sábado, 30 de junho de 2012

Vamos exibir mais este "Sonho" de Akira Kurosawa?

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/06/filme-sonhos-de-akira-kurosawa-outro_20.html e http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/06/vamos-exibir-sonhos-de-kurosawa.html antes de ler esta postagem
Vamos eximbir mais este "Sonho" de Kurosawa?
Quem é que nunca contemplou uma tela, dedicando a ela mais atenção do que o habitual? Sempre há aquela motivação inicial que é despertada pela composição em si mesma... Pode tratar-se de um retrato, uma natureza morta, algo abstrato, paisagens de uma natureza exuberante...
Quem nunca se aproximou o máximo que pôde para observar os menores detalhes? Aqueles que “denunciam” a pincelada do artista, sua singeleza ou rapidez e agressividade...
O “sonho” que mostra o artista entrando no quadro Van Gogh nos remete a essas e outras reflexões. Quando se trata de observar minuciosamente as pinceladas numa tela, as de Vincent são exemplares.
É só um sonho...
O rapaz “entra” na tela. Ele quer saber onde pode encontrar o artista... Fica sabendo que pode encontrá-lo depois da ponte... É lá mesmo que ele está... Deve tomar cuidado porque “Van Gogh acabara de sair do hospício”...
Isso pouco importa, o moço conhece a história daquele que procura, sabe que é solitário e que viveu dias de fome e de frio, e que teve entreveros com Gauguin. Mas ele sabe também que aqueles dias de “loucura” foram os de maior produção...
Van Gogh poderia ser encontrado em situações diversas... Mas é avistado trabalhando no campo, onde tudo inspira... Vive um estado eufórico, mas também se sente impotente porque, por mais que trabalhe (levando a locomotiva a altíssimas pressões), não conseguirá pintar tudo a que é “chamado a pintar”.
Onde está o artista senão presente em suas obras?
O sonhador segue seu devaneio atrás de Van Gogh percorrendo as paisagens que são os seus quadros... O vê à distância atravessando o campo de trigo... Na sequência os corvos... A última tela de Vincent... Muito bonito e significativo. O som da locomotiva... O ambiente da galeria de arte está de volta.
Indicação (livre)

Um abraço,
Prof.Gilberto

quarta-feira, 27 de junho de 2012

"Os Mandarins", de Simone de Beauvoir. Henri despacha o envelope de das Viernas; diálogos com os jovens Lachaume, Vincent e Sézenac

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/06/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir.html antes de ler esta postagem:

Perron seguiu ao Ministério das Relações Exteriores. De sua parte, considerava que os papéis de das Viernas não sensibilizariam as autoridades francesas... Pobres portugueses... Ficariam “abandonados à própria sorte”.
Chegou pretendendo falar com o senhor Tournelle. Anunciou-se à secretária e, no formulário que lhe foi entregue, registrou que o assunto era confidencial. Ocupado que estava, o chefe de gabinete não o atendeu, porém Henri deixou o envelope com a moça. De certa forma ele sentiu-se aliviado por ter cumprido a sua parte...
Dirigiu-se para o Rouge (um bar). Logo viu Nadine entre Lachaume e Vincent. Comentaram que conversavam sobre ele e sua entrevista ao Lendemain. Henri toma gim e pouco ouvido deu à conversa dos rapazes... Sobre o jovem Lachaume, Henri pensava em sua adesão ao comunismo e no seu engajamento em tarefas que logo o colocaram em evidência... Lembra que teve de escondê-lo no estúdio de Paule, além de arranjar-lhe identidades falsas... Agradeceu o artigo de Lachaume acerca de seu livro que repercutia positivamente. Nadine ironizou, dizendo que os críticos eventualmente se posicionam unanimemente, como que enterrando alguém ou entregando um prêmio “à virtude”.
Henri disse ao rapaz que ele estava equivocado ao inferir que o personagem de seu romance se tornaria comunista... Então Lachaume quis saber do próprio autor o que seria do personagem, e Henri respondeu o personagem se tornaria o que ele próprio chegou a ser. O moço disse sua opinião acerca do SRL, que em pouco tempo já não existiria... Apostou que Henri se inscreveria no Partido Comunista. Perron respondeu que mantinha a sua posição de “desalinhado”; que fazia bem em manter L’Espoir na condição de levar os leitores à reflexões; que no Partido não teria liberdade... Lachaume quis explicar que a situação de sectarismo era momentânea e que ele e seu grupo em breve teriam uma revista própria, pois “dentro do Partido” há liberdade inclusive para isso.
Vincent rebateu às palavras de Lachaume, pois não concordava que haveria “liberdade dentro do Partido”. Desafiou o amigo a dizer aos camaradas que era lastimável acolherem antigos colaboracionistas que se diziam arrependidos (referia-se aos que colaboraram com os alemães ao tempo da ocupação)... Lachaume quis argumentar que existem os “recuperáveis”, mas Vincent não aceitava. Na opinião deste, todos deviam ser eliminados.
Vincent insinuava algo como um grupo que se destinasse a atacar os antigos colaboracionistas. Henri não concordou e disse que aquilo se resumia a atitudes de “bandos de justiceiros”... Não seria isso que “salvaria a França”. Vincent ironizou e disse que nem o PC nem o SRL o teriam em suas fileiras... A conversa parou por aí.
Henri retirou-se... Nadine, em seu encalço, conseguiu que ele se comprometesse a encontrar-se com ela no dia seguinte. Antes, porém, a moça deu a sua opinião sobre a conversa do bar. Disse que ele havia sido muito duro com Vincent... Então contrapôs o modo de vida levado por Henri... Aquilo era vida? Escrever, tornar-se célebre... E depois esquecido, como os próprios livros largados pelos leitores?
Henri seguiu para o jornal refletindo sobre o que é “viver” para as pessoas... Concluiu que, para elas, “viver é ocupar-se delas”... É isso o que querem... Que ele se ocupe delas... “Ninguém porá as mãos em L’Espoir”...
No escritório resolveu a correspondência, logo falaria com Preston, que chegaria em instantes... Teve tempo para tratar com Sézenac, com o qual estava insatisfeito... Assim que este entrou em sua sala, Henri foi perguntando se ele não podia contribuir com algo “mais que porcarias” para o jornal... O diálogo foi breve e Sézenac mostrou que, de fato, não tinha interesse em prosseguir no jornalismo... Disse que no começo até contava com a ajuda de Chancel... Mas agora estava interessado em lecionar inglês ou mesmo trabalhar como tradutor... Pediu dinheiro emprestado a Henri, que concedeu-lhe o dobro do solicitado. Sézenac agradeceu e retirou-se do jornal e de seus encargos... Henri ficou sensibilizado, mas apenas pensou que poderia saber notícias do rapaz através de Vincent.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/07/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir.html...
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.

