http://historianovest.blogspot.com/2010/08/os-miseraveis-do-seculo-xix-cotidiano-e.html (14/10/2010;16:50)
Gosto do texto porque ele é claro e possibilita conclusões e questionamentos sobre os aspectos daqueles bairros sem a mínima condição sanitária, as causas das doenças fatais e as relações entre as condições deploráveis apresentadas e a busca do lucro por parte dos donos de fábricas... Tem um conteúdo muito próximo do que foi apresentado ontem.
Ainda espero escrever sobre textos literários que podem ser estudados para uma melhor descrição da realidade operária daqueles tempos... Charles Dickens narra muito bem situações daquele contexto... O mesmo pode ser percebido em texto de Emile Zola, “O Germinal”, que se relaciona à temática de inícios da industrialização na França... A imagem acima é de filme sobre o livro. A imagem abaixo é de "Oliver Twist", texto de Dickens, filme de Polanski (2005).
A extrema exploração imposta ao proletariado gerou o que chamamos “Questão Social”. Os que criticavam essa realidade e apresentavam propostas para modificá-la ficaram conhecidos como socialistas... Mas isso é outra conversa.
Seguem os fragmentos:
Report of the Poor Law Commissioners – 1832
A condição sanitária das cidades industriais no Relatório dos Comissários da Lei dos Pobres
“Todas as epidemias e doenças infecciosas resultaram em aumento dos índices de pobreza. Os trabalhadores, com as doenças infecciosas, são jogados na miséria e necessitam de auxílio imediato. Em caso de morte, viúvas e crianças são transformados em pobres da comunidade.
As investigações a respeito da causa da pobreza e das epidemias revelaram as condições assustadoras em que elas surgem.
No centro das ruas sempre existe um esgoto onde são jogadas cascas de batata, restos de carnes e vegetais, onde ficam apodrecendo nas águas servidas estagnadas. Nos porões e cozinhas dessas casas escuras e úmidas vivem inúmeras famílias e nelas sempre existem doentes de febre.
Esses lugares negligenciados estão fora das vistas e não se pensa neles; suas condições são só conhecidas pelos funcionários públicos e pelos médicos cujos deveres os obrigam a visitar seus habitantes para ajudá-los a tratar os doentes. Este é um trabalho perigoso. Tal é o estado de sujeira e amontoamento das casas e a condição pestilenta da localização dos mesmas, pela total falta de drenagem e quantidade de lixo acumulado que muitos funcionários morreram no ano passado ao cumprirem o seu dever.
No entanto, nestes lugares pestilentos os pobres trabalhadores são obrigados a viver; eles não têm escolha; eles têm de morar em qualquer casa que esteja próxima ao emprego.”
Um abraço,
Prof.Gilberto
