineiro fiel”.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/07/tempo-de-esperas-de-fabio-de-melo-pe_27.html
Leia: Tempo de Esperas. Editora Planeta.

Um abraço,
Prof.Gilberto

Tempo de Esperas, de Fábio de Melo (PE.) – Alfredo decide formar um jardim; na contemplação estamos bem próximos de Deus

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/07/tempo-de-esperas-de-fabio-de-melo-pe_08.html antes de ler esta postagem:

Alfredo decidiu “dar uma carta branca” ao poeta em seu interior. Escreveu a Abner contando que retornou à montanha, conforme ele havia sugerido, para colher algumas daquelas flores.
Relatou que permaneceu por um bom tempo a observar as flores cobiçadas ao mesmo tempo em que pensava nas palavras do amigo e em Clara. Concluiu que não soubera viver a “contemplação do amor” enquanto esteve ao seu lado... Olhando as flores em silêncio, não se deixou perder em análises, apenas curtiu a beleza vegetal...
Pensou na história dos girassóis em sua necessidade de perseguir a luz e o calor do sol... Mas registrou que não se sentia preparado para falar sobre Deus... E também que não esperava que o professor fosse um tipo religioso, que confessasse uma fé...
A experiência vivida por Alfredo o satisfez. Ele contou que no instante de contemplação não se preocupou com racionalismos... Afirmou que gostaria de reencontrar Clara para contemplá-la... Apenas isso... Nada de livros, palavras ou argumentos... Confessou que não se lembrava de como era o seu rosto.
Estava realmente modificado... Contou que gostaria de transportar toda exuberância que encontrou na montanha para frente da casa dos pais... E que até conversou sobre isso com o pai.  O pai de Alfredo ficou surpreso e disse que o ajudaria no que precisasse para a montagem de um jardim.
(...)
Como não poderia deixar de ser, Abner respondeu que ficou muito feliz com a última carta do amigo. Escreveu que, para ele, aquilo poderia significar o início de um retorno de Clara.
O professor registrou que Alfredo não precisava se preocupar em explicar Deus porque no instante mesmo em que estivera em contemplação silenciosa na montanha, era no colo de Deus que ele se encontrava.
Leia: Tempo de Esperas. Editora Planeta.
Um abraço,
Prof.Gilberto

Praia de Ponta Negra, avanço do mar e destruição

Estive “afastado da base” por algum tempo... Aproveitamos o recesso escolar e partimos para Natal-RN (05º47’42’’S; 035º12’34’’O). Dias bem quentes (11-18/julho), principalmente se compararmos aos dos paulistanos, chuvosos e de temperaturas baixas.
Pensei sobre como iniciaria a pequena série de postagens sobre o passeio. Decidi que a referência à publicação de folha.com.br (http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1122342-avanco-do-mar-engole-praia-cartao-postal-de-natal.shtml) é oportuna. Mas não para nortear os textos que seguirão. Não é sobre isso que pretendo escrever.
A matéria apresenta a triste realidade das praias locais, que correm o risco de desaparecer por causa do avanço das marés altas. Em Ponta Negra, onde fiquei (a maioria dos turistas se instala ali), foi decretado estado de calamidade pública. O referido texto destaca os estragos ao calçadão e os prejuízos de comerciantes e banhistas. Bem triste de se ver... A imagem ao lado é da reportagem.
Os comentários à publicação emendam críticas aos governantes que não administraram adequadamente e aos gananciosos que não se preocupam em proteger o ambiente. Relatam panorama mais degradante ao relacionarem o caos ambiental à realidade marcada pelo abuso do consumo de drogas na orla e o de estrangeiros que fomentam a prostituição infantil. Justificam mesmo que seria bom que tudo se acabasse para pôr um fim também a isso.
Lamento sinceramente esse posicionamento. Em conversa com moradores antigos, pode-se constatar que eles sentem que a cada ano as marés cheias aproximam-se mais da avenida. Estão sofrendo muito por causo disso... Dá para observar que os trabalhos de limpeza, interdição a áreas de risco e de reforma são incessantes.
Vi diversas equipes de reportagens... Também muitos jovens (talvez universitários, pesquisadores) analisando, fotografando, conversando... Alguma solução tem de ser encontrada. O lugar é muito bonito e seus habitantes tiram o sustento daquele mar. Destaquei este fragmento de uma foto que tiramos porque ele mostra bem o resultado do avanço do mar... O muro está destruído, e do imenso coqueiro sobrou apenas as raízes.
Ouvi do bugueiro (Mister Bean) que nos levou ao passeio nas dunas que “a solução é recuar”... Quer dizer, limpar a ocupação humana e permitir que o mar faça o seu avanço. Para ele, nada do que está sendo feito poderá conter as marés altas. Um sorveteiro disse que os mais antigos banhavam-se apenas na área mais próxima ao Morro do Careca... Ele acha que ocorreu um crescimento desordenado e agora todos sentem as consequências.
Bom... Eu tive a chance de conhecer esse maravilhoso lugar que está sendo ameaçado. Aí ao lado um dos registros que fizemos de Jacumã, praia mais ao norte... As gerações futuras têm também este direito. Mas ele só se efetivará se a preservação for empenho da geração atual.
P.S: Na mesma web page destacava-se uma matéria sobre imenso iceberg que se desprendeu de geleira na Groenlândia (maiores detalhes em http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/1122473-iceberg-gigante-se-desprende-de-geleira-na-groenlandia.shtml)... Mas não é sobre isso que pretendo escrever nos próximos dias.

