quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Filme: Quanto Vale ou é por Quilo? – dona Mônica e dona Eugênia; Lucrécia e dona Maria Antônia

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/08/filme-quanto-vale-ou-e-por-quilo_23.html antes de ler esta postagem:

Em documentário que está sendo produzido, Dona Mônica Silveira (aquela do trabalho voluntário noturno em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/08/filme-quanto-vale-ou-e-por-quilo_23.html) é apresentada como uma senhora de 47 anos, moradora comum de cidade grande... Alguém que, como tantas outras pessoas, vivia angustiada... Sua lida era trabalho duro em dois empregos de baixos salários... A vemos chegando em casa enquanto a narração mostra que seus traumas não se resumiam apenas à baixo auto-estima... Ela se incomodava também com a condição miserável dos pedintes das ruas... Depois a vemos declarando às câmeras que descobriu a própria vocação, que é “ajudar aos necessitados”... A mensagem era a de que, com os parcos recursos que possuía e com muito esforço, conseguiu fundar a própria associação... As imagens mostram Mônica e uma assistente num local onde vários ex-desempregados desenvolvem um trabalho de marchetaria “em prol da comunidade”. A vemos dando de comer aos necessitados em sua associação... Depoimentos do pessoal da comunidade afirmam que todos tinham muito orgulho dela...
Um corte de cena e é possível ouvi-la, microfone em punho, dando o próprio depoimento... Diz que tem uma missão, e que o que realizou até então é um sucesso, mas pretendia ampliar a associação... Sua maquiagem é retocada e o pessoal da técnica segue ajeitando as luzes... Ao fundo vemos pessoas em atividades cotidianas em sua instituição, enquanto ela afirma que não descansará enquanto souber que ao seu lado existem pessoas que não têm o que comer... O narrador diz que, para ela, “viver de solidariedade é o maior aprendizado que a vida pode dar”...
Na sequência, temos o episódio que selou o acerto de trabalho de dona Mônica para a instituição de dona Noêmia... Então "voltamos no tempo"... Um clarão, e a câmera se distancia para que possamos ver dona Mônica num “sacolão” (uma quitanda) comprando verduras e legumes... Notamos que, de fato, ela não é a mulher de sucesso que dirige uma instituição de caridade como apresentado anteriormente... Ela estava reflexiva quando foi despertada pela amiga Noêmia, que também fazia compras (é bom esclarecer que essa aí é a dona Noêmia que em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/08/filme-quanto-vale-ou-e-por-quilo_23.html aparece dirigindo a equipe que prestava benevolência fornecendo café, lanche e cobertores aos miseráveis durante as noites)... Mônica foi logo dizendo que pensava no casamento da sobrinha (em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/08/filme-quanto-vale-ou-e-por-quilo_23.html Mônica refere-se ao noivo da moça como genro), então a outra quis saber sobre quando seria a festa... Mônica respondeu que não sabia, pois dependia do pagamento de parte de seus vencimentos que um de seus patrões lhe devia. Noêmia está comprando muitos quilos de carne (o açougueiro revela que não é uma carne fresca, porém está aproveitável)... Num lampejo repentino, Noêmia oferece trabalho para Mônica em sua instituição, garantindo que pagaria os gastos com a festa que tanto a preocupava. Diz que Mônica poderia largar um dos empregos... É claro que ficaria em débito com a amiga, mas um ano de serviços na instituição quitaria a dívida. Mônica ficou muito satisfeita, nem sabia como agradecer a outra... As duas se abraçaram...
(...)
Outro recorte e estamos num cenário do século XVIII... Tem início a história da grande amizade entre Maria Antônia e Lucrécia... Vemos dona Maria Antônia (não por acaso interpretada por Ana Lúcia Torre, que também faz o papel de Noêmia) levando jovens escravos a um comprador... Ela fala sobre as qualidades de Jorginho e de Das Dores, e vai logo recebendo o dinheiro... Continua seu caminho...
Depois o narrador apresenta-nos mais detalhadamente a personagem... Maria Antônia do Rosário, senhora viúva que residia à Rua dos Ferreiros, vivia de pequenos negócios... Comprava a preços baixos e procurava lucrar valorizando ao máximo seus artigos, os escravos.
Depois conhecemos a escrava Lucrécia, também viúva... Ela contava mais de 50 anos e mesmo assim trabalhava com afinco nos afazeres domésticos para a família de Caetano Pereira Cardoso... Se Lucrécia pretendesse comprar sua alforria deveria juntar 34 mil réis.
As duas mulheres acabaram se envolvendo... Certo dia, ao lavar as roupas da família Cardoso no rio, Lucrécia era observada bem de perto por Maria Antônia, com quem conversava... A escrava lamentava não conseguir os 34 mil réis para a obtenção de sua liberdade... Não sabia como proceder, pois já estava velha e cansada... Mas ousou propor a Maria Antônia que a comprasse de seu senhor. Lucrécia trabalharia por um ano para a nova senhora e ainda para terceiros... Juntaria dinheiro e compraria, enfim, sua liberdade numa “condição de menos exploração”... Os juros seriam de 7,5% ao ano... Antônia fez as contas e percebeu que teria um lucro de 2.550 réis... Isso se a outra conseguisse juntar o dinheiro em um ano porque, caso só conseguisse pagá-la em dois anos, o lucro seria ainda maior...
Maria Antônia e o senhor Caetano acertaram o negócio no cartório... A compra de Lucrécia foi devidamente paga e registrada... Lucrécia, então, seguiu trabalhando muito para juntar o dinheiro que devia a Maria Antônia... Três anos se passaram... Enfim, as duas se dirigiram ao mesmo cartório do tabelião José Vandek para registrar o pagamento de sua dívida. A 16 de setembro de 1786, Lucrécia entregava a soma de 42.238 réis... Sem conter a felicidade, ela tomou posse do documento que lhe garantia a libertação...
As informações do parágrafo anterior se devem à documentação do Arquivo Nacional (papéis do 4º Ofício de Notas, livro 104, 16 de setembro de 1786) – Rio de Janeiro...
Maria Antônia obteve 8.238 réis de lucro.
Indicação (14 anos)
Um abraço,
Prof.Gilberto

Páginas