sábado, 30 de abril de 2011

Ópera Collection, da Orbis Fabbri


Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/04/flauta-magica-quarta-parte.html antes de ler esta postagem:

Em algum sebo por aí você pode encontrar o Opera Collection completo ou exemplares avulsos. Fiz a coleção na década de 1990.  É uma edição Orbis Fabbri, da Espanha. Não tenho certeza, acho que naquele tempo os exemplares chegavam ao Brasil importados de Portugal.

A coleção trazia fascículos que podiam ser encadernados... São 41 óperas completas. Uma parte da encadernação organiza a síntese de cada uma delas; há o Dicionário de Ópera; há as caixas com os libretos, cada um apresenta o texto em sua língua original e a tradução em português.

Noventa e um CDs formam o acervo. As óperas são normalmente longas. A maioria abrange dois CDs, mas algumas foram divididas em três CDs.
Depois de ler as sínteses você começa a se familiarizar com as óperas... A audição dos CDs proporciona o resto.





Um abraço,
Prof.Gilberto

sexta-feira, 29 de abril de 2011

A Flauta Mágica, de Ingmar Bergman

Depois da overdose de Flauta Mágica, acho que não fica demais para este blog sugerir o filme de Ingmar Bergman, A Flauta Mágica, que obviamente trata-se de uma filmagem da ópera de Mozart, sua trilha musical (e que trilha!) para os textos de Emanuel Johann Schikaneder (libreto).
Não há necessidade aqui de escrever sobre o enredo (já o fiz durante os últimos dias). Para quem, eventualmente, acesse esta página no futuro, sugiro que coloque ali na busca o título da ópera.

Já escrevi neste blog sobre um trabalho que desenvolvemos na escola Adolfo Casais em 2006, por ocasião do Ano Mozart (http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2010/09/gincana-escolar-de-2006.html; http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2010/09/concerto-para-piano-e-orquestra-n-21-de.html). Deixo a dica do filme de Bergman feito em 1974 (e lançado no ano seguinte) também como um incentivo para que você curta ópera. Há muitos trabalhos emocionantes, históricos por seus conteúdos. São peças dramáticas, carregadas de bom gosto lírico. Há muita gente que tece críticas à música de modo preconceituoso, já que muitas vezes não se permite parar para ver e ouvir. Vejo pessoas cantarolando e assobiando trecho de música clássica, quer dizer, elas curtem sem saber que estão apreciando um Mozart, Beethoven, Vivaldi, Bach, Verdi... Tanta coisa boa.
Mas sou suspeito... Sem ser um entendedor dos temas, sou um apreciador da música erudita. Tenho CDs que preservo com muito carinho. E inclusive de óperas completas (são 41 com seus libretos), além de alguns DVDs. Quem sabe, um dia, eu não organize um tópico aqui só para a música clássica...

Estou deixando aqui mais um recorte do filme de Bergman. Você o reconhecerá se leu as postagens anteriores. Trata-se do momento em que Papagueno tenta se livrar do cadeado que prende sua boca... As damas que servem a Rainha da Noite o libertam, entregam a flauta a Tamino e o carrilhão a Papagueno. Comunicam a eles o acordo que a Rainha da Noite pretende com eles... Vemos Papagueno se desvencilhar... Na sequência temos a apresentação dos três jovenzinhos (anjinhos?) que os acompanharão. Não precisa tentar decifrar as palavras em sueco. Há DVDs com legenda em português.

Indicação (livre)

Sobre o diretor sueco I. Bergman tenho a dizer que gosto demais de seus filmes. Fica o compromisso de futuramente escrever sobre algum.

Um abraço,
Prof.Gilberto

quarta-feira, 27 de abril de 2011

A Flauta Mágica - Quarta Parte

Talvez seja interessante você acessar http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/04/flauta-magica-terceira-parte.html antes de ler esta postagem.

