sexta-feira, 25 de março de 2011

Sobre a Independência do Brasil - um antigo texto didático

Para hoje estou deixando este texto didático que elaborei há muito tempo... Estou retomando para traçar um paralelo com a leitura do 1822. É claro que ele tem algumas incorreções, e peca um pouco pelo "caráter engajado". Assim, D. Pedro aparece apenas como líder interesseiro; José Bonifácio sequer é citado, e os liberais portugueses (apenas) como representantes da antiga exploração colonial.
Segue o texto:


Todos sabemos que o dia 7 de setembro é feriado. Nesse dia comemora-se a Independência do Brasil. Oficialmente aconteceu a 7 de setembro de 1822. O acontecimento que marca a data é “o grito” de “Independência ou morte!” dado por D. Pedro I. É importante entendermos o que ocorreu naquela época para não acharmos que apenas um ato como o de “dar o grito” já tornou o Brasil independente.


Sabemos que D. João teve mesmo de retornar a Portugal após a Revolução do Porto. No Brasil ficou o seu filho, D. Pedro, como príncipe regente, já que o Brasil era reino unido a Portugal. O fato é que em Portugal muitos portugueses pretendiam forçar o retorno (também) de D. Pedro. Assim facilitariam a recolonização do Brasil.


Muitos ricos proprietários brasileiros não queriam que D. João retornasse para Portugal. Estavam muito satisfeitos com as várias transformações e conseguiam prosperar. Por isso, depois de 1821, esses ricos proprietários passaram a agradar a D. Pedro e querer que ele permanecesse por aqui. Em janeiro de 1822 coletaram oito mil assinaturas de pessoas favoráveis à sua autoridade.


Um ano antes (março de 1821) foram eleitos 72 representantes brasileiros que deveriam partir para Lisboa, onde discutiriam as leis que os portugueses queriam fazer o rei assinar. Como o Brasil era um reino unido a Portugal devia mandar representantes para ajudar na elaboração das leis, só que menos de 50 viajaram.


Entre eles, Cipriano Barata e Antônio Carlos de Andrada, antigos revoltosos de 1817 em Pernambuco. Eles defendiam a independência do Brasil, mas perceberam claramente os interesses de recolonização dos portugueses.


Alguns jornais do Brasil defendiam a independência do Brasil. Entre eles podemos citar “A Malagueta”, “O Correio do Rio de Janeiro”, “O Espelho” e “O Conciliador do Rio de Janeiro”. As pessoas que defendiam essas idéias, em geral grandes proprietários e comerciantes, procuravam envolver o nome do príncipe regente com as propostas de separação.


Os representantes brasileiros retornaram da Portugal com a certeza de que o que os portugueses queriam mesmo era explorar novamente o Brasil. Perceberam isso através das leis que lá eram discutidas e aprovadas. As leis faziam, aos poucos, o Brasil voltar a fazer comércio apenas com a antiga metrópole. As leis enfraqueciam o poder do regente que ficou no Brasil. Transferiam tropas do Brasil para Portugal, garantindo que os mais fiéis a D. Pedro voltassem para a Europa. Entre os brasileiros mais exaltados estava Gonçalves Ledo (eu tinha umas antigas publicações maçônicas), que queria que o Brasil começasse a organizar uma lei separada da lei de Portugal. Ledo gostaria que o povo brasileiro pudesse escolher os seus representantes. Essa ideia não foi aceita, alguns setores foram contra. Porém, como o próprio D. Pedro tinha interesses de permanecer no Brasil, acabou proclamando a independência. Mas até que isso acontecesse muitas pressões foram feitas. Inúmeras cartas, exigindo a sua volta, eram enviadas de Portugal. Tropas portuguesas foram instaladas no litoral do Brasil para forçá-lo a retornar.


O “grito do Ipiranga” não significou a imediata independência. Em várias partes do Brasil as tropas fiéis ao governo português resolveram impedir a independência. Foram os brasileiros mais simples que tiveram de lutar para defender a liberdade. Isso aparece muito pouco nos livros. Na Bahia, por exemplo, um ano depois do “grito”, a população ainda lutava contra os que eram inimigos da independência. Infelizmente o “grito” não significou as transformações necessárias, que pudessem melhorar a vida da maioria dos brasileiros pobres.



Um abraço,
Prof.Gilberto

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