sexta-feira, 30 de setembro de 2011

"Os Mandarins", de Simone de Beauvoir. O fim da noite de Natal

Talvez seja interessante acessar http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/09/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir_27.html antes de ler esta postagem:
Nadine era um tipo muito insatisfeito... Para ela coisas terríveis ocorreram, não há dúvidas de que a morte de Diego havia sido a mais arrasadora... Mas a moça sobrevivia... Às vezes nos braços de um, às vezes na cama de outro... Rapazes da Resistência e os soldados americanos faziam parte de sua lista. Ela vivia dizendo que “nada de interessante acontecia”. Na mesma noite de Natal, assim que teve chances de falar a sós com Henri, foi logo se oferecendo como companhia para a viagem que este faria a Portugal... Henri estranhou e falou-lhe que preferia viajar sozinho e que, em todo caso, Paule seria sua companhia natural... O assunto não ficou de todo encerrado...
Todos bebem, conversam e dançam... Há um encontro de Henri com Scriassine. Este aí não concordava com o fato de Robert Dubreuilh pretender organizar um grupo (o SRL) apartado dos comunistas... Advertia Henri sobre suas maquinações em relação ao jornal (L’Espoir) dirigido por Henri, mas o moço não estava para discussões políticas. Apoiado por seus companheiros de redação, afirmava que pretendia manter-se independente tanto do pessoal de Scriassine quanto de Dubreuilh... Mas ele sabia que isso seria algo bem difícil de manter...
Alta madrugada: Os convivas deixaram o estúdio onde Henri e Paule viviam... Ele procura incentivá-la a retomar a carreira artística... Ela repete que não tem mais esse tipo de interesse há muito tempo. Henri está muito desanimado, não se empolga com a companheira... Gostaria de livrar-se dela, mas ela quer sentir prazer e ao mesmo tempo agradá-lo a todo custo... Embora não fale nada a Paule, Henri sente que sua noite é uma das mais desagradáveis...
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2011/10/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir.html...
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.
Um abraço,
Prof.Gilberto

terça-feira, 27 de setembro de 2011

"Os Mandarins", de Simone de Beauvoir. Noite de Natal ao final da guerra

Os Mandarins se inicia com um encontro de amigos para a noite de Natal. É o final da guerra. A França estava definitivamente libertada... Aviões aliados cruzavam o céu de Paris. O Estúdio onde Henri Perron vivia receberia os convidados... Ali chegavam alguns intelectuais engajados na Resistência com motivos suficientes para comemorar... Estavam aliviados com a derrota nazista e com o fim das ações perigosas nas quais os mais jovens se arriscavam.
Anne, esposa de Robert Dubreuilh, é quem narra a história e apresenta as personagens centrais: Henri Perron é editor de L’Espoir, jornal independente e de fácil circulação entre o proletariado e a classe média moderada. Henri era casado com a devotada Paule. Porém ele mesmo já não suportava a convivência matrimonial... Henri revela seus planos imediatos que se resumem a realizar uma viagem e escrever um livro sobre os últimos anos que, para os franceses, significaram ocupação nazista e resistência... Mas seu texto deveria ser “algo leve”, um “romance alegre”...  Pretendia fazer isso após a viagem a Portugal, umas merecidas férias...
Os primeiros a chegarem ao estúdio para a celebração do Natal foram exatamente o casal Dubreuilh e a filha Nadine. Robert era bem mais velho que Anne. No passado ele havia sido o professor por quem a acadêmica se apaixonara... Ela se tornara uma psicanalista que, numa época de tantos traumas, estava mesmo carregada de consultas. Nadine era uma jovem cheia de ansiedade por fazer algo... Pretendia ingressar na Universidade, mas enfrentava problemas com os conteúdos de Química. A moça participou da Resistência e teve um namorado, Diego, morto durante operações nazi ao tempo da ocupação. Sobre Robert, podemos ainda dizer que se tratava de um intelectual consagrado e sempre engajado politicamente, defendia o SRL como grupo que deveria agregar a todos, mantendo afastamento em relação ao Partido Comunista. Dubreuilh não entendia muito bem a decisão de Henri em torno do projeto de férias, deixando o jornal...
A equipe do jornal (Vincent, Lambert, Sézenac, Chancel) também apareceu no estúdio. Todos muito animados, bebiam, cantavam e dançavam. Havia muito que festejar. Quem apareceu também foi Claudie de Belzunce, um tipo que se interessava apenas em curtir a presença dos intelectuais e sair com um e outro eventualmente, sem grandes exercícios reflexivos... Jaennette Cange e Lucie Lenoir também estavam presentes e agradavam os rapazes com desenvoltura ao dançarem... Já eram bem conhecidas de várias outras ocasiões... Outro que apareceu foi Preston, um americano conhecido de Henri... Estava ali para beber com os amigos.
A “quase invisível” Paule pôs-se a tocar piano e a cantar... Todos aplaudiram, e a incentivaram a retomar a carreira artística. Bem que Henri gostaria que isso se tornasse um fato, mas sabia que Paule vivia apenas em função dele, arrastando-se aos seus pés...
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2011/09/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir-o.html...
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.