Tamino passou pela prova do silêncio. Está apto a encarar as difíceis provas seguintes. Pamina é trazida para que possa despedir-se dele. Já Papagueno é informado de que não tem condições de prosseguir como iniciado... Quer dizer, como já era de se esperar o rapaz não foi “aprovado”, mas ele não dá sinais de que está arrependido. Um sacerdote pergunta-lhe se falta algo para ele. Papagueno diz que sente falta de uma “pombinha”. Trazem a anciã e Papagueno tem de responder se a aceita como companheira, em caso de negativa, o passarinheiro terá de permanecer preso. Papagueno, com seus modos engraçados, admite que aceita a anciã. Imediatamente ela se transforma numa bela rapariga. É claro que o moço fica encantado, mas ainda não poderá permanecer com ela... Terá de mostrar-se merecedor da “pombinha”.

Pamina está muito frustrada, sua mente permanece confusa... Ela não entende o que está acontecendo em sua vida e não sabe por que não pode ficar próxima de seu amado... Não entende porque ele não se comunicou com ela anteriormente... Tantas dúvidas levam-na a uma angústia profunda... De posse do punhal dado pela mãe, Pamina pretende suicidar-se. Porém os três jovenzinhos (anjinhos?) a dissuadem de tal atitude.
Tamino terá de passar pelas provas do fogo e da água. A atmosfera é de tensão... Percebe-se mesmo certa vacilação do príncipe. Mas chega Pamina com semblante iluminado... Ela pede que ele prossiga e toque a flauta mágica para enfrentar os perigos, ela se mostra disposta a acompanhá-lo.

Papagueno também tentou o suicídio... E tudo porque ainda não pôde permanecer com sua Papaguena. Mais uma vez, são os três jovenzinhos (anjinhos?) que intervêm. Eles sugerem que Papagueno toque o seu carrilhão mágico. Ele faz isso e logo em seguida surge a bela Papaguena... Juntos cantam, comprometem-se um ao outro, desejando vários pequenos Papaguenos...
Na postagem original havíamos deixado um belo trecho de filme de Ingmar Bergman. Foi bloqueado e por isso sugerimos link que dá acesso a toda ópera.


Monostatos chega à Rainha da Noite e trama com ela vingança contra Sarastro... A Rainha promete-lhe a mão da filha. Então organizam uma “tropa das trevas” para invadir o Templo do Sol. Mas a terra treme, um terremoto faz com que um abismo se abra aos pés dos malvados, que são por ele tragados.

No final temos o triunfo do Bem... Tamino passa pelas provas... Sarastro com os demais sacerdotes celebram a união dos dois jovens.
Prof.Gilberto

terça-feira, 26 de abril de 2011

A Flauta Mágica - Terceira Parte

Talvez seja interessante você acessar http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/04/flauta-magica-segunda-parte.html antes de ler esta postagem.


Um momento muito bonito na ópera é o que Sarastro é saudado com um hino entoado pelos fiéis. O hino é de uma sobriedade enlevada... Tons graves enchem os nossos ouvidos... Tamino e Papagueno passarão por umas provações. Os dois estão encapuzados. Há muito mistério no ar, mas eles sabem que serão colocados à prova do silêncio. Os dois não poderão falar durante a prova, deverão permanecer calados por mais fortes que sejam as motivações que receberão. Mais tarde Pamina será apresentada a Tamino; uma jovem será apresentada a Papagueno. O desejo de comunicação será intenso.
É bom que se saiba que as três damas fiéis à Rainha da Noite aparecerão aos dois e tentarão dissuadi-los a rejeitar aquelas provações. Papagueno não suporta e quebra o silêncio... Diz que não está a altura daqueles desafios e que pretende apenas encontrar a sua “cara metade”. Por diversas vezes será advertido por Tamino, mas o comportamento de Papagueno revelará que ele é um tipo que se relaciona mais e melhor com o “mundo sensível”.


