sábado, 9 de abril de 2011

Considerações sobre a Imperatriz Leopoldina

Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/03/consideracoes-sobre-pedro-i-e-o-1822-de.html antes de ler esta postagem:

Em seu 1822, Laurentino Gomes reserva um capítulo para a Princesa Leopoldina. O título da parte destinada a ela é A Princesa Triste. A leitura revela-nos que isso não é por acaso.
Ela pertencia à rica e poderosa família austríaca dos Habsburgo. Sua irmã mais velha, Maria Luísa, foi desposada por Napoleão em 1810. Os casamentos eram mesmo uma espécie de “manobra diplomática” para manter as famílias reais europeias em harmonia e no topo de suas sociedades. O casamento da princesa Leopoldina com Dom Pedro também deve ser entendido a partir dessas formalidades.
O casamento (1817) foi arranjado por procuração... O marquês de Marialva deixou os austríacos atônitos com a comitiva lusitana que chegou a Viena para os acertos finais. Era muita ostentação! Devemos lembrar que a família real portuguesa estava instalada no Brasil (período joanino). O matrimônio era uma forma de reafirmar as posições de Dom João VI em relação ao conservadorismo das monarquias europeias, então, impressionar fazia parte.

Leopoldina tinha vinte anos quando chegou ao Brasil. Ela não era bem o tipo físico preferido de Dom Pedro, mas foi, talvez, a maior intelectual de seu tempo nessas terras tupiniquins. A princesa era devotada ao marido, mas este apreciava as escapadas amorosas. Enquanto ele era medíocre em termos de Ciência (é certo que foi muito elogiado em relação aos estudos musicais), Leopoldina era voltada à investigação da natureza (flora, fauna, minerais – sua paixão). Trouxe ao Brasil vários cientistas e artistas (entre eles, J. B. Von Spix e K. P. Von Martius) para os estudos e registros sobre o Paraíso que chamava a sua atenção.

No início vemos uma Leopoldina encantada pelos dias e noites dos trópicos... Aos poucos: a desilusão. Sobretudo porque essas terras eram muito maltratadas pela antiga Metrópole. Não havia saneamento, e o calor insuportável contribuía para a disseminação das moléstias. Mas o desencanto em relação ao marido era o que mais doía em Leopoldina. Ela, que havia criado um Manual de comportamento para nunca decepcionar o esposo, começou a perceber que ele não se importava com o matrimônio.

Dona Leopoldina aproximou-se politicamente de José Bonifácio, pois viu que ele era um dos tipos letrados mais preparados da sociedade. Os dois amadureceram o ideal de independência em relação às imposições das cortes e de Portugal. Ambos fizeram o vacilante Dom Pedro se encorajar e definir os acontecimentos de 1822.

Dom Pedro descarregava seu apetite sexual sobre inúmeras mulheres e muito decepcionou Leopoldina ao trazer Domitila de Castro (a Marquesa de Santos) para os círculos mais íntimos da família real. Por sua vez, Leopoldina era muito querida pela população, sobretudo pelos mais pobres, a quem vivia concedendo esmolas e outras caridades. A imperatriz ficou endividada por causa de suas benfeitorias. Não é por acaso que muitas comunidades, inclusive carnavalescas, prestam homenagens a ela.
Mais de uma vez a nossa Leopoldina foi humilhada em público por Dom Pedro. Em abril de 1819 nasceu Maria da Glória, a primeira filha do casal. Até 1825, Leopoldina daria à luz mais seis herdeiros (sendo o último o futuro Pedro II). A passagem do tempo foi pesada para Leopoldina, que se tornava muito debilitada. Em suas cartas aos parentes na Áustria lamentava o próprio destino. Morreu em dezembro de 1826... A casa da Marquesa de Santos foi apedrejada... Dom Pedro I foi alvo de severas críticas que contribuíram para a sua impopularidade de fins do primeiro reinado.

Um abraço,
Prof.Gilberto

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