Um abraço,
Prof.Gilberto

Presídio da Ilha Anchieta e os 60 anos do massacre à rebelião dos detentos

Este texto tem inspiração em Rebelião da Alcatraz brasileira faz 60 anos, do jornalista Artur Rodrigues (O Estado de São Paulo, Caderno Cidades/Metrópole, de 24 de junho de 2012). Rodrigues contou com a colaboração de Samuel Messias de Oliveira, tenente da reserva da Polícia Militar (autor de Ilha Anchieta – Rebelião, Fatos e Lendas) e de Rose Saconi (do arquivo de OESP).

Por ocasião das postagens sobre Corações Sujos, de Fernando Morais, o presídio da ilha Anchieta (Ubatuba) foi citado diversas vezes porque para lá foram encaminhadas as lideranças da Shindo Renmei e seus colaboradores mais graúdos. É só digitar presídio da Ilha Anchieta “ali na busca” neste blog que você encontrará vários textos. Os episódios aqui tratados deram-se anos depois daqueles referidos em Corações Sujos.
O antigo presídio da ilha Anchieta foi fundado em 1908 e, no começo, tinha o nome de Colônia Correcional da Ilha dos Porcos. Só em 1934 é que passou a se chamar Anchieta em homenagem ao centenário do missionário jesuíta português (personagem marcante no litoral da região Sudeste ao tempo da colonização do Brasil... A propósito, não há como tratar da história da fundação de São Paulo sem citarmos Anchieta).
Devido ao seu isolamento, o presídio era considerado extremamente seguro. Lugar do qual a fuga era impensável... Não é por acaso que a ilha era conhecida como Alcatraz brasileira. Conta-se que a primeira rebelião no lugar data de 1933, quando 100 presos realizaram depredações e chegaram a tomar conta da situação, mas foram devidamente controlados, tanto é que não se registraram mortos no episódio.
No dia 20 de junho de 1952 ocorreu a mais sangrenta rebelião de presos da ilha Anchieta. Tudo começou depois que a direção do presídio determinou que 117 presos, acompanhados por dois soldados, fossem buscar lenha... Os detentos dominaram os soldados e mataram um deles. José Salomão das Chagas, soldado da Força Pública, era sentinela e trocou tiros com os rebelados. Quatro deles morreram logo no começo... A turba assassinou outros dois soldados a pauladas... Salomão das Chagas foi deixado apenas com as roupas de baixo, mas sobreviveu aos episódios.
Álvaro da Conceição Carvalho, um detento de alcunha Portuga arquitetou a sedição... Nenhum carcereiro ou a direção do presídio desconfiava de movimentações de motim organizadas por ele porque o seu comportamento era dos mais exemplares... Depois de iniciado o movimento, a chefia coube ao detento João Pereira Lima, esse sim era daqueles que podia se esperar atentados à ordem local. Seus comandados tomaram todo o arsenal da polícia, que contava com quatro metralhadoras e 80 fuzis... Os que ainda estavam nas celas foram libertados... Os que eram rejeitados pelos rebeldes foram assassinados. A colônia, então, passou a ser dominada por mais de 450 marginais... Conta-se que fizeram “400 litros de caipirinha com álcool, éter e limão”. Planejaram uma fuga numa barcaça que chegaria à ilha... Porém os soldados da embarcação notaram os movimentos suspeitíssimos e passaram ao largo, sem ancorar.
Como o plano havia falhado, os rebeldes decidiram se apoderar de uma embarcação menor. Mas ela ficou superlotada e começou a afundar... Decidiram lançar os feridos ao mar... Seu sangue atraiu tubarões... Dezenas de criminosos foram mortos também por tiros de soldados e dos próprios comparsas. Ao todo, 108 detentos e dez funcionários foram mortos durante a rebelião.
Além de Portuga e Pereira Lima, outros detentos se destacaram na trama do presídio da ilha Anchieta, entre eles, Diabo Louro e Sete Dedos.
O Estado de São Paulo, de 21 de junho de 1952, destacou a ocorrência em seus textos.
Em 1955, três anos depois da rebelião, o presídio foi fechado... Os presos foram encaminhados à Casa de Custódia de Taubaté, onde se diz que uma facção criminosa teve seu embrião...
O massacre do presídio da ilha Anchieta só foi superado pelo do presídio do Carandiru (região norte da cidade de São Paulo), em 1991, que somou 111 vítimas...