Pamina adormeceu no jardim e era observada por Monostatos... O mouro arde de desejo pela princesa e espera o momento de tocá-la. Porém seu gesto é adiado pela chegada da Rainha da Noite. Ela trouxe um punhal para a filha e deseja que a moça assassine Sarastro. Ela impõe essa missão como condição para que Pamina continue sua filha... Cada vez mais percebemos a diferença entre os “dois mundos”: o da escuridão da Rainha da Noite; e o da luz de Sarastro.
Neste vídeo temos o momento descrito acima. Um dos mais conhecidos da ópera. Ele é um trecho do espetacular filme de I. Bergman para a ópera de Mozart:Logo que a mãe se retira, Pamina é atacada por Monostatos. Ele arranca o punhal das mãos da princesa, diz que ouviu tudo o que conversaram e, assim faz chantagem... Mas novamente o mouro é frustrado, e dessa vez pelo próprio Sarastro, que chega e o expulsa dali... Pamina suplica a Sarastro que este não se vingue da mãe. Ele a tranquiliza e a faz entender que o é o amor (e não o ódio) que conduz à felicidade.
Tamino e Papagueno continuam em seu desafio... O passarinheiro desata a conversar com uma velha que por lá apareceu... Ele fala que sente falta de um amor... Ela diz que tem apenas dezoito anos e que tem um conhecido de nome Papagueno, e logo deixa o recinto... Recebem também a visita dos três jovenzinhos (anjinhos?)... Eles dão apoio aos dois, para que perseverem na prova. Trazem a flauta e o carrilhão... Também trazem comida aos dois. Revelam que Sarastro restituía os objetos de tanto valor para eles. Papagueno só pensa em saciar a fome... Tamino toca a flauta e seu som atrai Pamina. A princesa quer conversar com o amado, mas ele não corresponde porque encara com seriedade a prova a que se sujeitou... Pamina entra em desespero e canta “Ah! Tu não me amas.
Essa situação a levará a um ato de desespero. Mas isso é assunto para amanhã.


Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2011/04/flauta-magica-quarta-parte.html
Um abraço,
Prof.Gilberto

segunda-feira, 25 de abril de 2011

A Flauta Mágica - Segunda Parte

Talvez seja interessante você acessar http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/04/flauta-magica-primeira-parte.html antes de ler esta postagem.

Pamina tenta fugir das instalações do palácio de Sarastro. Ela até inicia sua escapada, porém é capturada por Monostatos, que é um serviçal mouro do palácio. Ele ordena que a acorrentem e, ao ficar a sós com a bela princesa, tenta seduzi-la. 

A salvação de Pamina não é ninguém menos que Papagueno. Ele se assusta com o mouro, que também fugiu aterrorizado ao ver o escudeiro de Tamino.
Papagueno percebe que a jovem aprisionada é a princesa que Tamino (com a sua ajuda) deve salvar. Ele se apresenta e diz que o belo príncipe, atendendo ao pedido da Rainha da Noite, virá libertá-la. Pamina se encanta... Logo se apaixona pelo desconhecido herói. Papagueno e Pamina fazem um belo dueto no qual cantam o amor e a beleza da vida a dois (segue vídeo abaixo; o anterior foi bloqueado).



Tamino segue guiado pelos três jovenzinhos (“anjinhos”?) e percorrendo a floresta acaba chegando às portas do templo da Sabedoria. Está assustado, porém demonstra coragem para invadir o lugar. Ele canta algo sobre a maldade que deve imperar por aquelas paragens, já que assim lhe fora advertido pelas damas a serviço da Rainha da Noite. Porém um velho sacerdote aparece e tranquiliza Tamino. Ele mostra que Sarastro não é malvado, trata-se de um Sumo Sacerdote de Ísis, conhecido por sua bondade e sabedoria no trato com todos... Sarastro, não sem razão, teria raptado a própria filha para livrá-la da má influência de sua mãe.