Um abraço,
Prof.Gilberto

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

"Os Mandarins", de Simone de Beauvoir. Considerações iniciais

Vamos ver se por esses dias escrevo um pouco sobre Os Mandarins, de Simone de Beauvoir. Texto imenso (800 páginas) que resolvi ler nos trajetos percorridos de ônibus. Há muitos anos li alguns romances de Sartre (A Prostituta Respeitosa, A Idade da Razão, Entre Quatro Paredes,...). Fazia já um bom tempo que não lia nada desse pessoal. Lembro que o mais marcante romance de caráter existencialista foi O Estrangeiro, de Albert Camus.
Em Os Mandarins: O ponto de partida é o fim da ocupação alemã na França. A participação de intelectuais na Resistência e as perspectivas que se abriam a partir de então. Os personagens percorrem tramas que se relacionam a questões de realização pessoal, de produção intelectual, e de engajamento político alinhado (ou não) ao Partido Comunista.
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2011/09/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir_27.html

Um abraço,
Prof.Gilberto

domingo, 18 de setembro de 2011

Caraça - Despedida

Nesta postagem estão registros fotográficos dos dias 17 e 18 de janeiro de 2001. Duas noites no Caraça. Enquanto esperamos a visita dos guarás (podemos observar a bandeja com carnes para eles) somos entretidos com as histórias dos religiosos do lugar.
Na primeira (17/janeiro) está o padre Sebastião, que falava sobre a preservação da natureza local, da fauna... Sobre os guarás, se viriam ou não... Retiramo-nos por volta das 23:00 porque estávamos muito cansados da viagem. Os lobos apareceram pouco antes da meia-noite.
Na segunda (18/janeiro) estão os padres Walter e Getúlio. Walter é o da esquerda. Seguramente já contava mais de 70 anos, tinha voz quase apagada e rouca e mãos que tremiam muito... Como era difícil ele acender o cigarro... Walter resmungava... Reclamava da visitação dos guarás dizendo que todos ficavam muito agitados por causa deles. Ele era observador dos astros e instalava um telescópio próximo à escadaria. Impressionante como, apesar das mãos trêmulas, focalizava e permitia que todos observassem o céu pelo telescópio. Zangava-se quando alguma criança desfocava as lentes, mas até isso fazia com simpatia.
Lembro que numa manhã vi o velho Walter bebendo uma cervejinha escura utilizando um canudinho. Acho que Walter estava aposentado.
Getúlio é o padre que está à direita. Que comunicador! Falava muito sobre o Caraça e sobre a importância de abrir o espaço para a visitação de brasileiros... É que, pelo menos naquela temporada, boa parte dos hóspedes era de estrangeiro. Assisti à missa celebrada por ele na histórica igreja. Foi uma noite inesquecível. Logo após a celebração jantamos e nos instalamos para esperar os lobos. Foi nessa noite que eles apareceram. Não podíamos utilizar flashes (pode-se perceber isso em http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/09/caraca-visita-do-guara-na-noite-de.html) para não deixá-los estressados.
No dia seguinte saímos do Caraça. Passamos uns dias de “retiro”. Acho que isso define bem a estadia. Fizemos algumas trilhas, contemplamos a natureza e a História local. Não sabíamos que a Ângela estava grávida há algumas semanas... Talvez não tivéssemos feito tantas trilhas íngremes. Bom, isso é outra história.