Um abraço,
Prof.Gilberto

terça-feira, 26 de junho de 2012

Filme: O Ovo da Serpente – O fim

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/06/filme-o-ovo-da-serpente-enfim-rosenberg.html antes de ler esta postagem:


Vergerus retoma as projeções... E agora vemos aquelas mesmas imagens do início do filme: “Uma lenta cena em preto & branco... Pessoas das mais várias idades caminhando, estão bem agasalhadas e várias seguem cabisbaixas.” Ele fala que “essas pessoas são incapazes de fazer uma revolução porque estão humilhadas demais, estão com medo, são oprimidas...” Mas, profetiza, num prazo de dez anos (não mais que isso) os mais jovens estariam amadurecidos e assumirão o próprio idealismo e impaciência... Ele imagina uma liderança que concentraria todas as suas necessidades de um futuro melhor... Uma liderança que faria exigências, que falaria de grandezas e sacrifícios... Então segue dizendo que “os mais jovens darão sua energia em torno da causa”... Haverá a revolução e “o mundo se afundará em sangue e fogo”. Uma sociedade sem igual emergirá... Os idealismos românticos serão ultrapassados e as ideias baseadas na “bondade humana”, que “nunca corresponderam à realidade”, seriam sepultadas. A sociedade do futuro seria baseada numa “avaliação realista do potencial e das limitações humanas”... Abel, ainda assustado, escuta que “o homem tal qual o conhecemos é uma aberração, uma perversidade da natureza...” Então, Vergerus finalizou afirmando que é neste ponto que entravam suas experiências... Elas visavam a “remodelação” do ser humano; a “libertação das forças construtivas e o controle das destrutivas”; “o extermínio do que é inferior e o aumento do que é útil”.
Ele segura o pescoço de Abel e diz que sempre gostou dele e de Manuela... Abel retira a mão do outro... Vergerus continua falando que, contra o próprio juízo, tentou ajudar o casal... Sentou-se e pegou um espelho. Falou que no futuro Abel poderia narrar sobre o que acabara de ouvir... Alguém acreditaria? Provavelmente não. É como um ovo de serpente... “Através das membranas finas, pode-se distinguir claramente o réptil já perfeitamente formado”... Diz isso e ingere a cápsula de cianeto. Neste momento a polícia chega. A porta está trancada... Vergerus acende uma luminária e observa no espelho o rosto daquele que “abraça a morte”. Começa a tremer e cai. Abel encosta-se na parede, com a cabeça reprova tudo o que vê...
Na cena seguinte o vemos em lençóis brancos, seu olhar está perdido... O inspetor Bauer entra no quarto e diz que ele foi medicado com Veronal, tendo dormido por dois dias seguidos... É a manhã de 11 de novembro, Abel solicita um pouco d’água... O inspetor diz que esteve em contato com Hollinger (ver http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/04/filme-o-ovo-da-serpente-abel-percebe-se.html), e que comunicou-lhe que poderia arranjar um trabalho a Rosenberg em seu circo... O governo alemão pagaria a passagem de trem de Abel para Basel... Rosenberg, ainda com olhar distante, fala que provavelmente aceitaria a proposta... Bauer conta que um guarda o acompanharia até a estação... Abel se dirige à vidraça e olha a luminosidade exterior, ouve que o trem noturno partiria às 23:20. Rosenberg agradece...
O inspetor se despede. Antes de sair, porém, diz com satisfação que “Herr Hitler falhou com seu golpe de Munique”; “um fiasco colossal”; “Herr Hitler e sua gangue subestimaram a força da democracia alemã”...
Abel fica só no quarto ladrilhado, parece esgotado... Na noite deste mesmo 11 de novembro, um domingo, Abel Rosenberg escapou do guarda que o levava até a estação... Ele nunca mais foi visto.
Indicação (18 anos)

Um abraço,
Prof.Gilberto

domingo, 24 de junho de 2012

Filme: O Ovo da Serpente – Enfim Rosenberg “vê” o que ocorreu com o irmão... e entre ele e Manuela na St.Anna Klinik