Tamino começa a duvidar sobre o que até então achava ser a verdade... Ao longe ouve vozes que indicam que Pamina está viva, porém em perigo. O príncipe toca sua flauta mágica... Ao longe ouve a música de Papagueno... Monostatos e seus homens estão em seu encalço... Pamina corre perigo... Mas o encantado som do singelo carrilhão faz com que os perseguidores dancem “ridicularmente”. Os dois fugitivos ficam livres, porém um coro anuncia a chegada do imponente Sarastro. Pamina tenta justificar-se e confessa que, de fato fugia. Sarastro oferece-lhe palavras de conforto, mostra que sua intenção é a de oferecê-la como esposa a um verdadeiro cavaleiro, mas pede que ela suporte a condição de não mais retornar à malvada mãe.
companhia japonesa encena A Flauta Mágica

Eis que surge Monostatos arrastando o jovem Tamino. Príncipe e princesa têm o impulso de se abraçarem... O mouro, que esperava elogios e recompensas de Sarastro, acabou sendo punido com chicotadas... Tamino é bem recebido pelo Sumo Sacerdote e aceita submeter-se à iniciação no templo... Papagueno segue com ele. Serão duras provas... Suas convicções poderão ser abaladas...

domingo, 24 de abril de 2011

A Flauta Mágica - Primeira Parte

O libreto é de Emanuel Johann Schikaneder. É ele quem propõe a Mozart elaborar as composições musicais. Mozart morreu cerca de um mês depois da estreia... Schikaneder fez o papel de Papagueno nas primeiras apresentações.
É claro... Há uma abertura maravilhosa no filme de Ingmar Bergman (quando publicamos esta postagem gostaríamos que considerassem aqui apenas a sinfonia; o vídeo foi bloqueado). Segue um link para audição:




No início temos uma fuga desesperada numa floresta. O príncipe Tamino está fugindo de uma serpente que parece encantada... Completamente exausto, acaba desmaiando. Três damas surgem e matam a serpente. Elas prestam serviço à Rainha da Noite (ou Rainha da Estrela Flamejante), ficam encantadas com a beleza do príncipe e logo comunicam à Rainha o que aconteceu na floresta.


Tamino recupera-se de seu “apagão” e percebe que o perigo que enfrentava está eliminado. Perto dele está um tipo excêntrico, trata-se de Papagueno, que vive de capturar pássaros da floresta. Papagueno é bem simples, ingênuo e sentimental, veste-se de modo a tentar camuflar-se e lograr sucesso em seu ofício. Ao primeiro contato, Papagueno percebe que o príncipe está embaraçado, então aproveita para ser reconhecido como aquele que acabou com a serpente. Porém, logo as três damas ressurgem e desmentem Papagueno. Como castigo, colocam um cadeado em sua boca, para que não minta mais.


As damas conversam com Tamino e revelam a ele os planos da Rainha da Noite: Elas apresentam um retrato de Pamina, a filha da Rainha da Noite, que teria sido sequestrada por Sarastro, que vive em um palácio. Ele é o pai da jovem e as três damas tentam convencer o príncipe de que ela corre o risco de perder a vida. Logo que vê o retrato, Tamino apaixona-se por Pamina. Está mesmo decidido a enfrentar todo e qualquer perigo por aquele amor.


As damas libertam Papagueno, mas este deverá ser o fiel escudeiro de Tamino em sua jornada em rumo à libertação da princesa. O príncipe recebe uma flauta mágica, que deverá entoar sempre que estiver em perigo. Já Papagueno recebe um instrumento mais singelo, também com propriedades mágicas: um pequeno carrilhão (sininhos). Os dois contarão ainda com três jovenzinhos (“anjinhos”?) que aparecerão durante a jornada para aconselhá-los nos momentos de maior indecisão.

Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2011/04/flauta-magica-segunda-parte.html
Um abraço,
Prof.Gilberto

sexta-feira, 22 de abril de 2011

A Sala São Paulo - Ária de "A Flauta Mágica"

A Sala São Paulo é a sede da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo - OSESP. O prédio da Estação Júlio Prestes foi construído pela empresa da Estrada de Ferro Sorocabana e está relacionado à época em que a oligarquia cafeeira do estado exercia forte influência na política nacional. Júlio Prestes foi presidente do estado de São Paulo e havia sido indicado como candidato oficial para a sucessão de Washington Luís... Mas isso é outra história.

O Governo do Estado adquiriu a Sorocabana ainda no começo do século passado... Essa região central enfrentou e ainda enfrenta problemas em relação à degradação de toda ordem. Já faz um tempo que o Governo Paulista investe na revitalização da região, que conta com outros núcleos culturais.
O prédio foi restaurado e a Sala teve inauguração em 1999. Trata-se de um patrimônio histórico de nossa arquitetura. Se você chega com antecedência ao espetáculo, poderá observar o deslocamento do teto para baixo através de um mecanismo preciso e silencioso. O teto fica posicionado mais acima para que todos contemplem os detalhes arquitetônicos... E desce pouco antes do início do Programa para melhorar a acústica ambiente. Vale à pena conferir.

Estou deixando colado aqui (vídeo de guarulhoslifetv) uma ária de A Flauta Mágica, de W. A. Mozart, que teve apresentação na Sala São Paulo.
É sobre a Flauta Mágica que pretendo escrever nos próximos dias.


Um abraço,
Prof.Gilberto


quinta-feira, 21 de abril de 2011

Sobre o 21 de abril

Nesta data (em 1792) morria Tiradentes, como passou para a História Joaquim José da Silva Xavier. Ele participou entusiasticamente dos episódios que marcaram a Inconfidência Mineira. Dos envolvidos foi o único condenado à morte na forca, teve o corpo esquartejado e espalhado por caminhos e logradouros onde estivera durante a trama revoltosa.

Muitos conhecem pelo menos um pouco sobre o que foi enunciado anteriormente. Vários outros, porém, sequer sabem o motivo do feriado nacional em nosso país. Há aqueles que fazem brincadeiras com a alcunha do alferes mineiro... E param por aí.
Acho que convém refletir um pouco sobre alguns aspectos.

Um desses aspectos, não há dúvida, é o de que ele se tornou “herói” depois que o poder mudou de dono. É, porque ao tempo da Inconfidência contra Portugal e o Imposto da Derrama, obviamente ele foi perseguido por se tratar de um criminoso aos olhos do poder. Mais de cem anos depois sua personagem é resgatada. E por quê? Porque a República havia sido proclamada em 1889...

Ao tempo da Inconfidência nosso país era uma colônia explorada... Muitas revoltas aconteceram contra o mercantilismo português (as nativistas, entre meados do século XVII e inícios do XVIII, revelam insatisfação embora não fossem caracterizadas pelas tentativas emancipacionistas; as de emancipação, entre o final do XVIII e inícios do XIX receberam forte influência da Independência dos Estados Unidos, do Iluminismo, da Revolução Francesa e das Guerras Napoleônicas). Inclusive, à mesma época em que ocorreu a Inconfidência em Minas Gerais, a Bahia havia sido sacudida pela “Revolta dos Alfaiates”, um movimento popular que envolveu revoltosos negros e que resultou na morte de quatro condenados à forca apenas sete anos depois de Tiradentes. Interessante refletir por que o movimento mineiro (e não o baiano) é lembrado no calendário.
Podemos mesmo dizer que a Inconfidência Mineira foi um movimento articulado por brancos, que possuíam condição social acima dos demais. Se comparado ao movimento da Bahia, o lembrado episódio do qual Tiradentes participou pode ser considerado mais conservador. Os conjurados da Bahia pretendiam a libertação dos escravos; os inconfidentes mineiros eram intelectuais e funcionários públicos proprietários de escravos (o próprio “herói” da presente data celebrada foi senhor de uns cinco) e não cogitavam a alforria.