P.S: Recentemente acessei o site do Caraça e apareceu uma advertência: (algo como) “a visitação está suspensa por tempo indeterminado devido a um incêndio na mata”... Na época de estiagem prolongada sempre há esse tipo de risco. Ficamos pensando nas paisagens, fauna e flora locais... Mas é como a própria advertência tranquilizava: (algo como) “é preciso confiar nos bombeiros, competentes, eles sempre dão um jeito”.
De fato... Agora pouco acessei o site e a nota que apareceu foi:

Fim do Incêndio Florestal na RPPN - Santuário do Caraça
Seremos eternamente agradecidos por todos que nos apoiaram!
Em breve faremos uma nota sobre as operações de combate do Incêndio Florestal e a todos os envolvidos.

Então... Visite o Caraça.

Um abraço,
Prof.Gilberto

sábado, 17 de setembro de 2011

Caraça - Museu e fundo da Igreja de Nossa Senhora Mãe dos Homens



Nesta postagem temos imagens que revelam parte do patrimônio arquitetônico do Caraça. Podemos notar o fundo (característico) da igreja neogótica (http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/09/caraca-um-pouco-da-historia.html). A área é propícia para um descanso após o almoço, ou depois do retorno das sempre longas trilhas (que nos levam às cachoeiras).






Houve um tempo em que se pensava o patrimônio histórico como algo que não podia ser tocado. O registro fotográfico ao lado é um exemplo de preservação que confere ao local tombado uma utilidade social. O prédio que sofreu incêndio em 1968 tem suas paredes reveladas... Há uma parte envidraçada e, assim as características são preservadas. Ali funciona um museu onde estão expostas raras peças da antiga instituição educacional. Ali mesmo funcionava a biblioteca do Caraça antes do fatídico incêndio.

Um abraço,
Prof.Gilberto

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Caraça - "Visita" do guará na noite de 18/01/2001

Essa postagem apresenta duas reproduções de documentos fotográficos feitos no Caraça no dia e noite de 18 de janeiro de 2001.
Na tarde deste dia fotografamos vários exemplares da fauna local (macacos, lagartos, pássaros diversos). O esquilo em destaque subia até o alto de um coqueiro para conseguir frutos.


A noite foi marcada pela emocionante visita da família de guarás à escadaria da igreja. Note que no pátio (em frente à porta) os turistas conversam, comem pipoca e bebem chá enquanto aguardam a chegada dos lobos.

Um abraço,
Prof.Gilberto

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Caraça - um pouco da História

O Caraça foi um Colégio para a formação de padres, ali funcionava o Seminário Maior de Mariana. Por quase um século (1820-1912) funcionou também o Colégio que era referência educacional do país, caracterizado pela rígida disciplina e pela formação de lideranças. Por ele passou boa parte da elite do estado de Minas Gerais (Afonso Pena, Artur Bernardes, entre outros). O lugar retirado era propício aos exercícios intelectuais e espirituais.
Não tenho a pretensão de registrar a História do lugar e de seus personagens mais marcantes. Isso é satisfatoriamente realizado pelo site oficial do Caraça (www.santuariodocaraca.com.br).