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Na sequência Vergerus fala de Max, irmão de Abel... Conta que ele sofrera do mesmo infortúnio... Rosenberg arregala os olhos na direção de seu interlocutor... Vergerus parece querer confortar o outro dizendo que o seu irmão fora um dos melhores assistentes do projeto. Conta que Max estava interessado na pesquisa e que insistiu para experimentar o thanatoxin. Vergerus diz que tentou impedi-lo, mas sem sucesso. Completa dizendo que também a noiva de Max havia sido de grande valia para as experiências... E que compartilharam um dos quartos da clínica.
Abel observa Vergerus com um olhar enigmático... O de avental segue falando sobre as recentes experiências, nas quais vinham investindo muitos esforços. Então inicia trecho de outra fita... Os casais recebem doses controladas de kapta blue, que é um gás “praticamente sem cheiro”... Abel vê na tela um casal fazendo uma refeição noturna, como a que fazia com Manuela na casa nº 28 da St.Anna Klinik.
Vergerus fala que o gás altera o comportamento das pessoas... Há um desequilíbrio emocional... Vemos a mulher da tela irritada, ela vai ao fogão e em seguida se dirige ao companheiro... É claro que Abel percebe que passou pelos mesmos episódios... A mulher está disparando um tapa na cabeça do companheiro, que prosseguia jantando... Abel, de olhos arregalados, vê que os dois tipos filmados estavam lutando loucamente, o homem foi para cima da mulher com violentos socos. Vergerus segue narrando as reações provocadas pelo kapta blue, e diz que certas atitudes dos avaliados são dignas de risos... Ele parece se divertir com tudo aquilo. Na cena seguinte, o casal se abraça.
Vergerus parece querer falar sobre suas intenções com todas aquelas experiências medonhas. E começa a narrar sobre Abel e Manuela, que também foram usados por ele num dos quartos experimentais... Diz que queria apenas ajudá-los... Falou que os recursos da iniciativa privada para seu projeto eram escassos, que Abel devia ter notado que certas instalações estavam desocupadas... Ele completa concluindo que não é um monstro, que está no início de um grande trabalho necessário... Diz conhecer os depoimentos de Abel ao inspetor Bauer sobre as experiências que vinha vivenciando... Ele considera o inspetor um “lerdo”, mas sabe que em breve seus policiais de “armas enferrujadas” chegariam até a clínica.
Abel não consegue mais ver ou ouvir nada que venha de Vergerus, está amargurado demais... O cientista continua justificando os seus experimentos... Agora com certa amargura, pois sabe que em breve será pego pela polícia. Então revela a Abel que engolirá uma cápsula de cianeto para que não o capturem vivo. Cogitou queimar os arquivos e destruir os registros acerca dos resultados... Sua esperança, então, volta-se para a possibilidade de a Justiça confiscar todo o material que, depois de algum tempo poderia cair em mãos de “respeitáveis cientistas”, que continuariam as experiências em “escala gigantesca”.
Enquanto fala com Abel, Vergerus fuma sem parar... Ele se considera um tipo à frente de seu tempo... Por isso mesmo não espera mais do que ser sacrificado. Fala que em breve as unidades nacionais do sul da Alemanha se revoltariam lideradas por um “cabeça-de-vento” chamado Adolf Hitler... Vergerus considera Hitler um incapacitado e sem método, então seu levante seria um fiasco. Acha mesmo que Hitler não conhece as forças que invocava, então seria “destruído como uma folha seca na tempestade”.
Indicação (18 anos)
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/06/filme-o-ovo-da-serpente-o-fim.html
Um abraço,
Prof.Gilberto

"Os Mandarins", de Simone de Beauvoir. Henri procura convencer Paule a "ocupar" melhor os seus dias; ele mesmo não sabe como encaminhar as próprias tarefas

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Henri Perron despertara de sua noite de inquietações sobre os rumos que deveria tomar em seus projetos de intelectual engajado. Paule preparou-lhe um café da manhã digno. Flores estavam dispostas sobre a mesa. Ela ajeitava as fotografias que ele trouxera de Portugal num antigo álbum... Nadine aparecia em várias.
A entrevista que Henri concedeu à repórter de Lendemain já havia sido publicada... Paule parecia lamentar a publicação, pois o casal resolveu no passado que Henri não falaria com jornalistas... Ele refletiu sobre isso, já que a companheira o desejava “o mais glorioso de seu meio”, porém sua publicidade a deixava descontente. Henri apenas diz que quis ajudar a repórter principiante. Depois de passar os olhos pelos escritos de Marie-Ange, de fato concordou que “não se deve falar com jornalistas”... Considerou medíocre o texto da moça... Em síntese, concluiu, os jornalistas compreendiam pouco do que Henri e seu pessoal produziam. Ele considerou que a admiração deles pelo seu novo texto devia-se mais pelo fato de ser o primeiro romance lançado após o fim da guerra... Os jornalistas “são obrigados a elogiá-lo”.
Depois dessa conversa, Henri perguntou a Paule sobre como seria o seu dia... Suas respostas giravam em torno de futilidades (entrar em contato com a costureira sobre os tecidos trazidos por Henri). Ele sentenciou que não se conformava com o fato de Paule passar os dias “apenas vegetando”. Ela retrucou dizendo que “quando se ama, não se vegeta”... Queria dizer que se realizava dedicando-se integralmente a ele. Mas isso o incomodava demais, então voltou a tratar dos mesmos assuntos da noite de Natal. Disse que ela poderia se tornar a estrela do Clube 45. Os amigos colaborariam com o repertório, Julien escreveria as canções e Brugère cuidaria da música...
Paule era decidida, disse que levava em consideração apenas a opinião de Henri e que voltaria a cantar se, para ele, fosse muito importante ver o nome dela em cartazes. Isso o faria amá-la mais?... Quis mostrar-se decidida, contava 37 anos e não se aventuraria a iniciar uma carreira de “segunda categoria” (citou uma renúncia de outrora quando, em vez de partir em excursão ao Brasil, decidiu permanecer na companhia de Henri). Para ela, aquilo era uma situação definitiva.
As palavras de Paule, de alguma forma, levaram à reflexão sobre se teria mesmo se sacrificado (em relação à carreira artística) para permanecer com ele, ou se não se importava mesmo com a música... Ele se sentia incomodado, pois sabia que não sentia mais por Paule o mesmo de quando se conheceram. E isso era ainda mais pesado quando notava que a moça se anulava para viver ao seu lado... Para ela, voltar a cantar, não traria novo elã... Inicialmente, até que os intelectuais do circulo que participavam poderiam prestigiá-la, mas depois... A conversa se encerrou e novamente ela disparou que Henri não entendia o seu “amor de doação”.
Enfim, Henri retornou aos seus papéis. Com satisfação recolheu a centena de rascunhos que permaneceram sem alterações durante o seu mês de férias... Impressões desconexas... Em comum, os rabiscos possuíam a “atmosfera do anteguerra”... De súbito, nova angústia se apossou de Henri... O que escrever? Para quê escrever? Como construir um texto sobre uma época passada, envolvendo pessoas de sua convivência, que não as reduzisse à condição de “bonecos”? Todos tão diferentes do que foram no passado... Ele pensava essas coisas obviamente imaginando um novo romance sobre a própria existência.
De que forma organizar todos aqueles papéis? Coletá-los ao acaso? Não... Definitivamente esse não é o melhor método. Refletiu sobre a existência comum a todos, “nascer, padecer, morrer, alimentar vermes”...
Pensou sobre os últimos dias, no encontro com Dubreuilh, sobre a provocação de que L’Espoir é apena uma gazeta local... E os estudos dos textos de Marx?... Devia conversar com Sézenac... Preston arranjaria papel para as impressões? E a carta do velho das Viernas, de Portugal? Devia ser entregue ao Ministério das Relações Exteriores... Devia resolver isso também. Por que não começar por aí?
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/06/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir_27.html...
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.