Os documentos relativos às investigações e processo (Devassa) contra os inconfidentes de Minas Gerais revelam que no início Tiradentes procurou esquivar-se de culpa, mas acabou assumindo sozinho ser articulador do movimento. Os demais inconfidentes negaram e tiveram como pena o degredo.
Se você fizer uma pesquisa constatará que o movimento que instaurou a República no Brasil em 1889 não contou com participação popular. O povo e os problemas sociais não eram temas das pautas dos republicanos brasileiros. A República possuía adeptos entre a elite cafeicultora e os militares do Exército muito mais por acharem que a mudança significava um “progresso” em relação ao “atraso” que era a Monarquia. Você verá que há “fatores desarticuladores” das alianças entre Monarquia e fazendeiros; e militares; e religiosos. Verá também que a causa republicana carecia de símbolos e heróis. Deodoro da Fonseca, que foi o proclamador da República, é considerado um “republicano de última hora!”. O livro de José Murilo de Carvalho, A Formação das Almas, explicita essas várias situações.

Tiradentes é, então, resgatado e surge como Republicano, Mártir da Independência e até como Abolicionista. Embora fosse militar (e por isso acostumado à disciplina de escanhoar-se), é retratado como um santo com fisionomia e trajes que em muito lembram o de Cristo do imaginário popular. Logo ele é homenageado por decreto republicano de 1890 com a instituição do feriado, e passa a ser identificado em monumentos em sua lembrança.
Leia: A Formação das Almas. Companhia das Letras.

Um abraço,
Prof.Gilberto 

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Posse da Diretoria Eleita - Grêmio Estudantil da EMEF Teodomiro

Finalmente ocorreu a posse da Diretoria eleita do Grêmio Estudantil da EMEF Teodomiro. Isso foi no dia 18 de abril, segunda-feira, às 14:00. Infelizmente não tenho imagens para colar aqui. Se conseguir alguma (sei que foram feitas) postarei em outra ocasião.
Acho que foi um evento muito importante porque ele representou o reconhecimento da Grêmio pela Escola. Os alunos do período participaram do ato e testemunharam os discursos proferidos pelo diretor Eduardo, pela coordenadora Kelly e pela presidente dos gremistas, a aluna Luana Layla.


No início percebemos certa ansiedade por parte da estudantada. Houve uma demora natural na acomodação de todos. Mas considero satisfatório o “saldo final”. Uma das estudantes da escola, Talita Rodrigues Silva, foi a MC e anunciou a execução do Hino Nacional, os vários discursos e os nomes dos membros da Diretoria eleita, que foram diplomados e assinaram a Ata na presença da comunidade escolar.
Posso dizer que o diretor manifestou satisfação pelo evento e sobre a importância dos últimos acontecimentos caracterizados pelo protagonismo estudantil. A coordenadora Kelly, de sua parte, complementou falando sobre o significado do evento. Já a aluna Luana apresentou o compromisso de toda a diretoria eleita em representar dignamente os alunos da escola, parabenizou a todos os que apoiaram sua chapa e os concorrentes; por fim destacou que a Diretoria eleita precisa do apoio de todos: alunos, equipe gestora, professores, demais funcionários e pais.


É bom que se destaque que o Grêmio é uma novidade em nossa escola, então ansiedades e erros não devem ser descartados. Desde setembro do ano passado a Comissão pró-grêmio vinha discutindo e planejando a instituição do Grêmio. Plenárias diversas foram realizadas... Aos poucos os envolvidos perceberam que montar o Grêmio Estudantil requer muito mais do que vontade... Só no início deste ano foi possível formar a Comissão Eleitoral e um Edital foi discutido e reescrito... Houve a Campanha e, em seguida as eleições. Quem participou de modo mais próximo das discussões, sabe que a campanha foi assumida de forma apaixonada pelas chapas e os oponentes trocaram acusações em diversos momentos. Não foi fácil selar entendimentos. Após a apuração, a chapa eleita tinha (de acordo com o Edital) dez dias úteis para tomar posse. A posse ocorreu no nono dia útil. Estava prevista para o dia treze, mas dúvidas diversas por parte da Coordenação apareceram, até que chegou-se ao consenso sobre o dia 18 e o programa tal como ocorreu.