Em todo caso:


Inicialmente havia uma pequena ermida (capela), mas logo demolida para a construção da primeira igreja em estilo neogótico em nosso país. A Igreja de Nossa Senhora Mãe dos Homens foi construída durante o século XIX, mas a imagem da Santa chegou ao Caraça em 1784. Em seu interior, além da imagem barroca, podemos observar afrescos e um quadro (Santa Ceia) feito pelo mestre Ataíde e os belos vitrais franceses.
Em 1968 ocorreu um incêndio no Caraça. O alojamento dos seminaristas, laboratórios, teatro, biblioteca e outros ambientes ficaram completamente destruídos. Aos poucos o lugar foi se tornando mais ermo, sendo zelado por um pequeno grupo de padres. Eles notaram que lobos guará tornaram-se frequentadores das proximidades. Então sua presença tornou-se habitual e os animais acostumaram se alimentar de pedaços de carnes oferecidos pelos religiosos. Esse tem sido um dos expedientes mais admirados pelos turistas que acorrem ao Caraça (ler http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/09/chegada-no-caraca-noite-de-15012001.html).

Houve o processo de restauração da ala destruída e o tombamento do acervo histórico e artístico por várias instituições, inclusive pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).  O Parque do Caraça é Reserva Particular do Patrimônio Natural e os desafios da Congregação da Missão têm sido o de despertar a sociedade (inclusive demonstrando que a área protegida deveria ser ampliada) para a preservação da área, de sua fauna e flora.


Um abraço,
Prof.Gilberto

domingo, 11 de setembro de 2011

Caraça - Pousada

Os quartos mais simples do Caraça ficam numa ala denominada Carapuça
As imagens que seguem são atuais, consegui no site do Santuário... Os quartos foram reformados e se tornaram bem confortáveis, mas não era essa a situação há dez anos (ler http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/09/chegada-no-caraca-noite-de-15012001.html).

Resolvi postar também o registro de uma manhã nevoenta. Nele vemos a igreja e a fachada da pousada mais moderna, que foi edificada para atender os turistas.




 Um abraço,
Prof.Gilberto

sábado, 10 de setembro de 2011

Mapa com a localização do Santuário do Caraça

Segue o mapa com a localização do Santuário do Caraça. Percebe-se a BR 262, que liga Vitória a Belo Horizonte.

Um abraço,
Prof.Gilberto

domingo, 4 de setembro de 2011

Chegada no Caraça - noite de 15/01/2001

Ocorre que a estadia no Caraça fez parte da última parte de uma viagem que havia se iniciado no começo de 2001. Da região de Poços de Caldas partimos (eu e Ângela) para a BR 116. Passamos por estradas bem ruins na região de Caldas (em direção a Pouso Alegre)... Há tantos relatos sobre essa primeira parte que talvez seja interessante reservá-los para registros futuros... Por enquanto basta considerarmos que o destino era o litoral e as praias do Espírito Santo. Então está claro que descemos a BR 262... Estivemos em Guarapari e Vila Velha, mas nos instalamos em Meaípe.
A imagem selecionada é registro fotográfico feito no dia 15/01/2001. Trata-se da Pedra Azul, Serra do Caparaó. Local de magnífica paisagem natural e carregado de História, palco de guerrilha ao tempo do Regime Militar.

As anotações indicam que subimos a serra no dia 15 de janeiro. E foi em meio à viagem que decidimos parar no Caraça, aonde chegamos naquela mesma noite. Não tínhamos a menor ideia sobre a administração do lugar... Chegamos a uma grande entrada com guarita de segurança e perguntaram se éramos esperados... Não, não havíamos reservado estadia. O funcionário ligou e explicou nossa situação. Ele nos disse que a não havia vagas, mas que poderíamos nos instalar em um quarto precário na parte antiga do Seminário. Percorremos o trajeto às escuras, passava das 21:00, podíamos vislumbrar apenas a silueta da mata e perceber ruídos de animais. Fomos bem recebidos por um dos padres... Ele nos ofereceu a cozinha dos religiosos para que pudéssemos jantar, já que a cozinha dos hóspedes havia encerrado seus serviços. Falou-nos que o Caraça é muito concorrido e que, com alguns meses de antecedência, os interessados reservam quartos para a alta temporada. Mais tarde serviriam chá e pipoca nas escadarias da velha igreja, onde aguardariam a visita dos lobos guará. Demos muita sorte de conseguir aquele rústico quartinho.

Um abraço,
Prof.Gilberto

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