Um abraço,
Prof.Gilberto

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Revolução Constitucionalista de 1932 – a campanha paulista

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/07/revolucao-constitucionalista-de-1932.html antes de ler esta postagem:


Outros estados não aderiram ao movimento paulista... Há registros dos esforços de tropas de Mato Grosso, que foram dominadas por aquelas leais a Vargas... Minas Gerais e Rio Grande do Sul até “acenaram” simpatia e engajamento na causa, mas retrocederam e permaneceram fiéis ao Governo Provisório.
Um grande esforço foi empregado pelos paulistas, que atenderam à convocação do Movimento Constitucionalista. Isso pode ser atestado na forte adesão à campanha do Ouro para o Bem de São Paulo. Essa campanha visava angariar fundos para a obtenção de armamentos. As famílias entregavam anéis, correntes, alianças, fivelas e outros objetos que continham ouro...
Recebiam certificados ou mesmo anéis que faziam referências à campanha. Pessoas comuns ou personalidades (incluindo atletas do futebol paulista) se alistaram para os combates... Inferiorizados belicamente, os paulistas inovaram e desenvolveram veículos blindados graças aos esforços de professores e estudantes da Escola Politécnica.
Os ataques ocorriam também pelo ar... Os aviões foram decisivos para a vitória governista... Conforme o conflito se desenvolveu, os dois lados conseguiram adquirir novos equipamentos, mas evidentemente os revolucionários possuíram pouquíssimas aeronaves em comparação com a esquadrilha inimiga... O uso das máquinas voadoras neste conflito levou Santos Dumont ao suicídio (23/07/1932).
Sozinhos, os paulistas resistiram até outubro, quando foram militarmente derrotados. Tropas gaúchas invadiram e ocuparam a cidade de São Paulo. Mas até que isso ocorresse, Houve muitos bombardeios à cidade de Campinas e ocupação e bloqueio do porto de Santos pelas tropas governistas... Elas atacaram o estado por seis frentes (Serra da Mantiqueira, Vale do Rio Paraíba e fronteira com o estado do Paraná merecem destaque). Fala-se que mais de seiscentos paulistas morreram durante o confronto (oficialmente admitem-se 634 mortes)...
Entre os líderes militares do movimento paulista, podemos destacar Isidoro Dias Lopes (participou da revolta de 1924; apoiou o movimento de 1930, que levou Vargas ao poder; participou do governo Provisório, mas dele se afastou ainda em 1931); Bertoldo Klinger e Euclides Figueiredo (que também participaram do movimento de 1930)... Coube ao coronel Herculano de Carvalho assinar a rendição paulista de 1º de outubro de 1932... Eles e muitos outros foram punidos com o exílio (sendo anistiados mais tarde). Da parte dos governistas, os militares Góes Monteiro e Eurico Gaspar Dutra exerceram importantes papéis... O general Valdomiro Lima (tio da esposa de Vargas) foi nomeado interventor do estado derrotado.
Apesar da derrota dos paulistas na Revolução Constitucionalista de 1932, o governo teve de reconhecer a força da oposição e sua importância. Em julho do ano seguinte Vargas nomeou Armando de Salles Oliveira, do Partido Democrático, interventor do estado. Além disso, convocou as eleições para a Constituinte.
Um abraço,
Prof.Gilberto