A Diretoria eleita é composta por estudantes do Ensino Fundamental II, e de todos os segmentos. Eles foram convidados para uma homenagem e conversa com o diretor, que reiterou seu apoio, desejou boa sorte e alertou sobre o compromisso que todos acabavam de assumir.
O trabalho ocorre há um bom tempo... Não terminou... Não tem fim. O estatuto apresentado e referendado ao tempo das plenárias do fim do ano passado deverá ser estudado com cuidado. O texto é claro: o Grêmio não é da Diretoria eleita, mas de todos os alunos da escola; cada integrante do Grêmio deve se comprometer com as atividades de promoção da cidadania de todos os alunos, e com uma prática de atitudes voltadas para a cultura da paz em nosso meio.



Um abraço,
Prof.Gilberto

terça-feira, 19 de abril de 2011

Considerações sobre comemorações desta data 19 de abril.

O Dia do Índio entrou para o nosso calendário ainda na época em que Getúlio Vargas era presidente. Aliás, várias outras datas comemorativas foram por ele oficializadas. Esse é o caso do Dia das Mães...

No continente americano, o dia 19 de abril de 1940 ficou marcado pela decisão de lideranças indígenas, reunidas para um Congresso no México, de participarem das discussões e tomadas de decisões referentes à sua causa. Registra-se que de início evitavam referendar o encontro continental...
Por um bom tempo “comemorou-se” o Dia do Índio de modo equivocado nas escolas. Estou me referindo aqui aos anos 1970. Era muito comum as crianças terem de pintar desenhos (rodados em mimeógrafo) em que a figura do índio aparecia estereotipada... Musiquinhas eram ensaiadas para ensinar que os índios eram “tipos diferentes que cultuavam um Deus” (Tupã), que chamavam a Lua de “Jaci”, que a língua que eles falam é o Tupi-Guarani...

Quer dizer, não se levava em consideração a grande quantidade de povos, suas línguas, modos de ser e tradições. E muitas vezes tratava-se do tema como se fosse um assunto do passado... Como se não mais existissem indígenas...


Um abraço,
Prof.Gilberto

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Dia Nacional da Literatura Infantil

Hoje é o Dia Nacional da Literatura Infantil. Nesta data, em 1882, nascia Monteiro Lobato, em Taubaté, cidade paulista do Vale do Rio Paraíba do Sul. Nem preciso destacar aqui a importância de Lobato para a nossa literatura, e principalmente para a literatura infantil. Tive a oportunidade de destacar alguns de seus títulos neste blog (http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/02/viagem-ao-ceu-de-monteiro-lobato.html; http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2010/10/sobre-chave-do-tamanho-de-monteiro.html). Sua vida foi marcada por intensa participação política nos debates em torno do Nacionalismo e da Democracia Representativa. Sua obra também é polêmica, e tem gerado discussões sobre o caráter preconceituoso sugerido no tratamento dispensado à Tia Nastácia. Sobre isso também tive a oportunidade de tratar aqui (http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2010/12/racismo-na-obra-de-lobato-uma-polemica.html).

Sempre que tiver disponibilidade, registrarei algumas impressões sobre o autor e sua obra... Principalmente após novas leituras.
É claro... É dia de Monteiro Lobato e, graças a ele, é dia também de todos aqueles que escrevem para o público infantil. E também é dia daqueles que iniciam as crianças no “mundo da leitura”.