Um abraço,
Prof.Gilberto

sábado, 23 de junho de 2012

Tempo de Esperas, de Fábio de Melo (PE.) – “preparar a felicidade já é um jeito de ser feliz”

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/06/tempo-de-esperas-de-fabio-de-melo-pe_23.html antes de ler esta postagem:

Do que Abner escreveu, ainda podemos registrar:
Ele retomou a ideia de jardinagem e respondeu ao outro que não era buscando os profundos conhecimentos da Botânica que deveria iniciar o seu cultivo... Vale muito mais o empenho na construção de algo simples. E aproveitou para alertar que, na vida, as pessoas se preocupam muito com resultados sem dar importância ao processo... “O processo do ir é tão importante quanto o chegar”... Viver para resultados é perigoso e pode ser frustrante... Vivenciar as etapas, desfrutá-las a cada passo (e não ter receio de corrigi-las), diminui as ansiedades e permite contemplar o percurso... “Preparar a felicidade já é um jeito de ser feliz”.
O professor relata sobre a reforma da casa onde vivia. Conta que agia de modo muito diferente de sua esposa porque ele era apressado e não aceitava a lentidão dos resultados... Flora, sua esposa, o alertava sobre a necessidade de “saborear as esperas”... Havia prazer nisso, mas ele só enxergava tortura. Para complementar o raciocínio, Abner exemplifica tratando sobre a faculdade, onde notava que os estudantes só queriam saber de notas, sem levar em consideração que o ato de aprender é mais relevante do que “demonstrar que aprendeu”... As provas e suas notas “provam pouco ou nada” sobre o processo.
A parte final da carta é repleta desses conselhos que levam o amigo a não ser tão repressor consigo mesmo... Mostra que Alfredo despreza a ideia do jardim porque imagina algo extremamente racional e só possível de ser realizado se elaborado por um especialista... Não há necessidade de se prender a resultados numa atividade em que, na verdade, ele só terá a aprender com os hábitos das plantas.
Abner faz referências ao seu próprio aprendizado... Escreve sobre as avencas e erros que cometeu ao colocá-las em local de sua preferência (o escritório) sem levar em consideração que elas se adaptavam melhor em outro (a sala). Também se referiu aos percursos dos rios que fluem para o “desaguar” (a morte)... Isso é a sua transformação, já que de alguma forma prossegue nas águas de outro rio (ou no mar)... Mas há o caso do rio Amarelo (Hoang Ho), que está morrendo “antes de chegar ao mar”. Ele encerra a sua carta e pergunta a Alfredo se é possível tirar algum ensinamento dessas palavras.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/07/tempo-de-esperas-de-fabio-de-melo-pe.html
Leia: Tempo de Esperas. Editora Planeta.

Um abraço,
Prof.Gilberto

Tempo de Esperas, de Fábio de Melo (PE.) – felicidade é muito mais do que estar constantemente alegre

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/06/tempo-de-esperas-de-fabio-de-melo-pe_14.html antes de ler esta postagem:

Alfredo melhorou das indisposições causadas pelo resfriado. Iniciou sua carta para Abner tratando da questão da velhice. Considerou que a condição do outro (sua velhice) não era algo do qual estivesse disposto a refletir. Por tratar-se de um jovem com muitas possibilidades, gostaria de viver muito e não tinha tempo para “pensar a velhice”... Sobre a proposta do jardim, descartou-a completamente porque é uma atividade da qual não tem a menor ciência. Suas férias estavam apenas se iniciando e queria aproveitá-las para atualizar as leituras, embora reconhecesse que isso era tarefa cada vez mais difícil, pois Clara não lhe saía do pensamento... O moço reforçava a ideia de que, para ele, “envelhecer” se relacionava a “decadência”. Ele se confessa, concordando com o professor, que sofria mesmo era de “juventude”.
Encerrou sua carta registrando que a passagem do tempo não estava melhorando sua condição, já que a ausência da amada era uma tortura... Era como “ter sede no deserto” e delirar com visões de oásis... “O amor provoca delírios”. Suas palavras são as de desespero daquele que espera cegamente porque não aceita outra possibilidade que não seja o retorno de Clara, que permanece artificialmente em suas visões... Terminou com mais essa pergunta para Abner: “O que é a felicidade para você?”
É claro que Abner não tinha condições de responder facilmente à pergunta de Alfredo. Escreveu sobre experiências pessoais, que eram bem simples... Sobre satisfações que geravam um estado de harmonia, sem que soubesse exatamente sua origem... A felicidade escondia-se em “coisas miúdas”... Interferências que rompem a mesmice, e “a vida parece parar” por causa delas. É estranho porque há uma estrutura material, mundana, que é “permanente” e, mesmo assim, os momentos de alegria nos levam a enxergar tudo de modo diferente... Passamos a ter motivos para sorrir...
Mas Abner diz que a Felicidade é mais profunda que essas sensações, pois não depende de alegrias... A pessoa pode ser feliz e “não ser permanentemente alegre”... A Felicidade se relaciona à nossa condição de vivenciarmos com propriedade as situações de nossas escolhas... Eventualmente a realidade pode se apresentar pesada, mas é ali mesmo que devo estar... Assim, serei feliz em minhas motivações para superar as dificuldades.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/06/tempo-de-esperas-de-fabio-de-melo-pe_2059.html
Leia: Tempo de Esperas. Editora Planeta.