Revolução Constitucionalista de 1932 – alguns antecedentes

Getúlio Vargas assumiu o governo em novembro de 1930. Ele tornou-se chefe de um Governo Provisório. Esperava-se que o seu governo organizasse eleições para a Assembleia Constituinte. Dessa maneira a Lei de 1891, que havia sido alvo de muitas críticas dos inimigos políticos dos “cafeicultores do sudeste”, seria substituída. Não é demais lembrarmos aqui que o sistema eleitoral a partir dessa primeira Constituição republicana da história do país, de certa forma, facilitava a “política do café com leite”.
Vargas recebeu um grande apoio dos rebeldes tenentistas da década de 1920 e não poupou cargos no governo para os seus aliados. O exemplo mais evidente é o do tenente coronel Góes Monteiro (chefiou o golpe contra Washington Luís), que recebeu várias promoções do presidente durante o longo período que este permaneceu governando o país. Entre os civis podemos citar jovens políticos que se destacaram na época, como Virgílio de Melo Franco, João Neves da Fontoura e Osvaldo Aranha. Não eram poucos os tenentistas que defendiam que o governo se estendesse sem a definição de nova Constituição... Até manifesto nesse sentido foi redigido e entregue a Vargas.
Há quem diga o contrário, mas para os paulistas Vargas não dava mostras de que iria convocar as eleições. Provocou críticas ao cancelar todos os direitos políticos dos antigos presidentes de estados. Para cada estado ele nomeou um interventor (geralmente ligados ao movimento tenentista). As assembleias legislativas foram fechadas. Em São Paulo, por exemplo, o interventor foi o tenente João Alberto. Houve muita reclamação contra ele, que perseguia os que eram contra o governo provisório... Esse interventor não era paulista e isso também despertou intrigas contra as opções de Vargas. O presidente o substituiu por Laudo de Camargo, paulista que permaneceu por poucos meses de 1931 na chefia do governo do estado (renunciou). De novembro deste ano ao início de 1932, o interventor foi o fluminense Manuel Rabelo...
Os dois principais grupos políticos de São Paulo (PRP e PD), que estavam divididos na época do golpe de 1930 (o Partido Democrático surgiu a partir do rompimento de políticos insatisfeitos com o prosseguimento dos acertos típicos da República Velha), voltaram a se unir em fevereiro de 1932 para exigir maior autonomia política do estado e cobrar as eleições para a Assembleia Constituinte. Em março, Vargas nomeou o paulista Pedro de Toledo em substituição a Manuel Rabelo. Toledo sentiu na pele o desafio que enfrentaria logo que iniciou a formação de um secretariado independente. Vargas não aceitava tamanha ousadia e definia os nomes... Sem dúvida a nomeação de Miguel Costa foi das que mais protestos geraram porque em 1924 ele foi um dos líderes tenentistas no ataque ao governo paulista, participou das lutas que provocaram destruição à cidade e desespero à população (ver http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2010/09/sao-paulo-1924.html).
Aconteceram muitos protestos em São Paulo. Políticos dos dois partidos juntavam-se a soldados locais, professores, gente da imprensa e estudantes. Formou-se então a Frente Única Paulista, que propagava que o governo Vargas era autoritário. No dia 23 de maio, um dia de comício contra Vargas, quatro jovens acabaram assassinados depois de tentarem invadir a sede de um grupo defensor dos ideais da Revolução de 1930 e favorável a Vargas. Eram eles: Mário Martins de Almeida; Euclides Miragaia; Dráusio Marcondes de Sousa e Antônio Camargo de Andrade (Orlando Oliveira de Alvarenga foi um quinto jovem ferido durante os episódios, vindo a falecer três meses depois)...
Então, em homenagem aos quatro primeiros jovens mortos, iniciou-se o movimento constitucionalista (o MMDC). No dia 9 de julho de 1932 estourou a “Revolução Constitucionalista”, que exigia a deposição do governo e a convocação das eleições. Pedro de Toledo aceitou tornar-se governador dos insurrectos e foi aclamado.
Continua...
Um abraço,
Prof.Gilberto

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