O pouco que consigo acompanhar das publicações sugere-me que há muita coisa boa sendo produzida. Nem todas as crianças têm acesso aos livros destinados à sua faixa etária. As que têm acesso lêem e gostam de ouvir histórias...

Mas percebemos que, conforme se tornam maiores, várias vão perdendo o interesse inicial. Diversos fatores explicam esse fenômeno (a leitura voltada para o conteúdo de estudos passa a ser encarada como um fardo; a leitura por prazer quase desaparece; outros meios se tornam mais atraentes para as crianças, e assim por diante).
Não é possível formar leitores na base da imposição. Garantir a leitura autônoma tem sido um grande desafio. Para isso precisamos perceber o que as crianças gostam de ler e conversar com elas sobre o que elas lêem. É preciso ler para elas e mostrar que a leitura traz aprendizado. A nossa intermediação tem essa tarefa de despertar o interesse por outros títulos. Mas é claro, isso só tem possibilidade de ocorrer se somos (mesmo) leitores.



Um abraço,
Prof.Gilberto

domingo, 17 de abril de 2011

Proposta de aulas contemplando estudos de textos contidos em "Leituras de Etnologia Brasileira" e em "Esta terra tinha dono"

As aulas propostas aqui levam em consideração os objetivos expostos em (http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/04/objetivos-de-aulas-com-tematica.html).



Duas aulas: Proposta de questões que sugerem aos alunos a apresentação de sua visão de organização social e sobre os indígenas. Discussão em grupos e elaboração de sínteses de respostas e de painéis para apresentação para o grupo.
Das questões propostas: “Por que será que as pessoas vivem em sociedades?”; “Como é que sabemos o que devemos e o que podemos fazer em sociedade?”; “Os índios possuem uma organização social? O que você sabe sobre ela? (Em caso de resposta negativa, o grupo deverá justificá-la)”.


Três aulas: Estudo de textos extraídos de Júlio Cezar Melatti, Leituras de Etnologia Brasileira (http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/04/consideracoes-sobre-nominadores-e.html); e de Benedito Prezia e Eduardo Hoornaert, Esta terra tinha dono (http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/04/consideracoes-sobre-esta-terra-tinha.html; http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/04/outras-consideracoes-sobre-esta-terra.html). Discussão do material e proposta de elaboração desenho, “tirinha” ou painel que possam ilustrar os textos estudados.



Um abraço,
Prof.Gilberto

Objetivos de aulas com temática indígena a partir dos textos expostos neste blog

Seguem alguns objetivos para aulas que preparei a partir das leituras expostas aqui nas últimas postagens. Utilizei-as num trabalho que elaborei durante o curso Cidadania e Cultura com o pessoal da Rede Oficial de Ensino junto à UNICAMP. Ainda hoje pretendo postar as aulas propostas.
Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2011/04/consideracoes-sobre-nominadores-e.html; http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2011/04/consideracoes-sobre-esta-terra-tinha.html e http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2011/04/outras-consideracoes-sobre-esta-terra.html antes de ler esta postagem:

Objetivos:
As atividades propostas devem ajudar a refletir sobre a realidade das sociedades indígenas do Brasil. Sistematizar os vários juízos que os alunos têm acerca dos indígenas. Desmistificar a “visão tradicional” que apresenta os índios de modo generalizado, como “coisas do passado”, extintos ou em vias de extinção. Refletir acerca da diversidade cultural na sociedade e sobre a necessidade de integração e da convivência pacífica entre diferenças. Conhecer alguns recortes de cotidianos de povos indígenas a partir da etnografia e contrapor à visão distorcida que normalmente fazem dos indígenas. Possibilitar aos alunos uma compreensão da sociedade, as origens das organizações sociais, o modo como todos os indivíduos que dela participam acabam contribuindo com a sua constituição. Refletir sobre o patrimônio legado pelas sociedades indígenas.

Um abraço,
Prof.Gilberto

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