Um abraço,
Prof.Gilberto

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Filme: O Ovo da Serpente – Vergerus apresenta fitas (sobre as experiências que realiza na Clínica Santa Ana) a Rosenberg

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/06/filme-o-ovo-da-serpente-manuela-esta.html antes de ler esta postagem:

Soltermann fala que as transformações que viriam seriam dolorosas, carregadas de sofrimento e morte... Abel o segue de perto, mas ele continua firme em seu discurso. Fala que milhares de vidas, ele ou Abel não têm nenhuma importância ante as mudanças que estavam por vir... Abel o agarra e o lança contra a grade. Enfim toma posse das chaves e segue o seu caminho.
Passa pelos corredores carregados de pastas até chegar a uma porta específica. Consegue abri-la... Ele já estivera ali com o doutor Silbermann. Então decide abrir outra porta. Entra num cômodo anexo, onde um equipamento projetor está posicionado. De repente, Vergerus aparece com o seu avental branco... Ele trancou a porta e começou a falar com Abel. Disse que o doutor Soltermann o advertira sobre o assistente. Abel nada fala... Vergerus, porém, iniciou uma exposição sobre os segredos da clínica...
Abel tomou conhecimento das pesquisas comandadas por Vergerus ao assistir as projeções... E enquanto assistia, ouvia as explicações do outro, que disse que as imagens foram feitas durante as experiências que realizava na Clínica Santa Ana. Inicialmente vemos uma mulher de 30 anos que cuida de uma criança portadora de lesão cerebral... A criança chorava dia e noite... A experiência consistia em saber o que aconteceria com a mulher ao permanecer ininterruptamente com aquela criança perturbada... Vemos a mulher cuidar do bebê... Ela o pega no colo carinhosamente... Depois acomoda a criança no berço...
A narração mostra que após doze horas, a mulher ainda conservava um comportamento normal. Porém, depois de 24 horas, seu comportamento tornou-se afetado... A criança doente permaneceu berrando, enquanto a mulher ficou na cama sem a menor compaixão. A mulher está deprimida e sem iniciativa... O bebê foi abandonado por ela... Ela não aguenta mais ouvir o bebê, então, com os cabelos desalinhados, grita... A narração revela que a mulher (“voluntária” para a experiência) decidiu livrar-se da criança desafortunada.
Na tela onde Abel fixa os olhos, vemos Vergerus dando suas explicações... Numa maca está um homem desacordado. O “paciente” permanecera trancafiado numa cela especialmente construída... Ele ficou sem poder movimentar a cabeça ou os membros... De sua cela não conseguia ouvir absolutamente nenhum som, permaneceu em absoluta escuridão... Assistimos à fita e vemos que o tipo está completamente transtornado e à mercê do doutor Vergerus... Não podemos considerá-lo apto a sair por aí com autonomia... Está zonzo, suas pernas e braços simplesmente não demonstram força... As cenas são traumatizantes, e Vergerus se antecipa a explicar que não encontra dificuldades para conseguir voluntários, pois as pessoas topam “qualquer experiência” por qualquer dinheiro e uma refeição...
O doutor diz que as imagens não são instrutivas e que o interesse que despertam, talvez, sejam apenas fisionômico... Revela o caso de outro “paciente”. Este havia recebido uma injeção de thanatoxin, uma droga que produz angústia extremada... O doutor segue apresentando o momento em que o “paciente” recebeu a injeção. E podemos notá-lo cheio de vida e animado, sorrindo e brincando. Vergerus revela que o moço era estudante de Ciência Política na universidade. Depois a fita apresenta o “paciente” em estado de pavor, ele se atira contra a parede... Em poucos momentos procuraria cometer suicídio... Há uma arma em sua cela, mas ela está descarregada. Vergerus conta que dias depois o moço chegou às vias de fato. De certa forma, ele estranhou o ocorrido, pois ressaltou que os efeitos do thanatoxin tinham passado...
Indicação (18 anos)
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/06/filme-o-ovo-da-serpente-enfim-rosenberg.html

Um abraço,
Prof.Gilberto

Considerações sobre Deficiência Intelectual: os sentidos da cultura, da história e da escola, de Anna Augusta Sampaio Oliveira; in Referencial sobre Avaliação da Aprendizagem na área da Deficiência Intelectual – Parte Final

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/06/consideracoes-sobre-deficiencia_20.html antes de ler esta postagem:


É claro que o anteriormente exposto é um desafio para as nossas escolas. Valentim (F.O.D. Valentim) destaca que as necessidades, particularidades e ritmo dos estudantes com deficiência intelectual levam-nos a refletir sobre a “adequação curricular”, com o cuidado de não impor o mesmo padrão dispensado aos demais.
Algumas “quebras do tradicional”, por mais simples que pareçam, podem gerar boas experiências. São citados trabalhos em grupos; utilização de recursos lúdicos no desenvolvimento dos temas propostos aos alunos; organização física da sala de aulas (grupos pequenos, maiores, carteiras em círculo...); atividades no chão; em outros espaços (quadra, pátio), e assim por diante.
Citando Shimazaki (E.M. Shimazaki), o texto destaca ainda as diferentes maneiras de ensinar pelo viés do resgate histórico. Há a forma reducionista, que consiste em treinamento e “ensino de habilidades”. Trata-se de uma forma isolada e descontextualizada... Diferente disso, numa perspectiva contextualizada, é a construção de formas integradas com as áreas do conhecimento humano.
Oliveira considera que as práticas “mecanicistas e repetitivas de aprendizagem” estão cada vez mais distantes dos cotidianos escolares. Falta, talvez, proporcionarmos mudanças mais significativas em relação aos estudantes com deficiência intelectual, possibilitando-lhes real condição de sujeitos históricos, capazes de desenvolver, mais que habilidades, a capacidade de pensamento e reflexão sobre os bens simbólicos.
De Carlo (M.R.P. De Carlo) fala da inclusão que leva o sujeito a vencer as dificuldades impostas pela deficiência sem metas distintas das do ensino comum. Destaca a importância de, também a escola, proporcionar a relação desses estudantes com a comunidade... Cabe a cada professor, a partir de seu componente curricular e especificidades, pensar e implementar formas de aproximação do estudante com deficiência intelectual da vivência da comunidade onde vive. Mas isso não se dá de modo fragmentado (professores e áreas de conhecimento isoladamente) porque pretende-se uma construção de currículo que seja reflexo da integração de toda escola, e dela com o seu meio sócio-histórico-cultural. O currículo, dessa forma, é “concebido como uma construção sociocultural abrangente...”
Finalizando com essas ideias de Pletsch (M.D. Pletsch), Oliveira conclui que não se pode atuar de forma isolada, mas buscar o diálogo na escola e a aproximação de formas coletivas de atuação.

Um abraço,
Prof.Gilberto

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Filme: Sonhos, de Akira Kurosawa – Outro sonho – “visitando” telas de Van Gogh; perseguindo o artista

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/06/filme-sonhos-de-akira-kurosawa-uma-vez.html antes de ler esta postagem:

Há uma exposição. Vemos quadros de Van Gogh... As lentes do cineasta passam por eles. Os motivos emoldurados são bem conhecidos porque este é um dos gênios holandeses dessa arte... Vemos “uma noite”, "girassóis num vaso”, “um campo de trigo”, “corvos sobrevoando o trigal”... Um jovem (aparentemente artista) caminha próximo à parede. Leva uma bolsa e algumas telas... Decide sentar-se para apreciar melhor os quadros. Pode ser um estudante de arte... Um aspirante... Está deslumbrado pela obra do mestre.
Vê-se que as telas o atraem... Levanta-se novamente... Observa de perto “a cadeira”, “o quarto do artista”... A “ponte levadiça sobre o rio”, “a carruagem”, “as lavadeiras”.
Não é que o moço “entrou neste quadro”?
Ele caminha pela margem do rio onde estão as lavadeiras. Pergunta a elas se sabem onde mora Van Gogh... elas apontam para o outro lado, possível de ser alcançado depois de atravessar a ponte. Mas o alertam para que tome cuidado, pois o artista acabara de sair do hospício. Elas caem na gargalhada enquanto o moço toma o rumo desejado.
O rapaz atravessou a ponte e caminhou por um trecho florido... Atingiu uma área de trigais... Percorre entre os trigais e num descampado encontra Van Gogh trabalhando. O artista está com um lenço passando pela cabeça, envolvendo sua orelha.
Ao perceber a chegada do forasteiro, Van Gogh diz que “Toda natureza tem sua beleza”... “A cena se pinta sozinha para mim”; “Mas é difícil segurar aqui dentro”; “Trabalho como a locomotiva”; “O tempo está acabando”; “Tenho tanto a pintar"...
O moço a tudo ouviu sem nada a dizer. Estava encantado. Abriu a boca e só saiu um “O senhor está ferido?”
O Van Gogh do sonho respondeu que esteve pintando um auto-retrato e, como não conseguiu definir a orelha, descartou-a. O artista recolheu seu material e retirou-se... O moço está perdido em seu sonho e o que mais deseja é encontrar Van Gogh. Então inicia a perseguição e os cenários pelos quais passa, na verdade, são desenhos e pinturas do mestre... Percorre suas paisagens, passa por alamedas e trilhas.
De repente temos as mesmas "reais" paisagens holandesas do artista e o moço está num trigal. Ao longe vai Van Gogh, cujo caminhar espanta corvos... A tudo isso o rapaz vê à distância.
Ouvimos o som de uma locomotiva... Novamente o moço está na galeria.
Fim do sonho.
Indicação (livre)
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2012/07/filme-sonhos-de-akira-kurosawa-outro.html

Um abraço,
Prof.Gilberto

Considerações sobre "Deficiência Intelectual: os sentidos da cultura, da história e da escola", de Anna Augusta Sampaio Oliveira; in "Referencial sobre Avaliação da Aprendizagem na área da Deficiência Intelectual" – Segunda Parte

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/06/consideracoes-sobre-deficiencia.html antes de ler esta postagem:

