O filme se inicia com a captura do escravo Antônio, que pertencia a Joana Maria da Conceição... Isso ocorreu na madrugada de 13 de outubro de 1799... Naquele tempo o Brasil era Vice-Reino de Portugal.
Vemos a mulher gritando com aos homens da expedição encomendada de capitães do mato. Mas eles o levam mata adentro. Ela pede desesperadamente que o larguem. Diz que eles não podem entrar em sua propriedade e nem capturar o seu escravo. Eles nada dizem.
Aqueles homens estavam capturando escravos em residências da área rural... Maria da Conceição ficou indignada e reuniu o pessoal de sua pequena chácara, pegou seus documentos e seguiu para onde o escravo foi levado. Percorreu mata atrás dos capitães.
Joana é descrita como uma mulher forte, negra que após a alforria acumulou recursos e comprou escravos... O episódio marcava o roubo de um deles. Mas ela acreditava na Justiça e na capacidade de seu grupo, então estava decidida a enfrentar o mandante da expedição. Chegaram à casa de Manoel Fernandes, onde os capitães estavam entregando os escravos... Joana gritou assim que o homem saiu da casa. Disse que aquilo era uma injustiça, pois o escravo era dela. Comprovava com os documentos que trazia... Chamou o homem de ladrão. Ele partiu para cima dela e ordenou que fosse embora dali.
Joana argumentava, mostrava não temer a violência aplicada contra ela. Dizia que defenderia seus direitos legitimados nos papéis, eles eram a única violência que usava. Gritava que o homem é um ladrão... Chamou-o de “branco ladrão”.
(...)
O narrador diz,
reproduzindo sentença do juiz, que a lei vigente condenava “qualquer tipo de
comportamento que perturbasse a paz social”. Joana, então, foi considerada
culpada por “perturbação da ordem em área residencial e por ofensas morais e
raciais ao senhor Manoel Fernandes, branco, casado”... Ela seria recolhida à
prisão, ou poderia pagar fiança de 15 mil réis.
As informações do parágrafo
anterior foram extraídas do Arquivo Nacional, papéis do ano de 1799, Rio de
Janeiro, Vice-Reinado, Caixa 490.
Na sequência assistimos as cenas em que vemos negros sendo torturados
com a utilização de aparelhos diversos. Certamente Joana deve ter passado por
um ou mais desses suplícios.
Máscara de folha de flandres (instrumento de
ferro). Um cadeado posicionado atrás da cabeça do sentenciado a fechava... A
parte da frente apresentava buracos para que o condenado pudesse enxergar e
respirar... A máscara evitava o vício do álcool. Permanecendo sóbrios, os
escravos “não teriam a tentação de furtar”. Muitos proprietários aplicaram este
castigo aos seus escravos.
O
tronco (mãos e pescoço presos) era indicado aos escravos que insistiam em
fugir. As duas metades do tronco eram abertas, os pulsos e o pescoço do escravo
eram presos após o travamento das duas partes. Esse instrumento “estimulava a
humildade e a subserviência”, uma vez que o escravo ficava imobilizado,
impotente aos ataques de moscas, e em condições impróprias para satisfazer suas
necessidades fisiológicas. Muitos proprietários aplicaram este castigo aos seus
escravos.
Indicação (14 anos)
Um abraço,
Prof.Gilberto