Adolescentes e adultos carregam experiências em sua vida marcada por superação de limites impostos pela deficiência. Graças a compensações sociais e culturais adquiriram novas formas de viver e se relacionar com o mundo. Nesse sentido, a escola é ambiente privilegiado. Espaços coletivos são fundamentais para os processos de formação (interações sociais e mediação semiótica – Vygotsky -proporcionam a reorganização do funcionamento psíquico das pessoas com deficiência... assim elas podem alcançar um nível de desenvolvimento superior).
Carvalho e Maciel (E.N.S. Carvalho e D.M.M.A. Maciel) corroboram as idéias anteriores em relação às interpretações sobre as condições e possibilidades dos deficientes intelectuais. Elas dependem das concepções, percepções e valores presentes no meio social e cultural.
(Oliveira) define a deficiência como fluida, contínua, mutável... Pode-se reduzi-la através de intervenções, serviços e apoios. A escola deve refletir sobre sua tarefa, pois a condição de deficiência não pode nunca pré-determinar o limite do desenvolvimento da pessoa. Cabe à escola criar as condições para que os limites sejam superados.
Citando Vygotsky, destaca que é um erro tratar os casos de deficiência intelectual de forma generalizada. O próprio pensador definiu que os deficientes são pessoas localizadas em seu tempo histórico, são únicas, particulares, singulares.
O professor, que é mediador no processo-aprendizagem, com a sua experiência, tem um papel extremamente importante na condução de todos os estudantes a níveis superiores de funcionamento.  Isso se torna ainda mais importante quando se tem consciência da dimensão histórica e cultural da deficiência intelectual.
Cita Pletsch (M.D. Pletsch) que destaca que não é apenas a ação do professor em sala de aulas que conta quando se trata de prática pedagógica... Aí devem ser consideradas também suas condições reais de trabalho, sua inserção na sociedade, no panorama político e cultural, além do próprio contexto sociopolítico e cultural em que a escola está inserida.
Oliveira (em texto de 2009) ressaltava a importância do caráter social da prática educativa. A emancipação dos alunos, e o desenvolvimento das funções superiores de pensamento e linguagem, podem ser proporcionados quando as forças que constituem essa prática são colocadas em preeminência. No caso específico dos deficientes intelectuais, não podemos deixar de apontar a “metodologia, a intensidade dos apoios e adequações curriculares individuais”.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/06/consideracoes-sobre-deficiencia_21.html
Um abraço,
Prof.Gilberto

terça-feira, 19 de junho de 2012

Vamos exibir mais estes "Sonhos" de Kurosawa?

Pode ser interessante acessar também http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/06/vamos-exibir-sonhos-de-kurosawa.html
Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/06/filme-sonhos-de-akira-kurosawa-outro_11.html e http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/06/filme-sonhos-de-akira-kurosawa-outro_17.html antes de ler esta postagem:


Esses dois episódios de Sonhos, de Akira Kurosawa, são muito bonitos e instigantes. Eles são assustadores também.
Sobre o “sonho das nevascas na montanha”: Analogias com a vida são inevitáveis. Vemos os homens lutando para chegar ao acampamento... Eles estão perdidos e exaustos. Não sabem onde está o acampamento porque perderam completamente o sentido de direção. Sofrem com a tarefa dificílima, e seu raciocínio começa a falhar... O líder do grupo carrega sobre os ombros a responsabilidade de mantê-los animados.
Mais uma nevasca... E o líder também se rendeu à força da natureza. Está exausto e deita-se sobre a neve... Tenta recuperar as energias, pois o seu objetivo é prosseguir.
Então aparece a figura mítica. A mulher que não ostenta nenhuma vestimenta apropriada para aquele frio rigoroso... Ela diz que “a neve é morna e o gelo é quente”.
É... A mulher da neve, conhecida como Yuki-onna, pode nos levar a pensar que está dando um alento aos sofredores da montanha... O seu canto é sedutor, e o homem acabaria sucumbindo, mas de repente ocorre o despertar e a morte se afasta... Assim ele tem condições de levantar os companheiros, seguir caminho...
A calmaria voltou, e o acampamento pode ser avistado. Estão “de volta à vida”.

(...)
Sobre o “sonho da travessia do túnel”: Analogias com a passagem da morte são inevitáveis.  Vemos o oficial caminhando em direção ao túnel... Ele vai atravessá-lo. Encontra o raivoso cão que o intimida... Esse animal pode ser relacionado a Cérbero, o cão de mais de uma cabeça que guardaria o reino dos mortos (Hades) da mitologia grega.
Não sabemos o nome do comandante. No sonho vemos um tipo perturbado... O soldado Noguchi, próximo a ele (pelo menos em seus últimos instantes), morreu em seus braços... E todo o 13º Pelotão também... Ele se sente mal, considera-se culpado por ter enviado seus homens à carnificina. A passagem pelo túnel tem seus riscos (o cão, ou encarar os traumas), mas se faz necessária.
Ele despeja a sua indignação. Pois, tendo sobrevivido nos campos de prisioneiros dos inimigos, passou por momentos em que teria preferido a morte. Encara os seus mortos e ordena (assim como fazia quando eram vivos) que deixem este mundo. E eles partem definitivamente. O comandante poderá voltar pelo túnel, mas é claro que antes disso passará pelo cão raivoso... O sonho acaba... Mas você deve saber que o Cérbero da mitologia não permitia que aqueles que ousassem visitar o Hades saíssem vivos de lá. 
É só um sonho.
Indicação (livre)
Um abraço,
Prof.Gilberto

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